Comissão Europeia toma atitude inédita para controlar uso da Inteligência Artificial; entenda

Nova diretriz proíbe assistentes virtuais alimentados por inteligência artificial em encontros online: decisão sinaliza cautela frente ao avanço dos chamados “agentes de IA”

Mão robótica e mão humana quase em contato uma com a outra.
Comissão Europeia proíbe agentes de IA em reuniões virtuais, marcando postura mais conservadora diante do avanço dos assistentes digitais. Créditos: Freepik.

Flávio Oliveira 2 minutos de leitura

Se você pensou em enviar seu assistente virtual com Inteligência Artificial (IA) para uma reunião com representantes da União Europeia, é melhor mudar de ideia.

Isso porque a Comissão Europeia implementou uma nova regra que impede a presença de agentes automatizados em videoconferências oficiais — uma decisão que estreou recentemente em um encontro virtual com representantes de centros de apoio à política digital em todo o continente. Ou seja: está vetada a participação de bots de IA em reuniões oficiais.

"Nenhum agente de IA será permitido"

Durante a reunião, uma apresentação sobre etiqueta digital trazia o aviso direto: “Nenhum agente de IA será permitido”, deixando clara a nova política.

A Comissão confirmou a adoção da regra, mas evitou fornecer explicações adicionais sobre os motivos por trás da medida ou os seus desdobramentos práticos.

A decisão ocorre em meio à crescente popularização dos chamados agentes de IA, ferramentas capazes de executar múltiplas tarefas com autonomia e interagir em ambientes digitais — um passo além dos tradicionais chatbots.

De chatbots a assistentes autônomos

O uso mais difundido da inteligência artificial até o momento está em ferramentas como o ChatGPT, da OpenAI, que geram textos e informações ou executam uma única tarefa por solicitação humana.

Já os agentes de IA representam uma nova geração de aplicações: assistentes autônomos capazes de realizar diversas funções, como participar de reuniões online, registrar anotações e até fornecer respostas automatizadas durante as conversas.

Europa se prepara para o impacto da IA no cotidiano

Bruxelas tem se movimentado discretamente para acompanhar a incorporação desses agentes no dia a dia de empresas e cidadãos.

O tema foi abordado em um documento mais amplo da Comissão sobre mundos virtuais, divulgado em 31 de março. O texto define os agentes de IA como “aplicações de software criadas para perceber e interagir com ambientes virtuais”. Esses agentes podem “operar de forma autônoma”, ainda que suas ações estejam subordinadas a “regras específicas previamente definidas”.

Gigantes da tecnologia já testam seus próprios agentes

Empresas líderes no setor de IA já começaram a desenvolver versões experimentais de seus próprios agentes inteligentes. A OpenAI, por exemplo, lançou em janeiro o Operator, um protótipo de assistente digital capaz de realizar múltiplas tarefas dentro de um navegador.

A Microsoft também está investindo em ferramentas semelhantes por meio do seu Copilot, enquanto a francesa Mistral oferece uma plataforma para criação e personalização de agentes de IA.

Legislação ainda está em construção

Apesar do avanço da tecnologia, ainda não existe uma legislação específica que regule diretamente os agentes de Inteligência Artificial. Contudo, os modelos de inteligência artificial que os sustentam deverão seguir as diretrizes da recém-aprovada Lei de IA da União Europeia, que tem aplicação obrigatória em todo o bloco.

A questão sobre os agentes de IA também deve ganhar destaque em futuras discussões da Comissão sobre gestão algorítmica — conceito que envolve o gerenciamento de trabalhadores por meio de algoritmos —, previstas ainda para este mandato legislativo.

Com informações do jornal Politico.


SOBRE O AUTOR

Jornalista pela Universidade Federal de Pernambuco e mestrando em Ciências da Comunicação pela Universidade do Porto. Com passagem pel... saiba mais