Comunidade LGBT+ abraça o verde e amarelo na Parada e na Marcha Trans

No embalo do show de Madonna, que vestiu as cores da nossa bandeira, eventos tentam resgatar com inclusão e diversidade a identidade brasileira

Crédito: Rovena Rosa/ Agência Brasil

Camila de Lira 3 minutos de leitura

A Marcha do Orgulho Trans de São Paulo e a Parada LGBT+ querem ressignificar o verde e amarelo, aproveitando o empurrão dado dado pela cantora Madonna em seu show no Rio de Janeiro. Os organizadores pedem para que todes compareçam vestides nas cores da bandeira do país, como o símbolo da "retomada da identidade brasileira".

No dia 4 de maio, Madonna chamou Pablo Vittar para o palco, em Copacabana. Vestidas com a camiseta da seleção brasileira, ambas empunharam a bandeira nacional e dançaram ao som de "Music", uma versão tocada por músicos da escola de samba comandada por Pretinho da Serrinha.

No fundo do palco, projeções de fotos de brasileiros como Marielle Franco, Erika Hilton e Ailton Krenak engrandeciam o momento. De acordo com a organização da Marcha, "a bandeira verde-amarela havia sido apropriada pela ala mais retrógrada da sociedade, aquela que utiliza o amor à pátria como um disfarce para propagar o ódio." 

Crédito: Reprodução/ Redes Sociais

Para Pri Bertucci, produtor executivo da Marcha do Orgulho Trans e CEO da consultoria diversidade [DIVERSITY BBOX], ressignificar os símbolos nacionais é um passo importante na luta pela equidade.

"Reapropriação cultural e simbólica pode inspirar visões alternativas, possibilidades e trajetórias que desafiam o status quo de várias maneiras poderosas, convidando a novas formas de existir e se relacionar na sociedade", diz Pri.

O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. Em 2023, a média foi de 12 assassinatos por mês, com aumento de um caso por mês em relação ao ano anterior, informa a Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra). De acordo com o levantamento, dos 145 homicídios ocorridos no ano passado, cinco foram cometidos contra pessoas trans defensoras de direitos humanos.

UMA PARADA PARA AS DEMAIS

A 7ª Marcha do Orgulho Trans da Cidade de São Paulo e a 28ª edição da Parada LGBT+ de São Paulo vão acontecer nesta sexta-feira (31 de maio) e domingo (2 de junho), respectivamente. A Marcha é embalada pelo tema "Renascença de Gênero", uma ode à evolução contínua e à redefinição da identidade de gênero na sociedade contemporânea. 

Já a Parada SP leva para a avenida Paulista o tema "Basta de negligência e retrocesso no legislativo”. Em ano eleitoral, a organização reafirma o compromisso de apoiar representantes que promovam políticas públicas afirmativas e que estejam a favor dos direitos humanos.

Outra novidade é o lançamento de um edital de apoio às pequenas paradas que ocorrem em outras cidades, marcado para ocorrer no segundo semestre.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Parada SP, Nelson Matias Pereira, afirmou que a ideia do evento é ser um espaço para cobrar o legislativo e exigir voto consciente e crítico. Nesse sentido, o verde e amarelo tem conotação política.

Para Pri, os movimentos podem ter vozes e experiências diferentes, mas têm uma coisa em comum: a convicção de que outro mundo é possível.

"Aspiramos a uma sociedade na qual o trabalho, a comunidade, a arte e o amor sejam fontes de enriquecimento e não de divisão. Um futuro em que a solidariedade é a base sobre a qual construímos pontes entre nossas diferenças. Comprometemo-nos a lutar por esse futuro, a regar a semente da imaginação com ações concretas que promovam a inclusão e combatam o preconceito", diz. 

Estão confirmades para a manifestação as deputadas Erika Hilton, a vereadora Carolina Iara,  a estilista  Isa Silva e ativistas como Neon Cunha, Jovana Baby, Indianare Siqueira, Jaque Gomes de Jesus, Thaty Araujo, Van Marcelino, Sayonara Nogueira, Pri Bertucci, Rafael Carmo, Maite Schneider, Thiffany Odara, Junior Lima, Amanda Paschoal, entre outros nomes representativos do movimento trans no Brasil.


SOBRE A AUTORA

Camila de Lira é jornalista formada pela ECA-USP, early adopter de tecnologias (e curiosa nata) e especializada em storytelling para n... saiba mais