Batalhas de robôs ganham espaço no Brasil e incentivam educação em robótica
País se tornou palco de eventos de robótica, fomentando o crescimento da comunidade e criando oportunidades de negócios
O ringue continua, a plateia e os gritos da torcida, também. Mas os lutadores são robôs que desferem golpes rápidos na esperança de saírem inteiros de cada batalha. Por mais inusitadas que pareçam, as batalhas e robôs – e eventos de robótica no geral – estão ficando cada vez mais comuns no Brasil. A StreetBots surgiu para incentivar essa modalidade no país.
A startup foi fundada em 2020 por Daniel Freitas, Thomaz Rocco, Danilo Barros, Vinicius Parente, Thiago Pessanha e Douglas Mesquita – mais conhecido como Rato Borrachudo, youtuber com mais de 7 milhões de seguidores em todas as redes.
Com R$ 100 mil de investimento inicial, a empresa já lançou dois grandes eventos. Um em 2020, nos Studios Flow, com dois amistosos entre os canais Rato Borrachudo e Manual do Mundo e mais de 100 mil pessoas assistindo simultaneamente. Outro, mais recentemente, na Ucconx, no fim de julho, reunindo 20 equipes profissionais, alcançando mais de 100 mil espectadores nas transmissões e com prêmios totalizando R$ 50 mil.
"O mercado internacional é muito aquecido. Infelizmente, é um cenário que não é reconhecido no Brasil por falta de visibilidade. Sobrevive há anos por conta de o tíquete médio ser alto e com ajuda das universidades e veteranos, que realizam suas próprias competições”, explica Mesquita, que usa sua influência para trazer notoriedade às competições e atrair patrocinadores. A ideia é lançar um novo evento ainda neste ano.
ROBÔS E UNIVERSIDADES
A StreetBots não quer parar nos eventos. A ideia é, em breve, focar na parte educacional, desenvolvimento de tecnologia própria, licenciamento de produtos, vestuário, kits de DIY (faça-você-mesmo, na sigla em inglês), entre outras formas de monetização.
A parceria com universidades é essencial para o crescimento dessas atividades. “A batalha de robôs acelera muito o conhecimento de um estudante por exigir soluções extremas, tanto para atacar quanto se defender, além de exercitar a habilidade de trabalhar sobre pressão”, diz Mesquita.
Após uma batalha, as equipes têm 40 minutos para reconstruir seus robôs. “É bonito ver que todos que saíram da universidade e tiveram contato com esse tipo de evento garantiram sua vaga no mercado de trabalho”, lembra o Rato Borrachudo.
A StreetBots não é a única que entende a importância desses eventos. No começo de agosto foi realizado o Festival Internacional SESI de Robótica 2022, no Rio de Janeiro, reunindo 990 estudantes de nove a 19 anos, vindos de 37 países.
O evento integra o calendário oficial da FIRST, organizadora de competições de robótica em todo o mundo.
Depois de meses dedicados à programação e à construção dos robôs, os participantes competem com suas criações. Em outras competições da categoria ao redor do mundo, alunos brasileiros já levaram mais de 70 prêmios.
“O principal objetivo é o incentivo à educação. Precisamos trazer luz para essa comunidade que é referência fora do Brasil. Universitários da Europa vem para cá para aprender mais nas universidades que tem know how em batalha de robôs”, afirma Mesquita.
“Sem falar que temos campeões mundiais e poucos brasileiros sabem da existência deles. Há muito espaço para transformar essa comunidade em um verdadeiro mercado de entretenimento com diversas possibilidades de conteúdo.”