Altos salários, baixa performance: os CEOs mais superestimados de 2023
A maioria dos CEOs das empresas do ranking S&P 500 recebeu aumento de pelo menos 9% e alguns ganharam milhões, apesar do desempenho ruim
Quando se trata de salários de CEOs, ninguém superou Hock Tan, da Broadcom, no ano passado. Um novo estudo do “The Wall Street Journal” classifica Tan (que recebeu US$ 161,74 milhões) como o mais bem pago entre as empresas do ranking S&P 500.
Embora existam argumentos válidos sobre a remuneração excessivamente alta de executivos e a crescente disparidade salarial entre eles e seus funcionários, é fácil entender por que Tan recebeu toda essa quantia.
No ano passado, as ações da Broadcom (que produz softwares, semicondutores e soluções de segurança digital) mais que dobraram de valor. Mas e quanto às empresas cujas ações caíram? Seus executivos ainda estão sendo bem remunerados?
Em alguns casos, sim. O “The Wall Street Journal” também comparou os salários dos CEOs com o lucro total dos acionistas em 2023. Jensen Huang, da Nvidia, por exemplo, recebeu cerca de US$ 34 milhões enquanto as ações da empresa subiram 215%. Will Lansing, da Fair Isaac, ganhou mais de US$ 66 milhões e a empresa teve um crescimento de 111%.
Mas mesmo nas empresas do S&P com os piores desempenhos, algumas remunerações ainda eram altas, com três CEOs recebendo US$ 15 milhões ou mais, apesar das grandes perdas.
A Enphase Energy, por exemplo, teve um retorno de -50,1% no ano passado, mas seu CEO, Badrinarayanan Kothandaraman, recebeu US$ 19,52 milhões. A maior parte (cerca de US$ 18,8 milhões) foi em ações, algo comum entre os executivos mais bem pagos de empresas com pior desempenho.
Isso dá a eles um forte incentivo para melhorar a performance da empresa. Se conseguirem, as ações se tornam muito mais valiosas. Caso contrário, estarão prejudicando seu próprio patrimônio líquido.
Mark Douglas, CEO da FMC, que teve um retorno de -48% no ano passado, recebeu US$ 9,63 milhões, dos quais US$ 7,22 milhões foram em ações.
DISPARIDADE DE SALÁRIOS
As gigantes da saúde Pfizer e Moderna também entraram na lista de empresas com pior desempenho que mantiveram a alta remuneração de seus CEOs. No caso delas, isso se deu devido à queda na demanda por vacinas contra a Covid-19, que resultou em perdas financeiras e desempenho geral mais fraco.
O CEO da Moderna (que teve uma queda de 41,2% em receita), Stephane Bancel, por exemplo, recebeu US$ 17,07 milhões. Mas o valor de suas ações e opções (inicialmente avaliado em US$ 12,5 milhões) caiu para US$ 7,3 milhões até o final do ano.
Albert Bourla, da Pfizer, por sua vez, recebeu um total de US$ 21,57 milhões, mas esse valor poderia ter sido maior. A farmacêutica optou por não dar bônus aos seus executivos no ano passado, devido à queda no desempenho financeiro.
mesmo nas empresas do ranking S&P 500 com os piores desempenhos, algumas remunerações ainda eram altas.
Chad Richison, CEO da Paycom Software, foi o único na lista de piores desempenhos cuja remuneração não foi baseada em ações. Enquanto a empresa teve um retorno de -33,1% no ano passado, ele embolsou mais de US$ 3 milhões.
Os altos salários dos executivos têm chamado cada vez mais atenção à medida que a disparidade salarial entre CEOs e funcionários da base aumenta. Um líder forte pode guiar uma empresa durante períodos difíceis e levá-la a novos patamares. Mas, muitas vezes, sua remuneração é proporcionalmente muito alta quando comparada com o que o trabalhador médio ganha.
A maioria dos executivos das empresas do S&P 500 recebeu aumento anual de pelo menos 9%, segundo o “The Wall Street Journal”. Quase um quarto deles viu sua remuneração subir 25% ou mais, enquanto os funcionários comuns nos EUA viram seus salários aumentarem 4,4% – o maior aumento anual desde 2001, de acordo com o The Conference Board.