Cientistas descobrem por que tanta gente tem medo de falar em público
Nova pesquisa sugere que algumas pessoas são tímidas por natureza, enquanto em outras a timidez aparece só em algumas situações
Seria a timidez um estado de espírito ou um jeito próprio de ser? Ambos, de acordo com um estudo realizado pela Universidade McMaster.
Os pesquisadores pediram a 152 crianças de sete e oito anos para fazer um pequeno discurso sobre seu último aniversário. Um eletrocardiograma registrava os batimentos cardíacos, enquanto os pais monitoravam o comportamento dos filhos e preenchiam um questionário sobre a personalidade deles.
Aos participantes mais jovens se pediu que falassem de frente para uma câmera de vídeo e um espelho. Foi dito a eles que depois as outras crianças iriam assistir ao vídeo. Após um ano, os pais preencheram formulários de pesquisa de acompanhamento sobre o comportamento de seus filhos. O mesmo aconteceu no ano seguinte.
O estudo sugere que algumas pessoas são naturalmente propensas a gostar de ser o centro das atenções.
Cerca de 10% das crianças que participaram do estudo ficaram muito estressadas enquanto faziam seu discurso e apresentaram comportamento tímido ao longo do tempo, o que sugere que algumas pessoas são tímidas por natureza.
Outros 25% estavam tímidos enquanto falavam, mas o relato dos pais não indicou comportamento tímido com o passar do tempo – sugerindo que, para muitas pessoas, a timidez pode ser um estado ocasional.
Os demais 45% dos participantes não se sentiram estressados com a perspectiva de fazer um discurso nem demonstraram sinais de timidez com o passar dos anos.
Os pesquisadores também verificaram que cerca de 20% das crianças apresentavam níveis de nervosismo abaixo da média. Os pais reportaram que o nível de timidez dessas crianças se manteve abaixo da média ao longo dos dois anos seguintes. Isso sugere que algumas pessoas são naturalmente propensas a gostar de ser o centro das atenções.
Uma limitação do estudo, segundo os autores, é que a amostra foi composta apenas por crianças brancas de famílias de classe média e alta. Eles reconhecem que não é possível saber se os resultados da pesquisa se estenderiam a uma amostra mais diversificada de participantes.
O estudo foi divulgado na publicação “Child Development”.