Empresas de geração de energia crescem com modelo de compartilhamento
Estratégia de expansão foca na economia para os assinantes e na sustentabilidade do modelo
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Com o crescimento da consciência sustentável dos clientes, novos modelos de consumo de energia vêm se tornando mais populares, visando não só a preservação de recursos naturais, mas também um alívio na conta de luz. Um desses exemplos é a geração compartilhada, criada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2015.
Graças às resoluções normativas da agência (como a 482/2012 e a 687/2015) e a nova legislação, o mercado de energia foi aberto para que empresas de tecnologia pudessem conectar fazendas solares e eólicas diretamente a residências ou empresas, utilizando a própria rede de distribuição das concessionárias.
A energia compartilhada pode ser usada por um grupo de pessoas físicas ou jurídicas, por meio de consórcio ou cooperativa e que estejam em locais atendidos pela mesma rede distribuidora de energia.
A energia produzida nas fazendas solares é injetada na rede da distribuidora, utilizando a infraestrutura já existente, e o consumidor é compensado com créditos que são abatidos, automaticamente, da sua conta de luz, dentro de um prazo de utilização de cinco anos.
Criada em 2016, a Juntos Energia é um exemplo de empresa que consegue conectar usinas às redes das concessionárias via modelo de assinatura. Ela surgiu como projeto a partir do trabalho acadêmico de um curso da plataforma edx.org, criado por José Otávio Bustamante e Rodrigo Protázio.
As questões climáticas aceleraram a busca por uma matriz energética mais sustentável.
Ao final do curso, 400 protótipos foram submetidos a avaliação e o modelo de painel solar híbrido criado por Bustamante ficou entre os 20 selecionados para o Prototype Camp, no Sloan School of Management do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
DEMANDA EM ALTA
Depois dessa experiência com outros especialistas em geração de energia, o empreendedor decidiu criar um projeto baseado no modelo de negócio atual da empresa, focando no serviço de compartilhamento.
“As questões climáticas aceleraram a busca por uma matriz energética mais sustentável, especialmente nos EUA e Europa. Em alguns países, onde a adoção de energia compartilhada está mais madura, cobram dos consumidores tarifas mais caras do que a energia convencional”, explica Bustamante.
Segundo ele, mesmo assim há uma grande demanda de novos clientes, que preferem pagar mais caro para ter um serviço com menor impacto no meio ambiente.
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“As novas questões regulatórias e vocação climática do Brasil permitiram que conseguíssemos lançar um serviço que diminui o impacto no meio ambiente e ainda reduz a conta de luz dos consumidores em até 20%. É o tipo de inovação que não tem por que não adotar”, complementa.
O projeto venceu uma série de premiações e recebeu aceleração, mentoria e investimentos. Em 2021, foi incorporado pelo fundo de private equity norte-americano Alothon Group e Elétron Energy, uma das maiores empresas de energia elétrica e de gás natural do Brasil.
Hoje são mais de 20 mil clientes, quase todos (mais de 90%) moradores de apartamentos ou casas com contas acima de R$ 200. Recentemente, a procura de pequenas e médias empresas – padarias, farmácias, bares, açougues, restaurantes e academias, além de escritórios e pequenas – fábricas cresceu, representando 80% dos novos clientes.
Depois da aquisição, a Juntos Energia, que opera em Minas Gerais, em breve oferecerá portabilidade de energia em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso, Pernambuco, Pará e Maranhão. “Para isso, estamos fazendo uma série de parcerias e aquisições de mini e micro usinas, ofertando não apenas energia solar, mas também eólica, hidrelétrica e de biomassa”, afirma Bustamante.
STREAMING DE ENERGIA
Outra que começou em São Paulo atuando na área de energia solar compartilhável é a Sun Mobi.
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Fundada por Alexandra Susteras, Alexandre Bueno e Guilherme Susteras, a companhia hoje atende 27 municípios e também pretende expandir para Minas Gerais e Rio de Janeiro, atendendo consumidores e empresas.
O foco é tanto na economia para os assinantes quanto na sustentabilidade gerada pelo modelo. Segundo a Sun Mobi, 64,8 mil toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas nos próximos 30 anos, o que equivale a cerca de 410 mil árvores plantadas.
Para atrair clientes, a Sun Mobi se define como um streaming de energia, ou um sistema de energia solar por assinatura. O número de assinantes cresceu quatro vezes no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado em São Paulo e a redução na conta luz chega a quase 15%.