São Francisco processa Coca-Cola, Nestlé e outras gigantes por crise de saúde ligada a ultraprocessados

Ação cita dez empresas e acusa fabricantes de alimentos ultraprocessados de contribuírem para doenças como diabetes tipo 2, esteatose hepática e câncer

São Francisco processa Coca-Cola, Nestlé e outras gigantes por crise de saúde ligada a ultraprocessados
Natalia Shabasheva via Getty e freepik.com

Associated Press 2 minutos de leitura

A cidade de São Francisco entrou com uma ação judicial contra alguns dos maiores fabricantes de alimentos do país na última semana, argumentando que os alimentos ultraprocessados ​​de empresas como Coca-Cola e Nestlé são responsáveis ​​por uma crise de saúde pública.

O procurador municipal David Chiu citou 10 empresas no processo, incluindo os fabricantes de alimentos populares como biscoitos Oreo, Sour Patch Kids, Kit Kat, Cheerios e Lunchables.

O processo argumenta que os alimentos ultraprocessados ​​estão ligados a doenças como diabetes tipo 2, esteatose hepática e câncer.

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"Eles pegaram os alimentos e os tornaram irreconhecíveis e prejudiciais ao corpo humano", disse Chiu em um comunicado à imprensa. "Essas empresas criaram uma crise de saúde pública, lucraram muito e agora precisam assumir a responsabilidade pelos danos que causaram."

QUAL É A RECEITA?

Alimentos ultraprocessados ​​incluem doces, salgadinhos, carnes processadas, refrigerantes, bebidas energéticas, cereais matinais e outros alimentos projetados para “estimular desejos e incentivar o consumo excessivo”, afirmou o gabinete do procurador municipal em um comunicado.

Tais alimentos são “formulações de ingredientes baratos, muitas vezes manipulados quimicamente, com pouco ou nenhum alimento integral adicionado”, escreveu ele no processo.

As outras empresas citadas no processo são PepsiCo; Kraft Heinz Company; Post Holdings; Mondelez International; General Mills; Kellogg; Mars Incorporated; e ConAgra Brands.

Nenhuma das empresas citadas no processo respondeu imediatamente aos pedidos de comentários enviados por e-mail pela reportagem.

O Secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., tem se manifestado veementemente sobre o impacto negativo dos alimentos ultraprocessados ​​e sua ligação com doenças crônicas, tendo-os como alvo em sua campanha “Make America Healthy Again” (Tornar a América Saudável Novamente). Kennedy pressionou para que esses alimentos fossem banidos do Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP) para famílias de baixa renda.

O DESASTRE DOS ULTRAPROCESSADOS NO CARDÁPIO

Um relatório de agosto dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA constatou que a maioria dos americanos obtém mais da metade de suas calorias de alimentos ultraprocessados.

Em outubro, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, sancionou uma lei pioneira no país para eliminar gradualmente certos alimentos ultraprocessados ​​das refeições escolares na próxima década.

O processo judicial de São Francisco cita diversos estudos científicos sobre o impacto negativo dos alimentos ultraprocessados ​​na saúde humana.

“Pesquisas crescentes agora associam esses produtos a doenças graves, incluindo diabetes tipo 2, esteatose hepática, doenças cardíacas, câncer colorretal e até depressão em idades mais jovens”, disse a professora Kim Newell-Green, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, em um comunicado à imprensa.

O processo argumenta que, ao produzir e promover alimentos ultraprocessados, as empresas violam a Lei de Concorrência Desleal da Califórnia e a lei de perturbação da ordem pública.

MARKETING ENGANOSO

A ação busca uma ordem judicial que impeça as empresas de praticarem “marketing enganoso” e as obrigue a tomar medidas como a educação do consumidor sobre os riscos à saúde dos alimentos ultraprocessados ​​e a limitação da publicidade e do marketing desses alimentos para crianças.

O projeto de lei também solicita sanções financeiras para ajudar os governos locais a arcar com os custos de saúde causados ​​pelo consumo de alimentos ultraprocessados. (Jaimie Ding, Associated Press)


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