Estudo mostra que 15% das contas do Twitter na China são robôs

Elon Musk e as autoridades federais dos Estados Unidos querem saber o nível da atividade falsa no Twitter

Crédito: Jeremy Bezanger/ Unsplash

Mark Sullivan 3 minutos de leitura

A empresa israelense de segurança de marketing Cheq afirma que pelo menos 15% das contas chinesas do Twitter provavelmente são robôs – conhecidos como “bots”.

A plataforma de segurança da Cheq atua identificando e filtrando o tráfego inválido (como bots) que visitam os sites de seus clientes de marketing. Assim, ela consegue enxergar e estudar bots e outras contas falsas que seguem anúncios e links orgânicos do Twitter para esses sites. Em julho foram analisadas 879 mil visitas e detectados de quais sites vinham esses bots, bem como o país em que a conta foi criada.

A análise mostrou que 7,5% do tráfego no Twitter foi considerado inválido pelo software da Cheq. Por "inválido" a empresa quer dizer que as contas do Twitter que clicaram nos anúncios eram de botnets, rastreadores e mineradores de dados ou de ferramentas de automação, e não de usuários legítimos que clicaram em anúncios.

A Cheq, vale ressaltar, é liderada por ex-membros da Unidade 8200 de inteligência de Israel, que é comparável à Agência de Segurança Nacional dos EUA.

O chefe global de marketing da Cheq, Daniel Avital, aponta que o tráfego total de bots no Twitter, na prática, pode ser bem maior, já que a empresa capturou apenas contas que clicaram em anúncios ou em links orgânicos. O Twitter não respondeu a um pedido de comentário sobre o assunto.

MEIO MILHÃO DE CONTAS EXCLUIDAS POR DIA

Os dados, que parecem consistentes com relatórios anteriores de contas de bots chineses, vieram à tona justamente no momento em que o Twitter se prepara para ir à justiça para obrigar Elon Musk a cumprir o compromisso de compra da empresa por US$ 44 bilhões. O bilionário dono da Tesla e da SpaceX alega que o Twitter havia escondido o quanto a rede social está infestada de bots.

o tráfego total de bots no Twitter pode ser bem maior, já que foram capturadas apenas contas que clicaram em anúncios ou em links orgânicos.

Em maio, o CEO do Twitter, Parag Agrawal, tuitou que, pela contagem da própria empresa, os bots representam menos de 5% dos mDAUs (usuários ativos diários monetizáveis) na plataforma. Agrawal não fez segredo sobre o problema dos bots, mas enfatizou que estão trabalhando para resolver o problema.

“Suspendemos mais de meio milhão de contas de spam todos os dias, geralmente antes que qualquer um de vocês as veja”, escreveu no Twitter. “Também bloqueamos milhões de contas a cada semana que suspeitamos serem spam , caso elas não consigam passar por desafios de verificação humana (captchas, verificação por telefone etc.).”

Mais recentemente, o ex-líder de segurança do Twitter, Peiter “Mudge” Zatko, disse aos membros do Congresso norte-americano que o gerenciamento da plataforma não tem motivação nem recursos para investigar e entender completamente o verdadeiro número de bots em ação.

Em maio passado, quando a Cheq fechou o estudo de um ano inteiro de tráfego (5,2 milhões de visitas ao site), já havia descoberto e documentado que 29% do tráfego chinês do Twitter poderia ser classificado como inválido. Do tráfego global, 11,7% foi considerado inválido.

Avital explica que ninguém fora do Twitter tem acesso a dados de todos os usuários e de suas atividades. Portanto, pesquisar pessoas e/ou bots que clicam fora da plataforma para ir para outro lugar pode ser a melhor maneira disponível para detectar as contas inválidas na rede social.


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais