TikTok debate o preço do loiro de salão de beleza e a volta da “morena da recessão”

Raiz escura dos cabelos, exibida na rede social, traduzida como "recessão castanha", reflete o peso que um retoque na cor pode ter no orçamento em tempos de preços nas alturas

efeitos do momento difícil da economia americana chegam aos salões de beleza e ao retoque da raiz do cabelo
Estradaanton via Getty Images

Eve Upton-Clark 2 minutos de leitura

Não é só no Brasil que o aumento de preços e a pressão sobre a inflação tem apavorado as pessoas. Nos Estados Unidos, a inflação tem mudado uma série de hábitos - e não é só no consumo de ovos. Quem vive no país deve notar que as loiras estão voltando à cor natural do cabelo.

Por mais que muitos tentem alegar que é por causa de uma "jornada de saúde capilar", outros fatores parecem estar em jogo aqui.

"Como está a economia?", pergunta um usuário do TikTok em um vídeo viral. "Bem, não está boa há um tempo, parece que meus indicadores me dizem", diz a ex-loira, medindo os centímetros de suas raízes com os dedos.

"ISSO É TÃO PRECISO", respondeu um dos seguidores.

RAIZ ESCURA E A RELAÇÃO COM AS FINANÇAS

Não é preciso ser especialista para entender que comprimento da raiz sempre foi uma maneira bastante sólida de saber como as pessoas estão se saindo financeiramente. "Lembra quando a balayage (técnica de coloração capilar que cria mechas com um efeito natural) se tornou realmente popular em 2009?", perguntou uma pessoa nos comentários.

Durante a recessão de 2007 a 2009, as celebridades loiras estavam abraçando suas raízes mais escuras, uma tendência que refletia a crise econômica. Agora, em 2025, estamos vendo a mesma coisa acontecendo novamente.

BELEZA E BEM-ESTAR 'COMEM' ORÇAMENTO

Um em cada seis americanos admite gastar mais em beleza e bem-estar do que pode pagar. Quem já pintou o cabelo em um salão de beleza sabe o quão cara é a manutenção.

Então, quando o orçamento fica mais comprometido, as visitas caras ao salão são as primeiras a serem cortadas.

Com alguns cabeleireiros entrevistados em um artigo recente do Washington Post cobrando pelo menos US$ 100 por hora por cortes, coloração, descoloração e balayage, ser loira é um luxo que nem todos podem pagar. De repente, raízes crescidas se tornaram a tendência mais quente — e um indicador econômico de destaque.

MORENA DA RECESSÃO

"Quando alguém diz que gosta mais da minha cor natural de cabelo e eu concordo, quando na realidade não posso mais me dar ao luxo de manter o loiro, e esta é a minha era de recessão morena", diz um post do TikTok com 2,3 milhões de visualizações. "A morena da recessão está de volta", declarou outro usuário do TikTok.

O Wall Street Journal relatou que "cor viva", referindo-se a luzes parciais ou balayage, foi a tendência do ano passado entre os cabeleireiros.

Não muito diferente do “efeito batom” — o fenômeno, durante uma crise econômica, de consumidores continuarem gastando em pequenos itens de luxo, como batom — a “cor vivida” e a “morena da recessão” podem ser os mais recentes indicadores de estilo de uma economia em crise.

Resumindo: se as loiras realmente se divertem mais, hoje em dia é justo presumir que elas também têm mais dinheiro.


SOBRE A AUTORA

Eve Upton-Clark é jornalista especializada em cultura digital e sociedade. saiba mais