Bem-estar no trabalho é tão importante quanto o salário?

Em pesquisa da Gympass, brasileiros apontam que bem-estar é tão importante mudariam de emprego para se sentirem melhor

Crédito: Mimi Thian/ Unsplash

Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

Atualmente, os departamentos de recursos humanos têm o grande desafio de incentivar a cultura da empresa em um modelo pós-pandêmico: sem a proximidade dos líderes e sem todos os benefícios das interações humanas. Precisam ainda enfrentar desafios contemporâneos como burnout e quiet quitting.

Frequentemente, parte dos colaboradores afirma que não há horas suficientes nos dias para cumprir todas as entregas de trabalho e ainda dedicar tempo para fazer atividade física, cuidar da saúde, passar tempo de qualidade com a família ou cultivar hobbies, por exemplo.

Benefícios que demonstrem cuidado com o bem-estar dos funcionários são apenas alguns dos elementos para montar uma estratégia mais positiva de gestão de pessoas. “A pandemia trouxe uma sobrecarga digital. No geral, as pessoas estão trabalhando em excesso, esgotadas e operando em capacidade máxima”, afirma João Barbosa, cofundador e vice-presidente de parcerias da plataforma corporativa de bem-estar Gympass.

Fonte: Panorama do bem-estar corporativo 2022/ Gympass

“Em muitos casos, a área de gestão de pessoas ainda carrega a ideia de equilíbrio entre vida pessoal e profissional – um conceito em uso desde os anos 1970 – como solução para conciliar o trabalho com a vida”, analisa Barbosa, ao destacar a importância de integrar a o trabalho e a vida privada.

Realizado pela Gympass nos nove países em que atua, o estudo “Panorama do bem-estar corporativo 2022” revela uma tendência de mudança da estratégia corporativa na busca por bem-estar, substituindo a ideia de “equilíbrio” por “flexibilidade”  e introduzindo o conceito de “bem-estar integral”.

A pesquisa ouviu mais de nove mil pessoas para descobrir como a população de cada país está lidando com o tema. Nada menos que 83% dos entrevistados acreditam que o bem-estar é tão importante quanto o salário.

Além disso, 85% concordam que tenderiam a permanecer em um cargo se a empresa priorizasse o bem-estar e 77%, que pensariam em deixar uma organização que não o prioriza. No Brasil, 28% disseram se sentir infelizes no trabalho, um pouco mais que os norte-americanos (25%), mas abaixo dos britânicos (33%).

Fonte: Panorama do bem-estar corporativo 2022/ Gympass

BEM-ESTAR COM FLEXIBILIDADE

Flexibilidade é a palavra-chave para o trabalhador, segundo Barbosa, porque cada um tem necessidades diferentes. Cabe ao departamento de recursos humanos traduzir essas necessidades e oferecer maleabilidade, ainda que mantendo o controle da oferta, avaliando os resultados e trazendo métricas de evolução.

As escolhas de cada profissional podem envolver uma gama de benefícios, como saúde mental, atividade física, nutrição, meditação, educação financeira, entre outros itens.

Um tema de destaque é o da saúde mental, um problema silencioso dentro das empresas, que sempre existiu e foi ignorado. Com o trabalho remoto e híbrido, ele foi amplificado.

Fonte: Panorama do bem-estar corporativo 2022/ Gympass

“Esse tema tem que ser muito trabalhado, tratado com carinho e abertura, tanto do lado da liderança – para que ela esteja capacitada a ouvir e cuidar – quanto do lado dos colaboradores, para que eles se sintam encorajados a se abrir e buscar apoio”, diz Barbosa.

Para ele, o grande desafio das organizações é medir o retorno sobre o investimento, o uso e o impacto no desempenho desse tipo de benefícios e ações pró bem-estar. “As empresas precisam pensar em como tornar isso um produto de gestão de pessoas que atraia e retenha mais talentos e melhore a performance do time”, diz.

O Brasil e o mundo passam por uma crise de bem-estar e as empresas têm um papel fundamental no processo de mudança e conscientização, podendo afetar, inclusive, o sucesso das companhias, acredita o executivo.

“Precisamos investir em pessoas tanto quanto em software. A folha de pagamento é o maior item de custo para uma organização padrão, mas ainda não estamos focados o suficiente para garantir desempenho máximo. As organizações devem garantir que os funcionários darão o melhor de si, todos os dias. Para tanto, precisam olhar para sua felicidade e qualidade de vida”, aponta Barbosa.


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