Stefanini arruma a casa e prepara aceleração dos negócios em 2026

Em 2025, a empresa priorizou ajustes estratégicos, mudanças na liderança e uma nova campanha internacional para sustentar a próxima fase de crescimento

Stefanini arruma a casa e prepara aceleração dos negócios em 2026
Stefanini (divulgação)

Paula Pacheco 5 minutos de leitura

Sem rodeio, Marco Stefanini não disfarça a frustração ao falar durante um almoço com jornalistas, na última quinta-feira (11), sobre a expectativa de resultados da sua empresa em 2025. O crescimento da receita da Stefanini deve ficar entre 4% e 5% acima do da cifra atingida em 2024, se mantendo na média do mercado.

Depois de um ciclo intenso de aquisições e expansão internacional, o Grupo Stefanini passou por um modo de reorganização em 2025, com ajustes internos, consolidação de ativos e o redesenho da estratégia para sustentar a próxima etapa de crescimento, prevista a partir de 2026.

“Tem hora que é preciso gastar energia interna para se preparar para novos ciclos”, resume o empresário, fundador e CEO global do Grupo Stefanini.

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NOVA CONFIGURAÇÃO

A consultoria tech está presente em 46 países e, neste ano, decidiu reestruturar o portfólio em sete unidades de negócios — Technology, Cyber, Data & Analytics, Financial Tech, Operations, Marketing & Commerce e Manufacturing.

O objetivo com a simplificação de portfólio, segundo seu fundador, é integrar estratégia, tecnologia e inteligência artificial de forma transversal em todos os segmentos de atuação.

Apesar de IA ser o tema de tantos projetos negociados pela companhia, Stefanini considera que não faz sentido dedicar uma frente específica, mas incluir a área de conhecimento em todos os segmentos em que atua. Tanto que hoje, graças ao desenvolvimento de uma plataforma colaborativa própria, disponível aos funcionários de todas as áreas, a companhia conta com cerca de 12 mil prompts próprios distribuídos por todas as verticais. “Para nós, é IA First, usada como uma grande aceleradora das demais verticais”, explica o empresário.

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CAMPANHA GLOBAL PARA A NOVA FASE

A nova estratégia, com suas unidades de negócios, entrou na decisão de levar adiante um plano de comunicação global da companhia, que teve à frente Guilherme Stefanini, de 34 anos, filho de Marco, que ocupa os cargos de CEO da Stefanini Marketing e CMO da Stefanini Group. “Imagine. We make it all”, slogan da campanha, busca enterrar definitivamente a imagem de uma empresa de serviços e partir para o crescimento da carteira de clientes como uma consultoria e provedora de soluções com experiência para desenvolver projetos em áreas como mineração, finanças, siderurgia e aviação.

A área de negócios encabeçada por Guilherme é um exemplo de como a IA tem um papo importante. Uma de suas campanhas, desenvolvida pela W3haus, agência cocriativa do Grupo Stefanini, desenvolvida para a Getnet, foi feita 100% com inteligência artificial e gerou 15,3% mais acessos ao site.

LATAM PASSA A CONTAR COM O BRASIL

Além da nova comunicação, conduzida por Guilherme, o grupo tem outro Stefanini à frente de uma área também muito importante – a Latam, que agora incorpora os negócios do mercado brasileiro. Rodrigo, de 30 anos, outro filho de Marco, que se dividia entre Santiago (Chile) e São Paulo, passa a responder pela divisão, agora mais robusta.

Rodrigo esteve à frente de um dos cases mais recentes da Stefanini. Uma das maiores companhias aéreas do mundo contratou o grupo para o desenvolvimento de produtos digitais - plataforma web e aplicativo mobile - para a melhoria operacional e experiência do passageiro no manuseio de bagagem. A solução possibilitou aos passageiros a possibilidade de acompanhar em tempo real a ocorrência de incidentes, como extravio ou danos, e facilitar o processo operacional interno de cada aeroporto para a recuperação de malas.

Segundo dados da Stefanini, atualmente já são notificados 50% dos passageiros afetados por um atraso e bagagem de forma proativa por meio do WhatsApp. Além disso, 90% dos pedidos de bagagem por atraso já são encerrados em 48 horas. Com a solução, a companhia aérea conseguiu entregar uma redução em 47% na taxa de desconexão de bagagem.

ESTILO LOW-PROFILE

Rodrigo não esconde ter uma forma de trabalhar mais coletiva e o gosto por estar perto do time. Esta foi uma das razões para que sua nova função quase passasse despercebida no meio do rearranjo de outros executivos do alto-escalão. Até agora, ele liderava os negócios da Stefanini nos países de língua espanhola, em que se destacam Colômbia, Chile e Argentina. Ele passa a ter sob sua gestão outras três empresas do grupo.

Entre os desafios estará a busca por sinergias na região, a começar por soluções práticas, como o aprendizado de espanhol e de português pelos profissionais que são pontos focais nas relações do dia a dia, o que deve impulsionar as sinergias. A inclusão do Brasil - maior mercado regional - na rotina fará com que Rodrigo viaje menos. "Continuarei viajando muito, mas provavelmente vou acumular menos milhas", brinca o CEO.

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Assim como o pai, Rodrigo destaca que a empresa "não é de revolução, mas de evolução". Por isso, o CEO não quer saber de atropelos na nova fase da sua área. Quer começar mapeando e fazendo um intercâmbio entre as melhores práticas de Latam e Brasil, e internacionalizando as melhores experiências de seus clientes. "Também é importante o fato de abrirmos para muito mais pessoas a oportunidade de carreira internacional", cita.

O PESO DO RG

Mas como lidar com a nova função sendo um Stefanini? Rodrigo acredita, nas suas palavras, que seja "uma faca de dois gumes". "Tem um lado em que o sobrenome abre mais portas, ou, por ser da família, consegue resolver algumas questões e tomar decisões mais rapidamente. Mas é verdade que tem algumas pessoas que poderão dizer que 'está ali porque é o filho do dono. Isso acontece, mas não posso controlar o que as pessoas pensam", avisa. Mas, no fundo, ele diz que prefere não ficar pensando se é ou não um Stefanini.

Para os que têm dúvidas, o CEO lembra que nos quatro anos em que ficou no Chile a Stefanini cresceu nove vezes. Na Argentina, a empresa obteve em 2024 o melhor resultado dos últimos cinco anos.

"Costumo brincar com a equipe que o meu trabalho é deixar a vida deles mais fácil. Não acredito em heróis, acredito em times. Meu trabalho vai ser eliminar alguns desafios para deixar o meu time solto para cumprir os objetivos", avisa Rodrigo.


SOBRE A AUTORA

Paula Pacheco é jornalista old school, mas com um pé nos novos temas que afetam, além do bolso, a sociedade, como a saúde do planeta. saiba mais