Cientistas podem ter descoberto ligação entre Game of Thrones e a epidemia de solidão

De acordo com uma nova pesquisa, alguns fãs da série podem ver a aventureira Aria Stark como uma amiga da vida real

Crédito: Chris Curry/ Unsplash

Sarah Bregel 2 minutos de leitura

Quanto mais solitárias as pessoas estão, mais conectadas elas podem se sentir com personagens fictícios, segundo uma nova pesquisa sobre os limites entre realidade e ficção na mente de pessoas solitárias. Isso é verdade, pelo menos, quando se trata de fãs do seriado Game of Thrones.

Pesquisadores da Universidade de Ohio conduziram um estudo escaneando os cérebros de participantes que haviam realizado um teste para medir o quão solitários eles se sentiam. Os participantes também se identificaram como fãs da famosa série da HBO.

Durante o processo de escaneamento, eles foram instruídos a pensar nos personagens da série e, em seguida, nos amigos da vida real. O que se descobriu foi que, quanto mais solitária a pessoa, mais parecidos eram os resultados do escaneamento quando pensavam nos amigos e nos personagens.

"No cérebro do participante menos solitário havia limites claros entre pessoas de verdade e personagens de ficção", explica Dylan Wagner, professor associado de psicologia na Universidade Estadual de Ohio e coautor do estudo. "Já no cérebro do participante mais solitário, os limites entre pessoas reais e imaginárias quase não existiam.”

Crédito: HBO

A conclusão dos autores é que os escaneamentos mostram que pessoas solitárias podem pensar sobre personagens de ficção do mesmo jeito que pensam sobre seus amigos. Isso não foi encontrado em participantes que não eram solitários.

Especificamente, os pesquisadores examinaram o córtex pré-frontal medial – a área do cérebro ativada ao pensar em si mesmo ou nos outros – enquanto mostravam aos participantes imagens de um amigo da vida real ou de um personagem de Game of Thrones.

quanto mais solitária a pessoa, mais parecidos eram os resultados do escaneamento quando pensavam nos amigos e nos personagens.

Para pessoas solitárias, a atividade neural parecia surpreendentemente semelhante nos dois casos sugerindo que o participante poderia sentir como se o personagem fosse de fato bastante real.

Personagens de TV certamente podem impactar a maneira como pensamos sobre a vida e nossas experiências. E os programas que acompanhamos de perto às vezes podem parecer bastante verdadeiros.

Mas a ideia de que há pessoas tão solitárias que personagens de ficção produzem as mesmas respostas cerebrais que gente de verdade sugere que a solidão desempenha um papel tão grande na vida de alguns que eles precisam de personagens para preencher as lacunas deixadas pela falta de relacionamentos humanos.

Quando falta amizade, o cérebro acaba tornando mais tênues as linhas entre quem é real e quem é só um personagem em uma história. Em meio a uma epidemia de solidão, pode haver muita gente que sente cada vez mais que a ficção não é apenas para entretenimento, mas também para preencher vazios.


SOBRE A AUTORA

Sarah Bregel é uma escritora, editora e mãe solteira que mora em Baltimore, Maryland. Ela contribuiu para a nymag, The Washington Post... saiba mais