Conheça as 10 empresas mais inovadoras da América Latina em 2025
Dessa lista, nada menos que seis empresas são brasileiras: Alice, Casa dos Ventos, Vammo, netLex, Beep Saúde e InPlanet

A necessidade é a mãe da invenção, como dizem, e as inovações de destaque das empresas latino-americanas no ano passado surgiram de esforços para atender às necessidades da região.
Os serviços de fintech explodiram na região nos últimos anos – não é sem razão, portanto, que o Nubank apareça em terceiro lugar na lista geral das empresas mais inovadoras de 2025, feita pela pela Fast Company dos EUA.
Outro exemplo de empresa de serviços financeiros entre as mais inovadoras é a colombiana Bold, que expandiu seu sistema de pagamento com cartão de crédito em 2024 para uma solução bancária completa para seus clientes de pequenas empresas.
Em um ano no qual a IA se tornou uma parte presente nos pitches de muitas empresas, várias iniciativas brasileiras se mostraram bem sucedidas. A netLex capitalizou em uma área particularmente promissora para automação: contratos legais.
Já a seguradora de saúde Alice está aplicando IA para triagem de pacientes, alegando uma redução de 24% no tempo de triagem para consultas. Durante o surto de dengue no ano passado, a startup de saúde Beep Saúde, especializada em vacinação em casa, usou IA para ajudar a localizar e combinar pacientes e enfermeiros, vacinando mais de 22 mil pessoas.
E em um período no qual incêndios florestais, secas e doenças tornaram as consequências das mudanças climáticas inevitáveis, a sustentabilidade provou ser um ponto de inovação. A gigante eólica Casa dos Ventos intensificou projetos híbridos de energia solar e eólica para superar as limitações perenes da rede.
A Vammo, sediada em São Paulo, começou a expandir sua rede de estações de troca de baterias como parte de seu esforço para trazer motocicletas elétricas para a América do Sul. E a InPlanet preparou os primeiros créditos de carbono com base no “intemperismo avançado de rochas”, uma nova técnica de sequestro de carbono que utiliza subprodutos de mineração que, de outra forma, seriam descartados.

Veja a seguir a lista das empresas mais inovadoras da América Latina em 2025.
1. ALICE
A empresa de seguro saúde Alice tem seu próprio sistema de atenção primária digital. Fundada em 2020, arrecadou mais de US$ 175 milhões até o momento e usa a tecnologia para reduzir custos e melhorar os resultados.
Em 2024, a empresa integrou inteligência artificial em novas áreas de suas operações para reduzir o tempo gasto em tarefas administrativas, como entrada de dados, manutenção de registros médicos e triagem de pacientes.

Segundo a empresa, o uso de IA para ajudar na triagem de pacientes reduz o tempo médio do procedimento em 24%. Além disso, uma ferramenta de transcrição de áudio com um agente de IA generativa resume conversas e consultas, acelerando a manutenção de registros médicos.
A empresa afirma que isso levou a uma redução de 12% no tempo que os médicos gastam em consultas e de 50% no tempo que os enfermeiros gastam mantendo registros.
Alice credita essas inovações por facilitar sua expansão e estima lidar com mais oito mil consultas por ano sem aumentar o número de profissionais de saúde. O crescimento foi rápido: de 300 empresas clientes em meados de 2023 para mais de cinco mil atualmente.
2. BLENDER
O Blender foi lançado em 2023 e rapidamente se tornou um dos principais estúdios de streaming da Argentina, com mais de 1,6 milhão de seguidores e 360 milhões de visualizações em 2024 em seus vários canais de mídia social.
Embora os pilares do Blender sejam seis programas de duas horas que vão ao ar diariamente no YouTube, ele também impulsionou o formato, expandindo para conteúdo sob demanda com valores de produção mais altos.

Um desses programas, uma novela curta chamada "Un Futuro Sin Vos" (Um futuro sem você), atraiu a atenção da Amazon Prime. O Blender diz que agora está fazendo parceria com a Amazon para uma segunda temporada.
Em 2024, o Blender se mudou para uma casa grande no badalado bairro de Palermo, em Buenos Aires, transformando-a no Blender Club. Quem passa por lá consegue não só assistir aos talentos em ação pelas de janelas de vidro como, muitas vezes, podem parar e conhecê-los em eventos públicos, que vão de exposições de arte a festas e apresentações musicais.
O Blender também lançou o Stream Lab, um workshop itinerante onde ensina pessoas de outros segmentos da mídia sobre o modelo de streaming e como fazê-lo de forma mais profissional. "Somos o único serviço de streaming focado em profissionalizar todo mundo do setor", diz diz Juanita Groisman, diretora de mídia social do Blender.
3. CASA DOS VENTOS
No ano passado, o Fórum Econômico Mundial reconheceu o Brasil como líder da transição energética na América Latina. Mas dificuldades de acesso dos consumidores à rede elétrica limitam a quantidade de projetos de energia solar e eólica de grande escala que o país consegue implementar.
A Casa dos Ventos, uma grande geradora de energia renovável, já tem 1,8 gigawatts de energia eólica em operação, o suficiente para abastecer milhões de lares. A empresa diz que está pronta para dobrar sua capacidade em menos de dois anos.

Esse crescimento vem, em parte, de sua primeira incursão na energia solar. A empresa agora está desenvolvendo fazendas solares autônomas, bem como projetos híbridos, que adicionam sistemas de energia fotovoltaica a complexos eólicos, buscando otimizar o uso da capacidade de transmissão.
Por exemplo, na Bahia, a Casa dos Ventos está desenvolvendo 300 megawatts de energia solar para adicionar aos seus projetos eólicos Babilônia Centro e Babilônia Sul. Com avanços em engenharia e armazenamento de baterias, a empresa acredita ter superado os desafios que esses projetos vinham enfrentado.
Em outubro de 2024, a Casa dos Ventos assinou um acordo para fornecer energia de seu projeto Babilônia Sul para a OData, uma rede líder de data centers na América Latina.
4. VAMMO
A América Latina é o maior mercado para veículos de duas rodas fora do Sudeste Asiático, a esmagadora maioria dos quais funciona com combustíveis fósseis. A Vammo, startup de motocicletas elétricas sediada em São Paulo, lançada em 2022 por ex-funcionários da Tesla e da gigante de entregas regional Rappi, busca mudar isso.

Embora os menores custos de energia e manutenção possam torná-los uma opção mais acessível a longo prazo, os veículos elétricos de duas rodas são mais caros no início do que as motos padrão. Além disso, grandes grupos de usuários, como entregadores e mototáxis, não podem se dar ao luxo de gastar muito tempo recarregando baterias.
A solução da Vammo para esses problemas é um serviço de aluguel flexível e completo que inclui acesso a uma rede de estações de troca de baterias. Em julho de 2024, quando arrecadou US$ 5,4 milhões, a Vammo operava 100 estações de autoatendimento e cerca de mil motos. A Vammo diz que está trazendo cerca de 100 novas motos por semana.
A empresa ainda é jovem mas espera expandir em breve para outros mercados latino-americanos, talvez já no segundo semestre de 2025. Por enquanto, afirma ser a líder em motos elétricas na América Latina em registros totais de veículos e garante que, até agora, seus veículos evitaram a emissão de cinco toneladas de CO2 na atmosfera.
5. KILIMO
A agricultura é responsável por aproximadamente 70% do uso mundial de água doce – muito mais do que qualquer outra indústria. Eficiência é primordial à medida que as mudanças climáticas alteram os padrões climáticos e agravam a escassez local de água.
A Kilimo, empresa de tecnologia agrícola fundada na Argentina em 2014 e hoje operando no Brasil, Chile, Peru, Guatemala, México e Uruguai, busca reduzir o uso de água na agricultura com software inteligente.

Por um lado, a Kilimo combina dados meteorológicos e de satélite para orientar agricultores sobre irrigação eficaz, alegando reduzir o uso de água em até 20%. Por outro, compensa os agricultores medindo a economia de água e vendendo créditos para empresas que querem dizer que são "positivas em água". A Kilimo trabalha com conglomerados globais, incluindo Coca-Cola, Amazon e Microsoft.
Em 2024, a Kilimo começou a se concentrar em ajudar os agricultores a converter a irrigação por inundação para a irrigação por gotejamento, que desperdiça muito menos água.
Segundo o CEO e cofundador, Jairo Trad, a empresa adicionou cerca de 1,5 mil acres ao seu portfólio este ano e aumentou a receita em 120%, além de ter alcançado dois mil agricultores no total, ajudando a economizar mais 72 bilhões de litros de água.
6. BOLD
Se você for às compras com um cartão de crédito na Colômbia, provavelmente vai passá-lo em um terminal portátil feito pela Bold, fintech fundada em 2019 e especializada em ferramentas de pagamento para pequenas e médias empresas.

Nos últimos dois anos, a startup passou de 380 funcionários para mais de 800, que atendem a quase 150 mil comerciantes ativos mensais. A Bold acredita que pode triplicar sua participação de mercado (3%) nos próximos três a cinco anos.
Em outubro passado, após um processo de anos para obter a licença bancária, a Bold passou de terminal de cartão de crédito para uma solução bancária completa para pequenas empresas, com links de pagamento, um gateway de pagamento para comércio eletrônico, contas corporativas, cartões de débito corporativos e empréstimos.
Em menos de três meses após o lançamento dos novos produtos, a Bold diz que tinha 35 mil comerciantes usando as contas. O CEO José Vélez diz que a vantagem de ter uma única empresa como processadora de cartão de crédito e banco é que os comerciantes podem receber o dinheiro das vendas com cartão em tempo real, em vez de ter que esperar pelo próximo dia útil.
7. NETLEX
O sistema legal do Brasil é notoriamente congestionado, o que torna o país um território fértil para quem busca resolver esse problema. A startup de gerenciamento do ciclo de vida de contratos (CLM) netLex faz sua parte ao oferecer uma plataforma que agiliza a criação, negociação e assinatura de contratos usados por equipes jurídicas, comerciais, acordos de confidencialidade, acordos de serviço e contratos de vendas.

Fundada em 2014, a empresa agora trabalha com clientes na Colômbia, Argentina, Chile, México, EUA, Inglaterra, Espanha, França, Alemanha e Noruega. No Brasil, atende 100 das 500 maiores empresas do país.
A netLex continua a integrar inteligência artificial em sua plataforma, tendo introduzido recentemente um revisor de documentos e um assistente de bate-papo.
A empresa levantou US$ 23 milhões em uma rodada de financiamento em julho, que afirma ser o maior investimento até o momento em uma startup de CLM latino-americana. A netLex diz que usará esse financiamento para ajudar a expandir sua presença fora do Brasil e acelerar a integração de IA em seus produtos.
8. BEEP SAÚDE
O CEO Vander Corteze foi cofundador da Beep Saúde do Brasil em 2016 com o objetivo de se tornar a Amazon ou o Mercado Livre da saúde, levando serviços até a porta dos clientes. A empresa é especializada em vacinas em casa, enviando enfermeiros de "centros logísticos" para máxima conveniência.
Esse modelo de negócio cresceu durante a pandemia, quando a empresa expandiu seus serviços para testes de Covid-19. "O lado positivo foi que vimos esse processo de pessoas querendo atendimento em casa acelerando, e temos capturado esse crescimento", diz Corteze. "Somos metade saúde e metade uma empresa de logística."

Em 2024, quando o Brasil passou por um surto de dengue sem precedentes – com 6,4 milhões de casos prováveis e mais de cinco mil –, a Beep Saúde começou a entregar vacinas contra a dengue.
A empresa usou IA para ajudar a localizar e combinar pacientes e enfermeiros, vacinando mais de 22 mil pessoas. Corteze credita os modelos de logística robustos da empresa por atingir a lucratividade pela primeira vez no ano passado.
A mudança climática aumentou a gravidade da epidemia ao criar condições favoráveis à proliferação de mosquitos transmissores de doenças. Isso chamou a atenção para o trabalho da Beep Saúde no combate à disseminação da dengue e atraiu investimentos do Lightsmith Group, que se concentra na resiliência climática.
9. WILD FOODS
A empresa de alimentos sustentáveis Wild Foods tem como objetivo tornar lanches saudáveis tão acessíveis quanto junk food na América Latina. Fundada no Chile em 2017, se expandiu para o Peru, Colômbia e Estados Unidos.

Embora opções nutritivas para viagem estejam amplamente disponíveis nos Estados Unidos, elas são mais novas na América Latina. Em muitos supermercados, os produtos da Wild Foods são as únicas barras de proteína vegetal nas prateleiras.
A empresa entrou no México no final de 2023. Em agosto passado, seus produtos estavam disponíveis em cinco mil pontos de venda em todo o país. No mesmo mês, a Wild Foods levantou uma rodada de investimentos de US$ 25 milhões da empresa de private equity Glisco Partners para expandir ainda mais pela região.
10. INPLANET
Intemperismo acelerado de rochas (ERW, na sigla em inglês) é uma técnica inovadora que envolve a britagem de rochas de silicato e sua aplicação em campos de agricultura, onde a água da chuva traz nutrientes para os solos e sequestra carbono no processo.
Fundada em 2022 no Brasil, a InPlanet está focada em fazer o ERW funcionar nos trópicos, onde especialistas dizem que pode ser particularmente eficaz. É a única empresa certificada desse tipo na América do Sul.

A InPlanet obtém fragmentos de rocha basáltica (que normalmente são considerados como resíduos) e os tritura em um pó fino. Após a certificação, o pó é distribuído para fazendas locais, que podem usá-lo para substituir fertilizantes. Os agricultores pagam uma pequena taxa, mas a principal fonte de receita prevista é de empresas que desejam comprar créditos de carbono.
A InPlanet passou boa parte de 2024 preparando o que seriam os primeiros créditos de remoção de carbono ERW verificados de forma independente. Ela recebeu essa certificação em dezembro e anunciou os créditos semanas depois, no início de janeiro de 2025. Entre as empresas que se comprometeram a comprar créditos está a seguradora líder suíça AXA Switzerland.
Os certificadores descobriram que esse primeiro projeto poderia sequestrar até 2,7 mil toneladas de carbono espalhando 10 quilotons de pó de rocha em mil hectares de plantação de cana-de-açúcar.