6 em cada 10 funcionários não se dão ao trabalho de ler comunicados da empresa
Pesquisa revela setores de maior engajamento com a comunicação interna, com as ONGs na dianteira
Todas as empresas têm muito o que dizer a seus funcionários. O que não significa que eles estão prestando atenção e se engajando com a comunicação interna criada por elas. Os setores financeiro, varejo e educação, apesar da alta frequência de envios, têm taxas de visualização – portanto, de engajamento – bem abaixo da média geral, segundo pesquisa da Comunica.in.
“Esses dados mostram que, mesmo tendo muito a dizer, é preciso buscar compreender melhor a base para chegar de forma mais efetiva até as pessoas", afirma Felipe Hotz, CEO e cofundador da Comunica.in, plataforma que atua na gestão, mensuração e automação da comunicação interna.
O WhatsApp ocupa o primeiro lugar entre os canais com maior taxa de visualização de comunicados.
Essa realidade é mostrada no Trend Report C.I, primeiro relatório sobre tendências de comunicação interna produzido a partir de informações coletadas da base de dados da empresa. O estudo analisou o comportamento de mais de 270 mil colaboradores impactados por mais de 34 milhões de envios pela plataforma, em 13 segmentos de atuação.
O relatório verificou que as ONGs têm alto engajamento com suas comunicações, com uma taxa de visualização de comunicados de 74,5%. "Isso pode se dar por esse segmento ter a menor base de colaboradores registrada e uma boa frequência de envios", afirma Hotz.
MAIOR E MENOR ENGAJAMENTO
A indústria – que conta com uma das maiores bases de colaboradores – é o setor mais equilibrado, com frequência de envios abaixo da média, mas com taxa de visualização acima da média. Ainda assim, o setor apresenta um desafio particular: o de chegar na camada operacional de forma consistente e mensurável. Chegar aos trabalhadores que estão na linha de produção, por exemplo, é um desafio.
"Muitos dos que estão no chamado 'chão da fábrica' não têm acesso ao email corporativo e o uso do celular é limitado. Algumas empresas optaram por fazer essa comunicação pelo WhatsApp, além de centralizar tudo no aplicativo, para que essas pessoas possam acessar as informações entre os turnos, na saída ou nos horários de descanso", conta Hotz.
O setor de serviços é o que apresenta maior aderência à comunicação interna, emitindo, em média, 500 comunicados por mês, para uma base de aproximadamente 60 mil colaboradores cadastrados na plataforma, com taxa de abertura de 51,6%.
Já o setor com menor engajamento é o imobiliário, com 23,7%, seguido por saúde, com 34,2%. A hipótese é de que isso aconteça pela baixa frequência de envios e por outras variáveis comportamentais do público.
DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO INTERNA
Partindo para uma análise geral de todos os setores ativos na plataforma, os dados apontam que apenas 4 a cada 10 colaboradores visualizam as comunicações enviadas pela empresa, com taxa média de visualização de 42%.
O engajamento ainda está aquém do esperado para impactar na potencialização de estratégias e no impulsionamento dos negócios.
Para o setor industrial, chegar aos trabalhadores que estão na linha de produção é um desafio.
"Essa pode ser uma informação assustadora logo de início, mas também pode ser encarada como uma oportunidade. O primeiro passo para tornar algo melhor é identificar os problemas e atuar nas resoluções", afirma o CEO da Comunica.In.
Segundo o executivo, o grande desafio da comunicação interna é fazer um movimento estratégico no sentido de conhecer as dores do público e trabalhar conteúdo, frequência e canais a partir dessa necessidade real e personalizada de cada empresa.
"Muitas não investem na tecnologia como aliada nesse processo e acabam perdendo aderência, chances de otimização de conteúdos e organização, coisas que só travam ainda mais o fluxo da comunicação interna", alerta Hotz.
WHATSAPP NA COMUNICAÇÃO INTERNA
Outra descoberta interessante do estudo é o uso do WhatsApp na comunicação interna. O app ocupa o primeiro lugar entre os canais com maior taxa de visualização de comunicados, representando mais da metade (55,5%) do total. Também estão na lista e-mails corporativos (45,6%), aplicativos internos (11%) e a plataforma Teams (9,3%).
Segundo o levantamento, isso se deve porque, mesmo que o e-mail ainda seja o canal de comunicação mais utilizado, existem colaboradores que trabalham em frentes de loja ou na linha de produção e que não têm acesso a computadores ou contas corporativas, mas que têm celular com WhatsApp, Slack ou outros serviços de mensagem instantânea.
Hotz aponta que é fundamental que cada empresa saiba o público com o qual está lidando para direcionar suas mensagens de forma assertiva. Em indústria e varejo, por exemplo, o WhatsApp tem maior eficiência de visualização devido aos perfis de utilização dos canais.
Além disso, a personalização e a forma de comunicar estão estritamente atreladas ao sucesso da comunicação interna, gerando identificação com a empresa e afetando as taxas de interesse", completa Hotz.