Você é da Geração Z? O que fazer desde já para não se preocupar com a aposentadoria

Muitos jovens preferem deixar para depois a hora de começar a planejar a vida financeira e guardar dinheiro; assim, ficam cada vez mais distantes do objetivo de garantir uma aposentadoria tranquila no futuro

Você é da Geração Z? O que fazer desde já para não se preocupar com a aposentadoria
FG Trade via Getty Images

Márcia Rodrigues 4 minutos de leitura

Em qual idade a gente precisa começar a pensar na aposentadoria? A resposta é direta: quanto mais cedo melhor. Por isso, se você é da Geração Z e acha que ainda tem tempo para planejar sua vida financeira para garantir uma aposentadoria mais tranquila no futuro, quatro especialistas apontam caminhos práticos para quem nasceu entre 1995 e 2010 e já quer pensar no longo prazo.

O QUE INFLUENCIA NO VALOR

O valor final que você terá ao se aposentar depende de alguns fatores, como o tipo de investimento que você escolher, a rentabilidade que ele gera e o tempo que você deixa seu dinheiro aplicado, segundo João Kepler, CEO da Equity Group. “Alguns investimentos têm maior potencial de retorno, como ações ou fundos de investimento, enquanto outros, como a poupança ou a renda fixa, têm retornos mais conservadores.”

TEMPO É O MAIOR PATRIMÔNIO DA GERAÇÃO Z

Kepler, no entanto, ressalta que a chave é começar cedo e escolher um investimento que combine com seu perfil e seus objetivos. “Quanto mais tempo o dinheiro ficar investido, mais ele terá para crescer, aproveitando o poder dos juros compostos. A recomendação é investir de forma regular e manter disciplina para que seu patrimônio cresça ao longo dos anos.”

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Henrique Soares, planejador financeiro CFP pela Planejar, reforça que o tempo é o ativo mais poderoso que existe. “Quanto antes começar, menor será o esforço financeiro necessário para garantir uma aposentadoria tranquila.”

Para Andressa Siqueira, CFP pela Planejar, existe ainda outro ponto: o INSS tende a ser cada vez menos sustentável. “A pirâmide etária brasileira está se invertendo. Depender só do INSS no futuro é arriscado. Começar cedo garante liberdade e independência, sem depender do governo ou da família.”

JUROS COMPOSTOS: O EFEITO BOLA DE NEVE

Os quatro especialistas são unânimes: o segredo está em deixar o tempo trabalhar a seu favor.

CEO da Referência Capital, Pedro Ros compara os juros compostos a uma bola de neve: “Não só você recebe juros sobre o valor investido, mas também sobre os juros que foram acumulados ao longo do tempo. O retorno cresce exponencialmente à medida que os anos passam.”

Ele faz uma simulação: se você começar a investir R$ 500 por mês aos 30 anos, com uma taxa de retorno de 8% ao ano, ao se aposentar aos 60, você teria acumulado aproximadamente R$ 529 mil. “Claro que isso é uma simulação simples. Os números podem variar dependendo das condições do mercado e dos seus aportes. O importante é começar o quanto antes e manter a consistência.”

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Soares dá outro exemplo prático: quem investir R$ 200 por mês dos 20 aos 60 anos, com uma rentabilidade média de 10% ao ano, pode acumular mais de R$ 1,1 milhão, sendo que apenas R$ 96 mil saíram do bolso, e todo o restante veio dos juros.

Ele faz mais uma simulação: supondo que alguém invista R$ 500 por mês, dos 30 aos 65 anos (35 anos), com rendimento médio de 0,7% ao mês (aproximadamente 9% ao ano líquido), o valor acumulado seria de cerca de R$ 1,26 milhão ao final do período.

“Agora, se começasse aos 20 anos com os mesmos R$ 500, esse valor passaria de R$ 3 milhões. É o mesmo valor mensal, mas com o tempo fazendo uma grande diferença no final”, comenta Soares.

Andressa também traz números: investir R$ 500 por mês durante 30 anos, com retorno real de 10% ao ano, pode gerar cerca de R$ 1,028 milhão, suficiente para garantir uma renda de aproximadamente R$ 8.200 mensais. “Se começar tarde, o esforço é muito maior: aos 50 anos, seria preciso investir mais de R$ 5.200 por mês para chegar ao mesmo valor.”

PRIMEIROS PASSOS PARA ORGANIZAR AS FINANÇAS

Soares sugere dar os primeiros passos com disciplina: anotar e categorizar gastos, montar uma reserva de emergência entre três e seis meses das despesas, evitar dívidas ruins e investir mesmo que seja apenas R$ 50 por mês.

“Entender o fluxo de caixa é o ponto de partida. Depois, construa a reserva de emergência e automatize aportes, mesmo que sejam pequenos”, complementa Ros.

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Já Kepler recomenda iniciar com investimentos simples, como fundos de renda fixa, e evoluir gradualmente para outras opções.

Para Andressa, além do controle de entradas e saídas, é essencial proteger o padrão de vida com seguros de vida e invalidez e alinhar investimentos a objetivos de curto, médio e longo prazo.

GEN Z E AS ALTERNATIVAS

A previdência tradicional não deve ser o único pilar. Entenda melhor quais são as opções.

- PREVIDÊNCIA PRIVADA: segundo Ros, PGBL e VGBL são alternativas interessantes, especialmente para quem quer benefícios fiscais e disciplina de longo prazo.

- TESOURO RENDA+ E TESOURO IPCA: para Soares, esses títulos são boas opções para renda futura atrelada à inflação.

- CARTEIRA DIVERSIFICADA: Andressa sugere combinar renda fixa, renda variável e ativos internacionais.

- ETFs e fundos multimercado: Kepler e Soares destacam essas modalidades para diversificação a baixo custo.

COMO VOCÊ PODE COMEÇAR

Pequenas atitudes criam consistência no longo prazo:

- Automatizar aportes mensais;

- Usar aplicativos de controle financeiro;

- Revisar metas anualmente; e

- Manter constância, mesmo com valores baixos.

ERROS QUE A GERAÇÃO Z DEVE EVITAR

Entre os erros mais comuns apontados pelos especialistas estão:

- Adiar o início dos investimentos;

- Confiar apenas no INSS;

- Não diversificar a carteira;

- Gastar tudo ou poupar de forma insustentável; e

- Sacar investimentos antes da hora e buscar retornos imediatos.


SOBRE A AUTORA

Márcia Rodrigues é jornalista especializada em economia e empreendedorismo. Vegetariana e apaixonada pela defesa de causas sociais, am... saiba mais