Festival Mundial da Criatividade quer focar em soluções para o planeta

CEO do festival, Julius Wiedemann fala sobre a importância do evento e da criatividade no cenário brasileiro

Crédito: Sasin Paraksa/ iStock

Rafael Farias Teixeira 3 minutos de leitura

O Festival Mundial da Criatividade 2024, que acontecerá nos dias 19, 20 e 21 de abril, quer se expandir do centro para os bairros das 32 subprefeituras de São Paulo. No domingo (21), Dia Mundial da Criatividade, o evento se concentra no Parque Ibirapuera, com o New Earth Summit, incluindo palestras, shows e uma homenagem aos 20 anos da economia criativa como política global da ONU.

"Esperamos construir um território onde o Brasil possa atrair talentos e ideias de todo o mundo e liderar esse encontro. Somos muito bons em criar ambientes. Temos que utilizar isso melhor", diz Julius Wiedemann, CEO do Festival. 

"Trabalhei mais de 20 anos em cidades enormes, cosmopolitas, como Tóquio, Londres e Los Angeles. Mas há poucas como São Paulo. Precisamos desse ambiente diverso e miscigenado para que a plataforma tenha não apenas a cara do Brasil, mas também para que seja um palco que o mundo reconheça como seu próprio."

Segundo a organização do evento, serão mais de 500 atrações pela capital paulista. O Dia Mundial da Criatividade também será celebrado com atividades em 100 cidades brasileiras e em outros 12 países ao redor do mundo.

A Fast Company Brasil conversou com Wiedemann para entender as mudanças e expectativas dessa edição.

FC Brasil – Quais são as expectativas para essa edição?

Julius Wiedemann – Esperamos mais de 100 mil participantes na contagem geral e ainda vamos ter mais de 100 cidades envolvidas no Dia Mundial da Criatividade, o que pode dobrar esse número.

Sobre os convidados, vamos ter  nomes como Julia Watson, referência no assunto de tecnologias ancestrais, o publicitário Marcello Serpa, falando de sua carreira, e outros nomes que serão confirmados. Dos palestrantes, 70% serão brasileiros e queremos que eles façam mais de uma palestra cada, em áreas diferentes da cidade, dando mais oportunidades à audiência.

FC Brasil – Quais os temas mais importantes para os debates desta edição?

Julius Wiedemann – Queremos focar em soluções para o planeta. Apesar de ser um tema muito explorado, ainda não temos uma conferência criativa que reúna inovação, meio ambiente e criatividade debaixo de um só guarda-chuva. É muito importante que o Brasil lidere essa agenda.

Estamos passando por desafios econômicos e geopolíticos profundos. Mas o desafio ambiental é o que mais ameaça a nossa existência, junto com a inteligência artificial – que, claro, será uma de nossas transversais, assim como eficiência e tecnologia.

Crédito: Junia Fatorelli

FC Brasil – Como isso será abordado?

Julius Wiedemann – Os debates devem girar em torno de três pilares: regeneração e conservação, transformação e, por último, substituição. Não conseguimos mudar tudo ao mesmo tempo. Temos que manter o olhar no futuro desejado e, ao mesmo tempo, entender o que podemos fazer hoje. Como diz meu amigo Marcelo Milla: comece pequeno, pense grande e ande ligeiro.

FC Brasil – Quais são os principais desafios de um evento como esse?

Julius Wiedemann – O principal desafio é comunicar que o evento será uma oportunidade de estar em lugar com cabeças pensantes, onde se trocam ideias, e que as pessoas não achem que é o mesmo que escutar a um podcast. Para isso, cada palestra tem que ser especial. Estarmos juntos para imaginar o futuro é muito importante. E não é fácil.

FC Brasil – Qual a importância de eventos como o Festival Mundial da Criatividade?

Julius Wiedemann – A importância de eventos como esse vai aumentar. As boas ideias nascem muito da confiança na troca. Ouvi outro dia uma frase genial: me julgue por quão boas são minhas boas ideias, e não por quão ruins são minhas ideias ruins.  Queremos e precisamos estabelecer essa confiança no mundo da inovação. Porque quem ganha é a humanidade.

FC Brasil – Como vê o ecossistema de criatividade e inovação no Brasil?

Julius Wiedemann – O Brasil é um país extremamente criativo. O problema é que não temos nem canais, nem mercado para escoar tudo que produzimos e pensamos. Temos que nos atirar mais para o mundo, o que exige um esforço colossal, a começar pela educação.

Somos um celeiro de empreendedores que, mesmo com poucos recursos, fazem muito. Imagina se tivéssemos mais infraestrutura?

Estamos melhorando, temos bons exemplos de empresas empreendedoras, de fundos que investem em talento local. Mas, no geral, quase não temos ganho de eficiência. Isso atravanca muita coisa. O intercâmbio com o exterior tem que aumentar para além dos ricos. Com isso, podemos subir nossa barra de exigência.


SOBRE O AUTOR

Rafael Teixeira Farias tem mais de 14 anos de carreira em jornalismo e marketing digital, além de sete livros de ficção já publicados. saiba mais