Esta marca vai dar US$ 1 mil a quem ficar fora das redes sociais até a eleição
Campanha de marketing de fabricante de iogurte foca no discurso tóxico durante a campanha eleitoral para a presidência dos EUA
O que combina melhor com iogurte no café da manhã? Segundo a marca norte-americana Stonyfield, talvez seja passar um tempo longe das redes sociais.
Com o desafio “Toxic-Free Election” (eleição não tóxica), a empresa está incentivando seus clientes a não usarem plataformas de mídia social durante o mês de outubro, antes da eleição presidencial dos EUA – e promete recompensar 100 participantes, que serão escolhidos através de sorteio, com US$ 1 mil.
À primeira vista, iogurte e política podem parecer uma combinação improvável, mas a empresa garante que faz todo o sentido se olharmos mais de perto.
“Faz parte do DNA da Stonyfield ajudar os consumidores a evitar toxinas no dia a dia”, explica Kristina Drociak, diretora de relações públicas da empresa. “Estamos sempre buscando maneiras de ajudar as pessoas a ‘desintoxicar’ suas vidas, e este ano encontramos uma nova forma de fazer isso.”
Ao longo de seus 40 anos, a Stonyfield, que produz iogurtes orgânicos, já promoveu iniciativas para acabar com o uso de pesticidas em parques públicos e para reduzir as emissões de carbono em suas próprias operações.
Sua equipe de comunicação está sempre em busca de ideias criativas para ajudar o meio ambiente e reforçar os benefícios do iogurte. Este ano, surgiu a pergunta: quais outras fontes de toxicidade podemos combater?
Durante uma sessão de brainstorming, a equipe chegou à conclusão de que, especialmente em anos de eleição, um dos ambientes mais tóxicos são as redes sociais. Embora essas plataformas possam ser uma forma divertida de manter contato com amigos, ler notícias e ver memes, elas muitas vezes acabam se tornando uma fonte inesgotável de opiniões extremistas, humor mórbido e desinformação desenfreada.
“Pensamos que, se incentivássemos as pessoas a saírem das redes sociais no mês que antecede a eleição [nos EUA] , isso poderia melhorar suas vidas e, talvez, contribuir um pouco para o bem-estar geral”, diz Drociak.
A Stonyfield não se sente intimidada com a ideia de falar sobre política, mas ressalta que a campanha não tem um viés partidário.
Um estudo recente realizado por cientistas da computação da Universidade Cornell e da Universidade da Califórnia mostra que as pessoas tendem a interagir mais com conteúdos polarizadores e que os algoritmos do Twitter (atual X) promovem cada vez mais postagens que geram raiva.
O estudo analisou tuítes exibidos para quase mil pessoas e identificou uma forte ênfase em conteúdos com apelo emocional, que provocavam reações intensas.
Criadores de conteúdo em várias plataformas costumam usar os chamados “ragebaits” – posts que inflamam o público – como forma de aumentar o engajamento e a quantidade de comentários. Até 2021, os engenheiros do Facebook amplificavam o alcance de postagens que recebiam mais emojis de raiva.
Em vez de dizer para evitarem discussões acaloradas, a Stonyfield está incentivando seus consumidores a se afastarem das redes sociais no mês que antecede a eleição presidencial norte-americana, oferecendo dinheiro como recompensa.
Os interessados podem se inscrever no site da marca, comprometendo-se a ficar longe das plataformas da Meta durante o mês de outubro. A empresa vai selecionar aleatoriamente 100 pessoas para receber US$ 1 mil.
A Stonyfield confiará na palavra dos participantes e não vai monitorar suas atividades nas redes sociais. Desde que tentem reduzir o uso, ou pelo menos reflitam sobre isso, todos saem ganhando.
A fabricante não se sente intimidada com a ideia de falar sobre política, mesmo sabendo que marcas como Disney, Target e Bud Light enfrentaram reações negativas e boicotes nos últimos anos por esse tipo de abordagem. Mas ressalta que a campanha não tem um viés partidário.
“Não estamos dizendo em quem votar”, afirma Drociak. “Mas a Stonyfield sempre vai dizer: vote pelo clima.”