Cometa verde passará pela Terra pela primeira vez desde a Idade da Pedra

Aproveite a chance de assistir a esta joia riscando os céus, porque ela deve demorar 50.000 anos para voltar

Crédito: Istock

Connie Lin 3 minutos de leitura

Pela primeira vez desde a Idade da Pedra, uma verdadeira joia verde cruzará os céus. Trata-se de um cometa raro, batizado pela NASA de C/2022 E3

O cometa foi detectado pela primeira vez por astrônomos no Zwicky Transient Facility, na montanha Palomar, na Califórnia, em março de 2022. Os cientistas acreditam que ele viajou bilhões de quilômetros desde suas origens, nas margens do nosso sistema solar, até chegar perto dos planetas internos.

No próximo dia 1º de fevereiro, ele alcançará seu ponto mais próximo da Terra: estará a 26,4 milhões de milhas da superfície. Aí, os observadores de estrelas conseguirão vê-lo por meio de telescópios, binóculos ou talvez até mesmo a olho nu. Nesse período, ele poderá ser visto do Hemisfério Sul, onde nos encontramos.

“Se é que o C/2022 E3 já passou alguma vez pelo sistema solar, isso deve ter acontecido pela última vez há mais de 10 mil anos”, calcula Jon Giorgini, analista sênior do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em entrevista à National Public Radio.

Crédito: Dan Bartlett/ NASA

Alguns analistas preveem que o cometa pode seguir uma trajetória orbital dentro do sistema solar e que acabará sendo puxado de volta pela gravidade do sol, mas outros acreditam que ele nunca mais vai voltar – em vez disso, ele simplesmente se perderá na vastidão do universo.

Por isso, o que veremos no dia 1º de fevereiro será um evento único em nossas vidas. “Ainda não temos uma estimativa do quão longe da Terra o cometa irá. Mas, se retornar algum dia, vai levar pelo menos 50 mil anos”, calcula Jessica Lee, astrônoma do Royal Observatory Greenwich, em entrevista à Newsweek.

FILHO DE UMA NUVEM MUITO, MUITO DISTANTE 

Os cientistas acreditam que o cometa provavelmente nasceu na chamada Nuvem de Oort, região repleta de objetos gelados que fica no entorno de todo o sistema solar, no limite final da influência gravitacional do Sol. Por toda a sua extensão, cerca de dois trilhões de corpos celestes congelados ficam flutuando – alguns deles do tamanho de uma montanha. 

Os cientistas acreditam que a Nuvem de Oort é composta de material interestelar que sobrou da formação do sistema solar – detritos planetesimais, que podem ser disparados pelo espaço por estrelas que por acaso passaram ali ou por conta de outras casualidades cósmicas. 

No entanto, ainda não foi observado nenhum objeto dentro da própria Nuvem de Oort, o que significa que sua presença enorme e iminente ainda é teórica.

Observatório Palomar (Crédito: CalTech)

Mas para nós, que não somos cientistas, a existência do cometa C/2022 E3 pode ser comprovada com os nossos próprios olhos. Segundo a NASA, já é possível observá-lo no Hemisfério Norte durante todo o mês de janeiro, seja com binóculos ou com um pequeno telescópio.

Embora ainda esteja muito longe para que possamos vê-lo sem instrumentos, a NASA prevê que, em fevereiro, ele estará brilhante o suficiente para ser visto a olho nu longe das luzes da cidade, em céus noturnos como os das áreas rurais. 

Aqueles que se programarem assistirão a um espetáculo magnífico: um cometa verde cintilante, com uma cauda de poeira larga e curta e uma cauda de íons longa e mais fraca.

Os cometas se transformam em sua forma icônica quando se aproximam de estrelas quentes e seus núcleos pegam fogo, expelindo rastros de gás e poeira enquanto cruzam o céu, deixando uma “cauda” que pode se alastrar por milhões de quilômetros.

Para escolher o melhor ponto de observação, consulte os aplicativos de observação do céu, como Google Sky, SkySafari ou Star Tracker, para monitorar a localização do cometa.


SOBRE A AUTORA

Connie Lin é jornalista e colaboradora da Fast Company. saiba mais