Davos 2024: IA para todo lado e bilionários pedindo para pagar impostos
Inteligência Artificial é um dos temas principais do encontro de líderes globais em Davos, na Suíça
Ao chegarem à pequena cidade de Davos para a reunião anual do Fórum Econômico Mundial, que começou na segunda-feira (15 de janeiro), líderes mundiais e outros membros da elite global foram recebidos com anúncios e placas sobre inteligência artificial.
Na principal rua de Davos, o conglomerado indiano Tata ergueu uma loja temporária proclamando: "O futuro é a IA." Salesforce e Intel têm suas próprias mensagens sobre IA estampadas em prédios próximos.
Descendo a rua está a Casa da IA, um espaço que hospeda uma variedade de painéis com participação de figuras como o COO da OpenAI, Brad Lightcap, e o cientista-chefe de IA da Meta, Yann LeCun.
O CEO da OpenAI, Sam Altman, e o CEO da Microsoft, Satya Nadella, participaram de um evento na conferência principal com o título "IA Generativa: Motor a Vapor da Quarta Revolução Industrial?". Ao todo, a agenda da conferência inclui 11 painéis sobre inteligência artificial e governança de IA.
Preparando o terreno para as discussões, foi lançado um novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmando que a IA impactará 40% dos empregos no mundo. Esse número aumenta para 60% nas economias desenvolvidas.
O relatório também constata que os empregos de graduados e mulheres são os que mais têm chance de serem transformados pela IA. Por outro lado, essas mesmas pessoas são as mais propensas a se beneficiar da tecnologia com aumento de produtividade e de salários.
"Na maioria dos cenários, a IA provavelmente vai piorar a desigualdade geral, uma tendência preocupante que os formuladores de políticas públicas devem abordar proativamente para evitar que a tecnologia intensifique ainda mais as tensões sociais", escreveu a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva.
"É crucial para os países estabelecer redes de segurança social abrangentes e oferecer programas de requalificação para trabalhadores vulneráveis”, alertou.
Sem dúvida, o encontro de lideranças globais é um bom lugar para discutir as mudanças que a IA provavelmente vai trazer. Mas, se formos tomar como base os debates sobre mudanças climáticas, é provável que essa discussão toda acabe produzindo mais frases de efeito do que ações concretas.
MUITO RICOS QUEREM PAGAR MAIS IMPOSTOS
Enquanto a elite mundial participa da reunião em Davos, um grupo de bilionários e milionários divulgou uma carta demandando que os líderes eleitos tributem a extrema riqueza.
A mensagem vem na esteira da divulgação de um novo relatório da Oxfam (confederação internacional de organizações de combate à pobreza) que aponta que a classe bilionária global viu sua riqueza crescer 34% (ou US$ 3,3 trilhões) desde 2020, enquanto quase cinco bilhões de pessoas ficaram mais pobres.
A carta inclui centenas de assinaturas de super ricos, incluindo o cineasta Richard Curtis e as herdeiras Abigail Disney, Valerie Rockefeller e Ise Bosch. Ela faz parte da campanha "Proud2Pay" (Orgulhosos em Pagar), que incentiva os governos a aumentar os impostos sobre os muito ricos.
"Nossa solicitação é simples: pedimos a vocês que nos taxem, os mais ricos da sociedade", diz a carta. "Isso não vai alterar nosso padrão de vida nem privar nossos filhos, nem vai prejudicar o crescimento econômico de nossos países. Mas vai transformar a riqueza privada extrema e improdutiva em um investimento para o nosso futuro democrático comum”, diz o texto.
Não combater a desigualdade social argumentam os signatários da carta, apenas consolida o status quo e ameaça as normas democráticas.
a riqueza dos muito ricos cresceu 34% desde 2020, enquanto quase cinco bilhões de pessoas ficaram mais pobres.
Além da carta, foi divulgado um relatório que destaca o crescente fosso entre os poucos super ricos do mundo e o resto da população. Quase dois bilhões de pessoas lutam para cobrir os crescentes custos de vida, destaca o relatório.
Enquanto isso, a maioria dos países tributa a renda do trabalho (que é como a maioria das pessoas ganha a vida) a uma taxa mais alta do que os ganhos de capital, que é como a maioria dos ricos adquire e aumenta seus ativos. O relatório adverte que essa desigualdade está contribuindo para a diminuição da confiança nas instituições democráticas.
"A negligência das condições econômicas em que vivemos capacitou uma geração de líderes populistas que afirmam estar lutando pelos economicamente excluídos", diz o relatório.
Com informações de Michael Grothaus.