Canudo inteligente: Motta e Padilha discutem tecnologia que detecta metanol em bebidas; entenda

O encontro ocorreu em meio ao aumento de casos de intoxicação pelo composto químico no país, que resultou inclusive em mortes

Vigilância sanitária em bar checando bebidas
A expectativa é que o Ministério da Saúde apoie a expansão nacional da tecnologia, com investimentos técnicos e financeiros. Créditos:João Valério/Governo do Estado de SP.

Guynever Maropo 3 minutos de leitura

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), realizou no último sábado (4) uma reunião virtual com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) para discutir o avanço de uma tecnologia capaz de identificar metanol em bebidas alcoólicas adulteradas.

O encontro ocorreu em meio ao aumento de casos de intoxicação pelo composto químico no país, que resultou inclusive em mortes. Veja detalhes sobre os casos atualizados mais abaixo.

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Como vai funcionar o canudo inteligente?

Os pesquisadores da UEPB desenvolveram um canudo que muda de cor ao entrar em contato com o metanol, funcionando como ferramenta preventiva para o consumidor. As pesquisas, iniciadas em 2023, resultaram em publicações na revista científica Food Chemistry e despertaram o interesse de órgãos públicos.

Eles lideram ainda o desenvolvimento de soluções para detectar metanol em bebidas de forma rápida e precisa. O método usa luz infravermelha para analisar o conteúdo das garrafas, identificando adulterações sem precisar abrir o recipiente.

Um software interpreta os dados e apresenta resultados com até 97% de precisão. A técnica foi inicialmente criada para cachaça, mas pode ser adaptada para outros destilados.

Durante a reunião, a reitora Célia Regina Diniz e a equipe de pesquisadores da UEPB apresentaram os resultados ao ministro Padilha e ao deputado Motta. A expectativa é que o Ministério da Saúde apoie a expansão nacional da tecnologia, com investimentos técnicos e financeiros.

A universidade reforçou o compromisso de transformar o conhecimento científico em política pública e destacou a importância da cooperação entre academia e governo no combate ao uso irregular de metanol, que pode causar cegueira, falência renal e morte.

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Casos de intoxicação por metanol no Brasil

De acordo com boletim divulgado no último domingo (5) pelo Ministério da Saúde, o Brasil soma 209 casos em investigação de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas adulteradas. Ao todo, 16 casos foram confirmados, sendo 14 em São Paulo e 2 no Paraná. O estado paulista concentra a maioria das notificações, com 178 investigações ativas.

Treze estados notificaram casos suspeitos, incluindo Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Ceará e Paraíba. O país registra 15 óbitos, sendo dois confirmados em São Paulo e 13 ainda em apuração.

As informações foram enviadas pelos estados e consolidadas pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS).

antídotos no tratamento de intoxicações por metanol?

O Ministério da Saúde iniciou a distribuição de etanol farmacêutico, antídoto usado no tratamento de intoxicações por metanol, aos estados que solicitaram reforço de estoque.

Na primeira remessa, foram enviadas 580 ampolas, distribuídas da seguinte forma: 240 para Pernambuco, 100 para o Paraná, 90 para a Bahia, 90 para o Distrito Federal e 60 para Mato Grosso do Sul.

As unidades fazem parte de um lote de 4,3 mil ampolas entregues ao Sistema Único de Saúde (SUS) pelos hospitais universitários federais, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

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Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais