Atenas é a primeira cidade europeia a apontar uma chief heat officer

Crédito: Fast Company Brasil

Talib Visram 2 minutos de leitura

De todas as cidades europeias, Atenas é a que mais corre risco de sofrer com calor extremo. Em dezembro de 2018, a Moody’s, empresa de análise de créditos, alertou que a força de crédito da capital grega ficaria sensível à mudança climática, particularmente se as ondas de calor passassem a impactar o turismo e, como consequência, a força econômica da cidade.

Então faz sentido que Atenas seja a primeira cidade da Europa a apontar um chief heat officer. Em maio, Miami, nos EUA, anunciou a primeira pessoa para exercer essa função. Na sexta-feira, 23, o prefeito Kostas Bakoyannis elegeu a ex-deputada Eleni Myrivili para ocupar o cargo. Ela assumirá um papel de liderança na batalha do Velho Continente contra o calor, um “assassino silencioso” que matou 104 mil idosos na União Europeia em 2018.

Atenas é o local que deve vivenciar as ondas de calor mais agressivas pelos próximos 20 anos, segundo uma pesquisa. Dias quentes, acima dos 35 ºC, devem se tornar mais recorrentes e a chuva deve diminuir. A cada ano, duzentas pessoas morrem em decorrência do calor na cidade. E, para uma cidade que depende muito do turismo, o alerta da Moody’s sobre o risco econômico foi um grande wake-up call, afirma Kathy Baughman McLeod, vice-presidente sênior e diretora do Adrienne Arsht-Rockefeller Foundation Resilience Center.

De acordo com ela, Eleni Myrivili já estava focada na adaptação climática e seu papel mais recente em Atenas foi o de chief resilience officer, no qual desenhou as metas climáticas da cidade para 2030. Agora, no entanto, ela exercerá uma função mais ativa, que inclui a descoberta e a implementação de soluções para o calor extremo, além de trazer os stakeholders necessários, de líderes municipais e regionais ao setor privado.

Assim como em Miami, Myrivili se concentrará em ajudar a população mais vulnerável: no caso de Atenas, imigrantes e refugiados que vivem em bairros que sofrem com temperaturas extremas. Falta ar-condicionado em muitas residências porque há um problema de energia. Um dos planos é instalar pontos “de frescor” nas cidades, como escolas e livrarias públicas, espaços verdes e sprinklers (fontes de água).

Em 2020, a Moody’s elevou a nota de Atenas, reconhecendo que a cidade já tem feito investimentos de longo prazo para combater o calor. A recém-nomeada chief heat officer trabalhará com outros prefeitos europeus, que querem adaptar suas estratégias de adaptação ao aquecimento, com Miami e, em breve, com Freetown, na Serra Leoa — a próxima cidade que passará a contar com um chief heat officer, a ser nomeado em novembro, quando o verão no Hemisfério Sul começar.


SOBRE O AUTOR

Talib Visram escreve para a Fast Company e é apresentador do podcast World Changing Ideas. saiba mais