Com metaverso em foco e atento a crises, Facebook pode mudar de nome

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 4 minutos de leitura

Encostado na parede por conta de ações judiciais nos Estados Unidos e na União Europeia e até devido a acusações graves de uma ex-funcionária, o Facebook, que mal saiu de uma crise gerada por um apagão em suas plataformas, pode estar vivendo um momento propício para mudar de nome.

A história veio à tona pelo The Verge. Essa transformação supostamente será revelada na próxima semana, quando acontece o evento Facebook Connect, marcado para 28 de outubro. Se isso se concretizar, será uma renomeação de causar barulho, como ocorreu em 2015 no lançamento do Alphabet Inc, a holding dona do Google – que antes agrupava seus negócios sob o nome… Google.

Isso não quer dizer que a marca Facebook deixaria de ser usada. Mas que viria outro nome para ficar acima da empresa e suas plataformas. No mercado já se especula alternativas como The Facebook (primeiro nome da rede social), Horizon (devido ao seu mundo de realidade virtual intitulado Horizon World) e Meta, o que faria mais sentido diante da proposta que estaria por trás dessa mudança, conforme o The Verge. Isso porque o CEO, Mark Zuckerberg, está muito focado na construção de um metaverso, um lugar para novas experiências imersivas e a próxima evolução da tecnologia social.

Essa definição quem dá é o próprio Facebook, ou FB (talvez outro nome a ser considerado para a eventual mudança). Ela consta da chamada para a palestra de Zuckerberg no Connect, encontro que vai discutir o futuro da realidade aumentada e da realidade virtual, dois temas de profundo interesse do CEO e cofundador.

A mudança de nome faria parte da apresentação de Zuckerberg, de acordo com uma fonte ouvida pelo site. A reformulação da companhia e a criação de uma marca-mãe teria o objetivo de sinalizar a ambição da Big Tech em ser conhecida como uma corporação que vai além da mídia social. Sendo assim, Facebook seria mais uma das empresas da nova controladora. Junto com Instagram, WhatsApp, Oculus e outros negócios. O Facebook, claro, se negou a comentar a história.

A reformulação também poderia ajudar a afastar o Facebook de diversas investigações sobre a forma como a rede social atua, o que leva a questionamentos sobre privacidade e combate a fake news, entre outros temas.

Depois do apagão de suas plataformas, no dia 04 de outubro, a crise que tem tirado o sono de Zuckerberg é a série de acusações feitas por Frances Haugen, que foi gerente de integridade do Facebook. Ela afirmou que a companhia coloca o lucro acima da segurança e apresentou documentos que indicariam que a rede tinha conhecimento de um relatório apontando como o Instagram teria impacto negativo na vida de adolescentes devido a questões de autoestima.

INVESTIMENTO DE US$ 50 MILHÕES PARA CONSTRUIR O METAVERSO

Andrew Bosworth, vice-presidente de Facebook Reality Labs, e Nick Clegg, vice-presidente de Assuntos Globais e Comunicação, escreveram sobre o metaverso em setembro passado. “Nós desenvolvemos tecnologias baseadas na conexão humana e que aproxima as pessoas. Ao focar em ajudar na construção da próxima plataforma de computação, nosso trabalho em realidade virtual e aumentada e hardware para consumidores aprofundará essa conexão apesar das distâncias físicas e sem que esteja amarrada a dispositivos”, explicaram.

Como ponto de partida, o Facebook anunciou os Programas XR e Fundos de Pesquisa, que tem um investimento US$ 50 milhões, distribuídos em dois anos, para programas e pesquisas externas que deve ajudar a companhia nessa iniciativa. Por meio desse fundo, será possível viabilizar a colaboração com parceiros na indústria, grupos de direitos civis, governos, ONGs e instituições acadêmicas para determinar como construir essas tecnologias de forma responsável.

O metaverso que estão montando é um conjunto de espaços virtuais. Neles, será possível criar e explorar atividades com outras pessoas que estão distantes. Ou seja, daria para trabalhar, jogar, aprender, comprar. “Não é necessariamente sobre passar mais tempo online, mas tornar mais significativo o tempo que você está online”, alegaram os executivos.

Bosworth e Clegg reforçam que o metaverso não pode ser desenvolvido sozinho, e nem que isso irá ocorrer da noite para o dia. Assim como a internet, ele existe “independentemente de o Facebook estar lá”. Muitos dos produtos previstos para essa nova fase da companhia se tornarão realidade nos próximos 10 a 15 anos.

Por isso, o Facebook buscou especialistas em governos, na indústria e academia. Para ajudá-los a pensar nas questões e oportunidades do metaverso. Um dos assuntos na mira é a construção de interoperabilidade robusta entre serviços, para que as diferentes experiências das empresas possam atuar em sintonia. Os vps lembram ainda que o envolvimento da comunidade dos direitos humanos e civis irá assegurar que as tecnologias empregadas sejam inclusivas e empoderadoras.

Entre as questões que vão exigir a parceria com outros atores para evitar riscos estão oportunidade econômica (como dar mais escolhas às pessoas, encorajar a competitividade e manter uma economia digital próspera), privacidade (como minimizar a quantidade de dados usados e desenvolver tecnologias para permitir o uso de informações de forma que a privacidade esteja protegida, dando mais transparência e controles das pessoas sobre seus dados), segurança e integridade (como manter as pessoas seguras online e dar a elas as ferramentas para agir ou pedir ajuda se virem algo com o qual não estão confortáveis), e equidade e inclusão (como assegurar que as tecnologias sejam desenhadas de forma inclusiva e de uma maneira que sejam acessíveis a todos).

 


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais