Airbnb remove milhares de contas por comentários racistas

Há tempos a plataforma vem recebendo reclamações sobre racismo e discriminação por parte de anfitriões em várias partes do mundo

Crédito: Freepik

Jessica Bursztynsky 2 minutos de leitura

O Airbnb removeu quase quatro mil contas este ano por violação de sua política de não discriminação – menos do que no ano passado, quando esse número chegou a 5,1 mil.

Cerca de 1,2 milhão de usuários também foram removidos ou tiveram o acesso negado desde junho de 2020 por violar a regra de não discriminação, que define que as pessoas se tratem com respeito, sem julgamento ou preconceito dentro da plataforma.

Por outro lado, mais de 1,3 milhão se recusaram a aceitar essa política entre 2016 e meados de 2020 – lembrando que o Airbnb tem mais de 4 milhões de anfitriões em todo o mundo.

Em 2020, o Airbnb lançou o Projeto Lighthouse, uma iniciativa para melhorar a experiência de pessoas não brancas na plataforma.

Há um bom tempo a plataforma tem recebido reclamações sobre atitudes racistas e discriminatórias por parte de anfitriões. Em 2016, a empresa se comprometeu a fazer uma série de mudanças no produto e nas políticas adotadas de modo a reforçar a inclusão, começando pelas regras de não discriminação.

Em 2020, o Airbnb lançou o Projeto Lighthouse, uma iniciativa para melhorar a experiência de pessoas não brancas na plataforma. O projeto começou focando na taxa de sucesso do agendamento, que é a proporção de usuários de diversos grupos raciais que conseguem finalizar o processo de locação com sucesso. Um levantamento mostrou que menos de 1% de anfitriões e usuários não quiseram participar da iniciativa.

Em 2021, o grupo de locatários considerados brancos registrou taxa de sucesso de 94,1% na reserva de hospedagem; no de pessoas negras, foi 91,4%. A plataforma afirma que vem investindo na ferramenta de reserva para ajudar a combater essa disparidade. Como esse tipo de reserva não requer revisão prévia por parte do anfitrião, “elas são mais objetivas”, segundo a companhia.

AVALIAÇÕES INFLUENCIAM RESERVAS

Para tornar essa funcionalidade mais inclusiva, foram feitas alterações na lista de opções, de modo a permitir que os anfitriões verificados disponibilizem o agendamento instantâneo mesmo que ainda não contem com avaliações. A expectativa é de que, devido à mudança, pelo menos cinco milhões de usuários a mais poderão usar essa funcionalidade.

A empresa diz estar trabalhando para aumentar a confiança entre anfitriões e hóspedes no processo de reserva.

Segundo a empresa, hóspedes que foram avaliados têm uma taxa de sucesso em reservas maior do que os que não foram. Mas hóspedes considerados negros ou latinos recebem menos avaliações do que brancos ou asiáticos.

O Airbnb diz que está implementando mudanças que tornarão mais fácil que todos os hóspedes recebam avaliações pós-viagem, o que, espera-se, terá impacto positivo para os usuários negros e latinos.

Em 2018, a companhia fez alterações na plataforma de modo a permitir que os anfitriões pudessem checar o perfil dos hóspedes antes de aceitar a reserva. Além de a taxa de sucesso para hóspedes negros e latinos ter aumentado muito discretamente depois disso, a mudança não parece ter gerado impacto significativo para outros grupos étnicos.

“Estamos trabalhando para entender melhor como aumentar a confiança entre anfitriões e hóspedes no processo de reserva de acomodações”, disse a empresa em comunicado. Isso inclui estudar mudanças nos perfis para destacar informações que possam incentivar uma melhor conexão entre as partes.


SOBRE A AUTORA

Jessica Bursztynsky é redatora da Fast Company e cobre economia gig e outras empresas de internet de consumo. saiba mais