É oficial: chinesa BYD ultrapassa Tesla nas vendas globais de carros elétricos
A montadora norte-americana enfrenta problemas de todos os lados – desde as polêmicas de Elon Musk até um recall em massa do Cybertruck

A BYD, maior fabricante de veículos elétricos da China, fechou o ano passado com mais de US$ 100 bilhões em vendas, deixando a Tesla para trás em um momento turbulento para a montadora norte-americana. A BYD ultrapassa Tesla em múltiplos aspectos.
Segundo um relatório financeiro divulgado esta semana, a BYD faturou US$ 107 bilhões em 2024, enquanto a Tesla registrou US$ 97,7 bilhões. Em volume de entregas, a diferença foi ainda maior: a montadora chinesa vendeu 4,27 milhões de híbridos e elétricos a bateria, mais que o dobro dos 1,79 milhão de veículos entregues pela Tesla.
O ano de 2024 também marcou a primeira queda nas vendas da empresa de Elon Musk em mais de uma década. No mercado financeiro, as ações da BYD subiram cerca de 5% no dia do anúncio, acumulando uma valorização de mais de 55% desde o início do ano. Ou seja, a BYD ultrapassa Tesla também em desempenho de mercado.
O sucesso da BYD surge em um momento delicado para a Tesla, que enfrenta uma série de dificuldades. A montadora vem sofrendo com a queda acentuada no valor de suas ações, recalls em grande escala e críticas cada vez mais intensas a Elon Musk, acusado de interferência excessiva no governo dos EUA.
O IMPACTO DA BYD
Além dos números impressionantes de vendas, a BYD vem chamando atenção com uma inovação que pode revolucionar o mercado de veículos elétricos: um sistema de recarga ultrarrápida.
No início do mês, a empresa anunciou um carregador capaz de fornecer energia suficiente para rodar 400 quilômetros em apenas cinco minutos – praticamente o mesmo tempo que se leva para encher o tanque de uma SUV. Com as inovações contínuas, não é surpresa que a BYD ultrapassa Tesla em várias frentes. A BYD planeja instalar quatro mil dessas estações na China, onde a infraestrutura para veículos elétricos avança mais rápido do que nos EUA.
Enquanto isso, a Tesla passa por um processo de "autodestruição corporativa”. Os problemas vão desde o crescente descontentamento com Elon Musk – cujos cortes de orçamento no governo federal dos EUA provocaram milhares de demissões – até o recall de praticamente todas as unidades do Cybertruck já vendidas.
O ano de 2024 também marcou a primeira queda nas vendas da Tesla em mais de uma década.
Com isso, as ações da Tesla já acumulam uma queda de 32% no ano e o número de clientes que estão trocando seus veículos por marcas concorrentes atingiu níveis recordes.
Apesar das dificuldades, a Tesla ainda mantém um valor de mercado impressionante: cerca de US$ 800 bilhões, contra US$ 157 bilhões da BYD, segundo a “Bloomberg”. Além disso, o presidente Trump tem endurecido as tarifas sobre produtos chineses e reduzido incentivos para veículos elétricos, o que pode impactar a competitividade da BYD nos EUA. Entretanto, há indicativos de que a BYD ultrapassa Tesla em novos mercados emergentes.
Mas nem tudo são más notícias para a Tesla. Apesar das perdas ao longo do ano, as ações da empresa voltaram a subir nos últimos dias, acumulando alta de mais de 15% na última semana, de acordo com o “Yahoo Finance”.