IA no serviço público? Reino Unido firma acordo com a OpenAI; entenda

Parceria prevê aplicação da tecnologia em áreas como educação, segurança, justiça e saúde, com promessa de crescimento econômico

Inglaterra adota inteligência artificial no serviço público
Créditos: Ramberg/ Getty Images/Steve Johnson/ Unsplash

Guynever Maropo 2 minutos de leitura

A OpenAI firmou um acordo com o governo do Reino Unido para utilizar Inteligência Artificial (IA) com o objetivo de aumentar a produtividade nos serviços públicos. A parceria envolve acesso da empresa a dados governamentais e uso de seus sistemas, como o ChatGPT, em setores como educação, defesa, segurança e justiça.

Segundo reportagem da BBC, o secretário de Tecnologia, Peter Kyle, afirmou que a IA será uma ferramenta essencial para transformar os serviços públicos e impulsionar a economia britânica.

Segundo ele, a integração da tecnologia permitirá que servidores se concentrem em situações de alta complexidade, enquanto tarefas repetitivas seriam automatizadas. A iniciativa está alinhada ao “Celandion”, plano estratégico britânico de inovação tecnológica em serviços públicos, apresentado no início do ano.

A colaboração prevê ainda um programa de compartilhamento de informações e o desenvolvimento de salvaguardas para proteger o público e os valores democráticos.

A OpenAI também se comprometeu a expandir sua infraestrutura de IA no país, incluindo a ampliação de data centers e a contratação de mais profissionais para o escritório de Londres, que já conta com mais de 100 funcionários.

Embora não seja juridicamente vinculativo, o acordo estabelece metas para a cooperação entre a empresa e o governo britânico. O diretor-executivo da OpenAI, Sam Altman, declarou que a parceria promoverá prosperidade e desenvolvimento para a sociedade. A proposta integra o Celandion como um dos pilares para inovação sustentável.

O reitor associado de pesquisa da Universidade de Salford, Gordon Fletcher, destacou que a IA pode liberar servidores para tarefas mais desafiadoras, mas alertou para a necessidade de transparência no uso de dados públicos. Entidades de direitos digitais, como a Foxglove, criticaram a proposta por falta de clareza e apontaram riscos à privacidade.

O governo britânico busca reverter o baixo crescimento econômico, estimado em apenas 0,1% a 0,2% no segundo trimestre de 2025, por meio do incentivo à inovação. Em janeiro, o primeiro-ministro Keir Starmer lançou o "Plano de Ação de Oportunidades de IA", com apoio de grandes empresas do setor. O Reino Unido também já firmou acordos com as empresas Google e Anthropic.

A adoção da IA no país já enfrenta resistência em setores como o musical, devido ao uso não autorizado de obras para treinar sistemas de IA generativa, como os da OpenAI. A tecnologia, embora poderosa, é alvo de críticas por possíveis violações de direitos autorais e pela disseminação de informações imprecisas.

Apesar das controvérsias, o governo aposta no uso de modelos da OpenAI como parte da plataforma "Humphrey", voltada para otimizar o serviço público. O futuro da IA no Reino Unido, segundo autoridades, dependerá do equilíbrio entre inovação, segurança e ética no tratamento de dados.


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Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais