Biografia do Planet Hemp sofre com a censura dos algoritmos nas redes

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 1 minutos de leitura

O Planet Hemp entrou para a história da música brasileira como uma das bandas mais influentes do país – e também mais censuradas. Fundado por Marcelo D2 e Skunk – que faleceu em 1994 antes da gravação do primeiro disco -, a banda sofreu com shows cancelados, músicas proibidas nas rádios FM e clipe veiculado em horários restritos na televisão. Agora é a vez da sua  biografia, “Planet Hemp – Mantenha o Respeito”, escrito pelo jornalista, quadrinista e escritor Pedro de Luna, sofrer com a censura dos algoritmos nas redes sociais. A obra chega às prateleiras das livrarias e teve que contar com a inventividade de um time de criativos para ser divulgada nas redes e contar com o apoio das vendas online. Para driblar o algoritmo censor, que não permite a palavra “Hemp” (cânhamo em inglês), a solução foi alterar o nome da banda nas peças de divulgação do livro com sinônimos,  transformando-a em Planet Ganja, Planet Erva, Planet Mary Jane, Planet Dois, Planet Green, Planet 4:20, entre outros nomes, na campanha intitulada Legalize Meu Anúncio.

“O Planet foi a única banda brasileira que amargou cinco dias de cadeia, em 1997, e se tornou um ícone na luta pela liberdade de expressão. Desde que lancei o livro sobre a banda, não consigo fazer publicidade nas redes sociais por conta do nome. Se eles se chamassem Planet Beer, poderia? A hipocrisia continua,” desabafa Luna, autor dos livros “Eu Sou Assim, Eu Sou Speed”, “Brodagens” e “Niterói Rock Underground 1990-2010”.

Luna diz que a questão da liberdade de expressão continua atual e por isso a ideia é também provocar o debate, esperando, claro, bater a meta de que os livros se esgotem em todas as livrarias e lojas virtuais do Brasil.

“Censurar a divulgação de um livro é inaceitável. A liberdade de expressão, a cultura e nossa história perdem muito com isso. É preciso sempre lutar. Ainda mais quando a repressão é oriunda de um algoritmo que demonstra muita fragilidade quanto à sua responsabilidade de crivo”, diz Marcio Morgade, um dos criativos responsáveis pela campanha ao lado de Diego Gerhardt e Tiago Pinheiro, da agência Garage.


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais