CEO diz que Netflix será melhor para os anunciantes que a TV

Em entrevista no festival Cannes Lions, Ted Sarandos delineou os objetivos da plataforma, que agora vai incluir anúncios

Crédito: Cottonbro/ Pexels

Jeff Beer 3 minutos de leitura

Quando a Netflix foi lançada em streaming, em 2007, seu objetivo maior era oferecer uma opção de entretenimento melhor do que tudo o que havia de disponível na televisão aberta. Agora que a empresa se prepara para lançar sua versão com comerciais, o co-CEO e diretor de conteúdo, Ted Sarandos, garante que esse objetivo permanece o mesmo. 

“Ainda não podemos divulgar detalhes sobre o lançamento”, disse Sarandos a Kara Swisher, em entrevista concedida nesta semana no palco do Cannes Lion, maior prêmio da publicidade mundial. “O que posso garantir é que tudo o que fizermos continuará representando nossos objetivos. Quero que nosso produto continue sendo melhor que a TV. Quando penso em como os anúncios têm sido veiculados atualmente em plataformas de streaming… sinto que há muito trabalho a ser feito lá.”

A mudança para integrar a publicidade ocorre quando a Netflix enfrenta uma queda significativa em uma trajetória tradicionalmente ascendente, que perdurou toda a última década.

A Netflix descobriu que está perdendo um público pagante potencialmente grande.

Em abril, em seu relatório mais recente, a empresa divulgou que havia perdido cerca de 200 mil assinantes, primeira baixa desde 2011. As ações caíram 37% naquela semana e tiveram queda de mais de 70% nos últimos seis meses.

A Netflix ainda está na liderança entre os pacotes de streaming e acumula mais de 220 milhões de assinantes no mundo. Mas a competição pela atenção dos espectadores – e, é claro, pelo dinheiro das assinaturas - só tem se intensificado conforme crescem as presenças da Prime Video, Paramount Plus, HBO Max, Disney Plus, Apple TV Plus e outras. 

Quando confrontado com as afirmações anteriores do cofundador da Netflix, Reed Hastings, de que a plaraforma nunca se renderia à publicidade, Sarandos explicou que os anúncios não farão parte dos pacotes vigentes para quem já é assinante. A versão com comerciais será oferecida como mais uma opção para quem estiver disposto a assistir a anúncios para pagar menos pelo serviço. 

NOVO MODELO DE NEGÓCIOS

“Acho que foi prudente não termos aberto espaço para a publicidade no início da Netflix, porque estávamos construindo um produto que prometia ser melhor que a televisão, e melhor para assistir filmes, que os modelos atuais”, disse Sarandos.

“Naquela época, a publicidade e a programação linear tornavam a televisão um adversário bastante fácil. Queríamos expandir nosso negócio de forma muito simples, para que pudéssemos crescer muito rápido, e a publicidade atrapalharia essa meta.”

Agora é a hora certa, disse ele, porque, com a concorrência crescente, a Netflix descobriu que está perdendo um público pagante potencialmente grande, uma vez que não oferece a opção com anúncios. A mudança para a nova versão que inclui comerciais permitirá que a Netflix concorra diretamente com outras plataformas que já apresentam esse modelo, como Hulu, HBO Max, Peacock e Disney Plus.

De acordo com um relatório do "The Wall Street Journal", o Google e a NBCUniversal provavelmente são os pioneiros como parceiros para ajudar a Netlfix a criar sua versão com publicidade.

“A conexão com o público é o que temos feito desde o início, e acho que podemos continuar nos saindo muito bem nisso”, disse ele. “Trabalhar com a criatividade é algo que fazemos há 10 anos e temos sido muito competitivos nesse quesito. A ideia é unir esses mundos e criar uma experiência ótima tanto para o público quanto para os anunciantes. Vamos começar aos poucos, mas o céu é o limite.”


SOBRE O AUTOR

Jeff Beer cobre publicidade, marketing e criatividade para a Fast Company. saiba mais