Antes a favor do banimento, agora Trump quer “salvar” o TikTok

Esse posicionamento está muito distante de sua postura há quatro anos, quando ele assinou uma ordem executiva para banir o TikTok nos EUA.

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Henry Chandonnet 3 minutos de leitura

O ex-presidente Donald Trump diz que quer "salvar o TikTok." Apenas quatro anos atrás, ele queria bani-lo. Em sua rede Truth Social, Trump se apresenta como o cavaleiro defensor do TikTok, pronto para salvar o aplicativo dos democratas que gostariam de derrubá-lo.

Esse posicionamento está muito distante de sua postura há quatro anos, quando ele assinou uma ordem executiva para banir o TikTok nos EUA, citando preocupações de segurança nacional. Então, o que aconteceu?

Durante sua presidência, Trump foi um firme defensor da proibição do TikTok. Citando ameaças à segurança nacional vindas de aplicativos de propriedade chinesa, ele assinou uma ordem executiva, em agosto de 2020, exigindo a venda ou encerramento da rede social (cuja dona é a ByteDance) e do WeChat (da Tencent), dentro de 45 dias após sua assinatura.

O então presidente nem mesmo permitiu a venda do TikTok para uma empresa dos EUA, preferindo proibir completamente o aplicativo. Dias antes da ordem executiva, a ByteDance estava em negociações com a Microsoft para vender o TikTok. Falando à imprensa, Trump deixou clara sua posição: "não somos um país de fusões e aquisições".

Nos meses seguintes, a questão da venda do TikTok passou por diferentes compradores em potencial e ordens judiciais. A Oracle estava em negociações para uma aquisição. Embora uma venda completa nunca tenha ocorrido, o TikTok mais tarde armazenaria todo o tráfego de usuários dos EUA na Oracle Cloud.

Por conta de uma série de batalhas judiciais, Trump adiou a proibição do TikTok várias vezes, até que deixou o cargo, sobrando para seu sucessor, Joe Biden revogar a proibição.

TRUMP, O APOIADOR DO TIKTOK

Sob a presidência de Biden, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Proteção dos Americanos contra Aplicativos Controlados por Adversários Estrangeiros. A lei tinha muitos dos mesmos princípios que a ordem executiva de Trump: a ByteDance teria que vender o TikTok até 2025, ou o aplicativo seria proibido no país.

Enquanto isso, o ex-presidente estava de olho em um novo grupo de eleitores: homens da geração Z, muitos dos quais são usuários ávidos do aplicativo.

À medida que a tramitação da proposta avançava, Trump mudou completamente seu discurso. Aparecendo no programa “Squawk Box” da rede CNBC, em março, ele argumentou que uma proibição do TikTok daria muito poder ao Facebook.

Em setembro, em um vídeo no Truth Social, ele disse aos eleitores: "para todos que querem salvar o TikTok na América, votem em Trump. O outro lado está fechando o TikTok, mas agora sou uma grande estrela no TikTok."

O agora candidato à presidência dos EUA ainda não abordou publicamente essa mudança de posicionamento. Olhando para suas posições políticas atuais, é como os meses de campanha anti-TikTok tivessem evaporado.

Conseguir que outros republicanos sigam sua linha, no entanto, provou ser um desafio: os deputados do partido na Câmara aprovaram a Lei de Proteção contra Aplicativos, enquanto o conservador Club for Growth tem pressionado os representantes republicanos a adotar uma postura pró-TikTok.

QUAL É O STATUS DO TIKTOK?

De acordo com a legislação aprovada na Câmara, a ByteDance precisa vender o TikTok até 19 de janeiro de 2025 para que o aplicativo continue suas operações nos EUA. Alguns players importantes consideraram uma aquisição, incluindo o bilionário Frank McCourt e o ex-secretário do Tesouro Steve Mnuchin.

Pesquisa aponta que apenas 32% dos adultos norte-americanos apoiam a proibição do TikTok.

Mas a ByteDance não quer jogar a toalha: a empresa contestou a lei no Tribunal de Apelações dos EUA em Washington D.C. Uma audiência está marcada para a semana que vem.

Quanto à opinião do público, a proibição do TikTok continua impopular. Segundo o Pew Research Center, apenas 32% dos adultos norte-americanos apoiam a proibição – uma queda acentuada em relação aos 50% de apoio em março de 2023.

Após quatro anos de atrasos e desafios, muitos se sentem desiludidos com a possibilidade de uma proibição: 50% acreditam que uma proibição é improvável, em comparação com apenas 31% que acreditam que é provável.


SOBRE O AUTOR

Henry Chandonnet é escritor e editor baseado em Nova York. Atualmente, trabalha como estagiário editorial na Fast Company, onde cobre ... saiba mais