Cogna Educação acelera transformação ao investir em parcerias e em inovação descentralizada

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Claudia Penteado 6 minutos de leitura

Transformação digital ganhou muita evidência com a pandemia. Quem não a tinha iniciado antes de 2020, precisou correr para promover mudanças internas que adequassem sua estrutura às novas demandas de trabalho: à distância e pelos meios virtuais. Por outro lado, as empresas que, antes disso, já tinham começado a transformar e redefinir não apenas seus processos como o posicionamento em um mundo cada vez mais conectado, puderam consolidar novas visões de negócios e impulsionar estratégias.

É o caso da Cogna Educação, holding que reúne as marcas Kroton, Platos, Saber e Vasta Educação/ Somos Educação. Em 2017, quando ainda era conhecido como Kroton, o grupo deu largada a sua transformação digital. Além disso, instituiu o conceito de inovação aberta como um de seus pilares estratégicos. Com isso, a corporação deu mais solidez a seu posicionamento. Ao se conectar com o ecossistema de inovação, a Cogna poderia acelerar a transformação.

No ano seguinte, a holding fez parceria com o Cubo, plataforma do Itaú que fomenta o empreendedorismo tecnológico e estabelece conexões entre empresas e startups para projetos de inovação. A Cogna entrou como sponsor da vertical de educação. “Foi nossa primeira experiência com o mundo de inovação”, diz Gabriela Diuana, diretora de Gente, Cultura e Inovação da Cogna. O acordo se estendeu até este ano. A holding pode se aproximar de quase mil startups do Brasil e do mundo, como revela Gabriela.

Ao longo de 2020, o grupo saiu de um posicionamento de inovação centralizada (quando Gabriela e seu time respondiam pelas conexões com as startups) para adotar um modelo descentralizado. Isso quer dizer que a Cogna passou a dar autonomia para que outros colaboradores buscassem startups para atender a uma determinada demanda. Essa estratégia permitiu acelerar ainda mais a transformação da companhia.

Gabriela Diuana

Neste ano, em alinhamento com a estratégia da Cogna de digitalização e de elevar o EAD, concluiu-se que não fazia mais sentido investir em uma estrutura física. O caminho era estabelecer parcerias com hubs digitais. É isso que a holding celebra agora: o acerto de dois acordos que vão manter o grupo em sua trilha de inovação aberta.

A holding selecionou a Innovation Intelligence e o Distrito como novos parceiros. Ambos atuam fortemente com inteligência de dados. A Innovation Intelligence é considerada o maior hub de startups do mundo, tendo 250 mil cadastradas (delas, 20 mil brasileiras). Ela é chamada de “Google das startups”. Foi fundada por um brasileiro, Luiz Neto, que vive no Vale do Silício há cerca de cinco anos. A intenção da Cogna é usar mais a rede para rastrear startups com um olhar ampliado para o mundo em busca de possíveis oportunidades de negócios.

O Distrito, por sua vez, é uma operação brasileira com quatro escritórios: três em São Paulo e um em Curitiba. A companhia conta com cerca de 60 empresas patrocinadoras – a Cogna não tem exclusividade no segmento de educação. E tem uma plataforma que se conecta a mais de 30 mil startups, inclusive internacionais.

“Não estamos atrás apenas de startups de educação. Estamos olhando também para as de RH, suprimentos, finanças. Consigo expandir a busca”, afirma Gabriela, que completa explicando que o grupo saiu de um modelo tradicional de inovação aberta para um modelo de hubs digitais. Em sua análise, isso fará o grupo escalar com mais rapidez as soluções e as oportunidades que surgirem a partir dessa nova etapa.

MATURIDADE

Segundo Gabriela, a holding tem hoje maturidade no campo da inovação. O grupo saiu de um modelo centralizado para uma atuação descentralizada. E em 2022 parte para uma nova fase. “Estamos caminhando para a inovação distribuída. Buscamos fazer com que o mindset dos nossos 25 mil colaboradores esteja em inovação”, explica.

O time de inovação da Cogna é enxuto: quatro pessoas. Mas a empresa nomeou 64 embaixadores e ninjas da inovação. Ou seja, cada área da holding tem um ou dois representantes preparados para isso: do marketing ao comercial, do RH à logística.

O objetivo é começar 2022 a atuar com as duas parceiras no modelo distribuído. Isso significa estimular todos os colaboradores do grupo a pensar em inovação no dia a dia. “É um mega desafio, mas topamos acelerar essa frente”, emenda.

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A executiva conta que o acordo com a Innovation Intelligence e com o Distrito será de pelo menos um ano de duração. Ela observa que o grupo hoje não pode estabelecer nada tão longo porque tudo muda muito rapidamente. Talvez em dois anos, por exemplo, a Cogna decida montar uma base no Vale do Silício.

Com tamanho mundo de possibilidades que se abrem agora, o que faz brilhar os olhos do grupo? Das cerca de mil startups das quais a Cogna se aproximou no período da parceria com o Cubo, 47% são de edtech. As demais são de “todas as soluções possíveis que se possa imaginar”.

O que buscam hoje é basicamente muita inteligência artificial e soluções de data driven. “Queremos muitos dados para tomarmos decisões. Se eu tenho um core de educação, o meu meio é tecnologia”, acrescenta. Outro objetivo está na automatização dos processos, diminuindo a burocracia e trazendo agilidade para o administrativo. Esses serão os grandes ganhos visualizados com as parcerias.

A EDUCAÇÃO ESTÁ MUDANDO?

Em que pese a ampliação de startups e o desenvolvimento de soluções por meio de tecnologias cada vez mais avançadas, o segmento de educação no Brasil ainda carrega a pecha de ser bastante tradicional. O setor, afinal, está mudando? “Toda a educação sofreu muito com a pandemia. Eu digo que essa conta vai chegar um dia, seja na formação da alfabetização ou no pré-vestibular”, pondera Gabriela.

No entanto, a tecnologia ajudou a acelerar a transformação do segmento durante os últimos meses. Na Cogna, ela impulsionou não apenas o EAD como também o Plurall, plataforma de estudos e ensino online da Somos Educação, destinada a alunos, professores e coordenadores. A tecnologia tornou- se um agente facilitador, inclusive no RH da companhia.

“Quando falamos de tendências na educação, o principal impactado nesse processo foi o professor”, observa. Antes da pandemia, o profissional estava pronto para dar aula no quadro branco. Com a crise provocada pela covid-19, suas atribuições mudaram. O professor precisava preparar o conteúdo para a classe, fazer um pre-work para os alunos e dar a aula no digital. “A reinvenção do papel do professor é, para mim, o que a pandemia trouxe de positivo. Foi difícil para ele, mas antes a aula era dada para 30 pessoas e hoje é possível dar para 200 ao mesmo tempo”.

A executiva lembra que todos os produtos digitais têm o professor como usuário principal. Ele precisa saber utilizar todas as ferramentas que facilitam dar as aulas hoje. Na educação básica, em que um dos desafios é prender a atenção dos alunos, é importante utilizar o banco de conteúdos disponível para o educador. A tecnologia viabiliza fornecer não apenas o livro, mas o acesso a uma série ou a um vídeo do YouTube. “A gente tem a missão de entregar o melhor conteúdo possível para o professor, para que ele consiga ser criativo ao dar aula”, complementa.


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais