Instagram é tomado por protestos de artistas contra a revogação da lei sobre o aborto
De acordo com um rascunho divulgado pelo Politico, a Suprema Corte dos Estados Unidos votará para derrubar a decisão Roe v. Wade, que legalizou o aborto até o primeiro trimestre em todo o país. Se a nova decisão final do tribunal, prevista para o próximo mês, se assemelhar a esse esboço inicial, ela acabará com a proteção federal dos direitos ao aborto, deixando para cada estado determinar se o aborto é legal.
Não é difícil prever o que pode acontecer depois disso: os 26 estados que já têm leis que dificultam o aborto provavelmente vão bani-lo de vez. Na verdade, 13 deles já têm proibições engatilhadas, prontas para entrar em vigor automaticamente se a Roe v. Wade for derrubada. Isso significa que em mais da metade dos estados dos Estados Unidos, o aborto se tornaria ilegal – e em muitos casos, não haveria sequer exceção para estupro ou incesto.
Como resposta a esse terrível retrocesso, diversos designers e artistas (profissionais ou amadores), usaram as redes sociais como suporte para poderosos protestos. Reunimos aqui uma seleção do melhor que vimos.
A estilista Jessica Walsh usou um casaco roxo e flores amarelas para homenagear as cores do movimento sufragista e, ao mesmo tempo, dar o seu recado. “Por trás do sucesso de muitas mulheres que nos inspiram, há um aborto do qual elas não se arrependem.”
Debbie Millman, famosa podcaster de design e editora da Print Magazine, fez uma postagem mais sóbria: três cabides evocam o método perigoso de interrupção da gravidez, ao qual as pessoas recorriam frequentemente antes de a lei vigente garantir o direito ao aborto.
Brittany Paige é uma ilustradora de Nova Jersey que postou o equivalente a um cartaz digital. Cada letra de BODY aparece levantada pelas mãos de diferentes mulheres.
Rajiv Fernandez, arquiteto que trabalha como ilustrador, desenhou um cabide retorcido no formato do mapa dos Estados Unidos. O pano de fundo vermelho parece ser uma referência ao sangue ou ao Partido Republicano. Ou a ambos.
Willa Hammitt Brown, professora de redação em Harvard, customizou uma capa de livro. Nela, lemos: “Não há fúria maior do que a de uma mulher ofendida” (uma expressão idiomática originada de uma frase do dramaturgo William Congreve em 1697). Mas Brown levou a expressão a outro nível ao trazê-la para esse contexto.
Em uma obra de arte autoexplicativa, o pintor da Pensilvânia Kyle Kuczma criou uma frase que subverte a lógica machista da nossa estrutura social, revelando o seu absurdo: “Salve uma mulher, castre um homem”.
A ilustradora finlandesa Sari Airola - que escreve livros e cria roupas para crianças - fez uma ilustração de revirar o estômago: o sangue da violência sexual escorre entre as pernas de uma menininha, sem que ela tenha seus direitos reprodutivos garantidos.
A designer-ilustradora Gaby Flores deixou uma mensagem clara, moldada no ferro de um cabide. O fundo abstrato tem cores que remetem à carne e ao sangue.
Por fim, a artista Caitlin Blunnie criou uma ilustração que já viralizou. Nela, manifestantes levantam cartazes do lado de fora da Suprema Corte.
(Com base em reportagem de Mark Wilson, redator sênior da Fast Company)