Detectado sinal de 9 bilhões de anos atrás – mas não, não são aliens
De acordo com os pesquisadores, o sinal vai ajudar a desvendar a história do universo

Em uma galáxia muito, muito distante, um único sinal de rádio, emitido por um dos primeiros átomos do universo, começou sua longa jornada pelo vazio. Agora, 8,8 bilhões de anos depois, aquele sinal foi captado por cientistas em um momento crucial para o estudo da misteriosa “Idade das Trevas” do espaço.
O sinal foi detectado pelo Rádio Telescópio Gigante Metrewave, localizado em Pune, na Índia – um campo com 30 antenas parabólicas apontando para o céu, cada uma com cerca de 45 metros de diâmetro.
É o sinal mais distante jamais captado por equipamentos na Terra, originado de uma galáxia nomeada pelos astrônomos como SDSSJ0826+5630, localizada a quase 9 bilhões de anos-luz de distância.
Pode ser até um sinal extraterrestre, mas não é o ET querendo ligar para casa.

Para os cientistas, a descoberta abre uma janela para o passado, permitindo entrever como era o universo quando tinha apenas um terço da idade atual.
De acordo com a LiveScience, a onda de rádio de 8,8 bilhões de anos foi emitida por um dos primeiros elementos criados, o hidrogênio neutro, formado a partir dos destroços do Big Bang, cerca de 400 mil anos após o “nascimento” do universo.
a descoberta abre uma janela para o passado, permitindo entrever como era o universo quando tinha apenas um terço da idade atual.
À época, nuvens de átomos de hidrogênio neutro se espalhavam pelo cosmos, durante o que os astrônomos chamam de “Idade das Trevas” – um tempo antes de as primeiras estrelas e galáxias se formarem, a partir da poeira estelar.
Por décadas, os cientistas esquadrinharam o céu em busca de traços de hidrogênio neutro, que eles esperavam iria determinar quando – e como – as primeiras estrelas e galáxias se formaram. Mas, por anos, a cansativa busca trouxe poucos frutos, já que esse tipo de sinal tem que vencer longuíssimas extensões de espaço e tempo.
Os átomos de hidrogênio neutro emitem radiação eletromagnética em um comprimento de onda de 21 centímetros, que cai na classe das ondas de rádio – cujas ondas mais longas e frequências mais baixas são mais propensas a serem abafadas pela estática cósmica.
Antes desta última descoberta, a mais longínqua onda detectada havia partido de um ponto a 4,4 bilhões de anos-luz de distância.
EINSTEIN ESTAVA CERTO – DE NOVO
Para captar um sinal vindo do dobro dessa distância, os pesquisadores se basearam na Teoria da Relatividade de Albert Eisntein, que postula que a gravidade, tanto da matéria quanto da energia, podem distorcer o espaço e o próprio tempo.
Trata-se do sinal mais distante jamais captado por um equipamento na Terra.
Isso explica um efeito chamado “lente gravitacional”, no qual uma grande massa (como uma galáxia) poderia distorcer a trajetória, digamos, de um sinal de rádio muito distante, permitindo que fosse captado por sondas do nosso planeta.
“A lente gravitacional amplifica o sinal vindo de um objeto distante de modo a nos ajudar a perscrutar o início do universo”, explica Nirupam Roy, professor assistente de física no Instituto Indiano de Ciência e co-autor do estudo.
“Neste caso específico, o sinal foi distorcido devido à presença de outro corpo massivo, outra galáxia, entre o alvo e o observador. Isso efetivamente resulta na amplificação do sinal por um fator 30, permitindo que o telescópio consiga detectá-lo.”
O sinal já permitiu aos cientistas medir a composição do gás na distante galáxia, cuja massa é estimada no dobro da de qualquer das estrelas visíveis da Terra. E isso é só o começo. Os pesquisadores esperam desvendar o fio da história do cosmos, oculta nas profundezas do espaço que antes estavam fora do nosso alcance.