Ensino de programação pode ajudar jovens a entrar em um mercado onde falta gente

Projetos sociais ensinam estudantes a trabalhar em equipe, ser empreendedores e reconhecer oportunidades de negócios

Crédito: Fast Company Brasil

Redação Fast Company Brasil 2 minutos de leitura

(IPTI), que organiza o evento.

Quando se fala em programação, logo vem à cabeça códigos, números, fórmulas e telas de computador. Porém, nesta quinta, dia 11, o congresso UP – Utopia Pragmática trouxe um painel que “bugou” a mente de quem pensa assim.

O debate “Ensino de programação – fronteiras e oportunidades de transformação social e novos negócios” mostrou que empatia e lado humano são os principais conceitos no meio de tanta tecnologia.

O painel contou com a participação de Karen Kanaan, sócia da 42 São Paulo, considerada uma das maiores ONGs de educação em tecnologia do mundo, e de Saulo Barretto, cofundador do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), que organiza o evento.

“Para programar é preciso empatia, escuta e a reprogramação de uma vida, não somente de um código”, disse Karen ao abrir o debate e mostrar o trabalho da 42 São Paulo, que atua na formação de jovens programadores.

Assim como a organização liderada por Karen, o IPTI tem um projeto de tecnologia social voltado para o desenvolvimento de profissionais de programação, chamado CLOC. Quem apresentou o modelo foi o presidente do instituto, Rodrigo Almeida, que também mediou o debate.

O CLOC promove o empreendedorismo criativo e digital em comunidades de extrema pobreza e distantes dos grandes centros urbanos. O primeiro caso de sucesso está acontecendo no município de Santa Luzia do Itanhy, em Sergipe, onde fica a sede do IPTI. Mais de 1,2 mil adolescentes já foram beneficiados com formação em programação e empreendedorismo.

Projeto CLOC promove o empreendedorismo criativo e digital

Até uma startup já surgiu, a CITI2. A empresa oferece cursos e serviços de programação para sites e aplicativos, além de identificar adolescentes com talento em raciocínio lógico e montar núcleo de trabalho em TI.

“Não é apenas sobre programar, é sobre ter outras perspectivas, quebrar barreiras e fazer jovens enxergarem um potencial que nem sabiam que tinham. Além de saber sobre códigos, eles aprender a ter autoconfiança, a trabalhar em equipe, a reconhecer oportunidades de negócios e sobre empreendedorismo”, afirmou o presidente do IPTI.

QUEBRANDO O CICLO DA POBREZA

Para Saulo Barretto, um dos idealizadores do CLOC, referências e exemplos são caminhos importantes para o sucesso de projetos de tecnologia social.  Ele destaca também a confiança como um passo importante nessa jornada.

“O elemento confiança é uma mola fundamental para a prosperidade. Quando uma das coordenadoras do projeto ouve de uma aluna que ela é um exemplo de professora, programadora e dona da própria empresa, falamos de autoestima e humanidade”, afirmou Barretto.

O reforço para este olhar das pessoas em primeiro lugar veio da fala de Karen: “A maior tecnologia é o humano. Para nos desenvolvermos plenamente precisamos de espaço para decidir, contribuir, criar, pensar, discutir. Programar vai muito além de digitar um código, é preciso pensamento crítico. Podemos exercitar todas essas habilidades”, disse.

Para finalizar o debate, o cofundador do IPTI, trouxe uma importante provocação. “Transformação social não é intervenção. É uma mudança de mentalidade, tanto das comunidades subestimadas quanto dos investidores de projetos de impacto social.”


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