Cansado de ver sua própria cara na tela do Zoom? A psicologia explica por quê

Nova pesquisa aponta que a "insatisfação com a aparência do próprio rosto" pode explicar por que as pessoas estão tão cansadas de reuniões virtuais

Crédito: ACWells/ Pixabay

Jennifer Mattson 2 minutos de leitura

Você está sofrendo de "fadiga do Zoom"? Não aguenta mais participar de chamadas de vídeo várias vezes por semana ou até todos os dias? Pois é... De acordo com um novo estudo, o motivo pode ser porque você está cansado de olhar para o próprio rosto.

O estudo, feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan e publicado no periódico PLOS One, descobriu que a "insatisfação com a aparência facial" pode explicar o cansaço que as pessoas sentem ao usar a tecnologia de videoconferência.

O aumento de reuniões virtuais no trabalho, especialmente com o crescimento do trabalho remoto, faz com que a gente passe muito mais tempo na frente da câmera. Esse hábito tem implicações importantes para a produtividade e para o bem-estar individual, segundo os pesquisadores.

"Nosso estudo destaca que a insatisfação com a imagem dos nossos rostos contribui para a fadiga do Zoom, levando a uma adoção menor das tecnologias de reunião virtual", diz Chaeyun Lim, autora do estudo.

A pesquisa analisou ainda os "recursos de gestão de imagem” – ferramentas que permitem aos usuários ajustar o vídeo da câmera para melhorar sua aparência – e descobriu que a insatisfação com a aparência do rosto "também impulsiona o uso dessas funcionalidades de gestão de imagem, destacando a necessidade de tratar do bem-estar dos trabalhadores em ambientes de comunicação virtual".

Em outras palavras, os pesquisadores descobriram que pessoas que não gostavam de como se viam sentiam mais a fadiga do Zoom e viam as reuniões virtuais como menos úteis, o que as tornava menos interessadas em adotar a tecnologia. Juntas, essas descobertas ajudam a entender por que algumas pessoas estão menos dispostas a participar de reuniões virtuais.

O estudo contou com 2.448 trabalhadores dos Estados Unidos, que responderam a uma pesquisa de 15 minutos. O grupo incluía profissionais, técnicos e cientistas que trabalhavam remotamente pelo menos parte do tempo e participavam regularmente de reuniões virtuais.

Esta não é a primeira pesquisa sobre sentimentos negativos relacionados a reuniões virtuais. Outro estudo de pesquisadores austríacos, feito em 2023, examinou os efeitos das videoconferências diretamente no cérebro e no coração. Eletrodos foram colados na cabeça e no peito de 35 estudantes que participaram de palestras de 50 minutos por videoconferência e presencialmente.

De acordo com as medições no cérebro e no coração, os estudantes apresentaram níveis significativamente mais altos de cansaço, sonolência, negatividade e tristeza, além de menor atenção, depois das videoconferências, quando comparado às palestras presenciais.

QUAL SERIA A SOLUÇÃO PARA A FADIGA DO ZOOM?

Segundo René Riedl, da Universidade de Tecnologia de Graz, co-autor do estudo austríaco, trabalhadores e empresas podem adotar práticas como agendar intervalos regulares. A recomendação é fazer uma pausa depois de 30 minutos de reunião.

"Com base nos nossos resultados de pesquisa, descobrimos que passados 50 minutos de videoconferência, mudanças significativas na fadiga fisiológica e subjetiva podiam ser observadas. Além disso, pode ser bom utilizar funcionalidades como 'modo de exibição do palestrante' para diminuir a intensidade do contato visual contínuo."


SOBRE A AUTORA

Jennifer Mattson é colaboradora da Fast Company e escreve sobre trabalho, negócios, tecnologia e finanças. saiba mais