Brasil pode ficar sem GPS? Entenda os riscos por trás da tecnologia dos EUA

Entenda como o sistema de navegação por satélite funciona e os possíveis impactos de sua interrupção

Homem usando GPS no carro
A interrupção do GPS causaria transtornos em áreas como transporte aéreo, navegação marítima e entre outros sistemas. Créditos:Freepik.

Guynever Maropo 2 minutos de leitura

Após sanções dos Estados Unidos contra o Brasil, tensões entre os países aumentaram com o anúncio de novas restrições por parte do Departamento de Estado norte-americano. Entre elas, está a possibilidade de bloqueio do uso de satélites e do sistema de Sistema de Posicionamento Global (GPS), usado por milhões de brasileiros.

O GPS fornece localização precisa na superfície terrestre e opera por meio de 24 satélites em órbita. Criado originalmente pelo Departamento de Defesa dos EUA com finalidade militar, o GPS passou a ter uso civil a partir dos anos 1990. Hoje, é essencial em diversos setores, como transporte, telecomunicações, monitoramento e segurança.

Cada satélite transmite sinais de rádio contendo sua posição e horário. O receptor compara o tempo de envio com o tempo de chegada e calcula a distância.

Com sinais de quatro satélites distintos, o sistema determina a localização com alta precisão. O GPS oferece dois tipos de serviço: o Standard Positioning Service (SPS), para civis; e o Precise Positioning Service (PPS), restrito às forças armadas dos EUA e seus aliados.

Bloquear o GPS é possível?

Especialistas indicam que o bloqueio direcionado do sinal de GPS para um país específico é altamente improvável, já que os sinais são transmitidos a partir do espaço e atingem receptores simultaneamente em várias regiões do planeta.

Entretanto, há formas de interferência local, como o jamming, uma técnica que neutraliza sinais por meio da emissão de ondas na mesma frequência, de forma mais potente. Essa interferência, no entanto, precisaria ser realizada dentro do território brasileiro, caracterizando um ato de sabotagem.

Durante conflitos recentes, como a guerra na Ucrânia, a Rússia empregou técnicas de bloqueio e engano de sinais (spoofing) para comprometer a precisão da navegação via satélite. Isso já afetou, inclusive, voos civis na Europa.

Quais seriam os impactos e alternativas?

A interrupção do GPS causaria transtornos em áreas como transporte aéreo, navegação marítima, sincronização de redes de energia e telecomunicações, e até no sistema financeiro, que depende do tempo preciso para transações eletrônicas.

Como alternativa, países podem utilizar outros sistemas de navegação por satélite, como o GLONASS (Rússia), BeiDou (China), Galileo (União Europeia), NavIC (Índia) e QZSS (Japão).

Apesar das ameaças, especialistas consideram o bloqueio do GPS no Brasil uma medida tecnicamente complexa e geopoliticamente delicada.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais