Apenas 17% dos pais utilizam ferramentas para controlar o acesso das crianças à internet

A partir dos 10 anos as crianças passam a ser mais presentes na internet. É justamente nessa idade que os pais deixam de supervisioná-las

Crédito: Freepik

Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

As crianças brasileiras estão começando a ter acesso à internet cada vez mais cedo, o que gera diversos desafios parentais em relação à sua proteção.

Uma pesquisa da Nielsen encomendada pelo Google mostra que há mudança significativa no comportamento online das crianças a partir dos 10 anos, quando elas passam a ser mais presentes na internet. E é justamente nessa idade que os pais deixam de supervisioná-las.

O levantamento mostrou, por exemplo, que o monitoramento dos pais se reduz significativamente após os 13 anos, em todas as situações avaliadas. 

Em termos de comportamento, quando o assunto é o uso de redes sociais, é raro o envolvimento de crianças de até oito anos com essas plataformas, bem como com os aplicativos de mensagens. Mas isso muda drasticamente aos 13: 70% já incorporam essas ferramentas nas suas rotinas online.

A pesquisa aponta que oito em cada 10 crianças têm celular próprio. O uso de mais dispositivos costuma acontecer quando eles são um pouco mais velhos, isso no Sudeste e nas classes socioeconômicas mais altas.

As crianças acessam a internet em casa (98%). Só as mais velhas acessam em locais fora da residência. Cerca de um terço (34%) dos pequenos fica online de uma a duas horas por dia, enquanto os adolescentes (13 a 17 anos) ficam, em média, três horas por dia ou mais.

CONTROLE PARENTAL

Os pais compreendem a importância do monitoramento e reconhecem que não conseguem supervisionar seus filhos sempre, permitindo maior liberdade e autonomia às crianças. Mas o tópico cibersegurança revela oportunidades de evolução.

De acordo com os dados da pesquisa, a maioria das crianças já se deparou com algum tipo de problema de segurança online. Mas apenas 20% dos pais reconhecem a necessidade de aprimorar seus conhecimentos sobre o tema, o que pode indicar subnotificação de casos.

Com isso, a pesquisa indica que há espaço para aprimorar o nível de compreensão dos pais e responsáveis sobre segurança online e também para melhorar a percepção de que seus filhos deixam de relatar essas violações de segurança com frequência.

Compartilhamento de dados pessoais (32%), assédio online (28%) e golpes (16%) estão entre as principais preocupações dos pais, sendo que a questão do assédio é maior com as crianças mais jovens, enquanto a relacionada a golpes aumenta entre os pais de adolescentes.

Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Online - Crianças e Adolescentes/ Nielsen/ Google

A supervisão é mais presente no Norte e no Nordeste, bem como nas classes socioeconômicas mais baixas. Ainda assim, a maioria dos pais dizem não deixar os filhos acessarem a internet sem supervisão. Tablet (76%) e TV (71%) são os dispositivos mais monitorados de perto, enquanto o videogame é o dispositivo menos supervisionado (64%).

Segundo a pesquisa, apenas 17% dos pais utilizam ferramentas de controle parental. A maioria supervisiona monitorando a navegação ao vivo ou através do histórico.

"Os achados do estudo são impressionantes ao analisar os comportamentos de crianças e adolescentes, assim como a percepção dos pais", afirma Nathália Guimarães, especialista da área de measurement da Nielsen.

"Um aspecto particularmente intrigante é o fato de que 63% das estratégias de controle parental é implementada sem auxílio tecnológico, ou seja, é adotado um método mais 'manual', ao passo que as principais demandas dos pais estão em sintonia com as funcionalidades oferecidas pelos aplicativos de controle parental”.

Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Online - Crianças e Adolescentes/ Nielsen/ Google

O bloqueio de conteúdos (57%) e de sites (56%) é o método de controle parental mais utilizado, seguido do monitoramento da navegação ao vivo (49%) e por meio do histórico (43%).

Nathália explica que os dados de estudos como esse ajudam a população ao revelar os comportamentos de consumo no meio digital, estimular a reflexão e promover uma abordagem mais informada sobre o tema.

O estudo foi conduzido entre  26 de junho e 07 de julho, com 1.820 pais brasileiros, com filhos entre cinco e 17 anos, de todas as regiões e diferentes classes socioeconômicas.


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