Itália, Espanha e Grécia passam a cobrar taxas de turistas. Moradores protestam

Em Veneza, que se tornou a primeira cidade do mundo a implementar a taxa, manifestantes argumentam que o acesso deveria permanecer livre para todos

Créditos: Mathew Schwartz/ Tomáš Nožina/ Vangelis Kovu/ Unsplash

Sarah Bregel 2 minutos de leitura

Viajar está ficando mais caro. Os preços das passagens aéreas e de hospedagem estão altíssimos, graças à inflação e ao aumento das viagens no pós-pandemia. Mas agora, para visitar alguns destinos famosos, turistas terão que pagar uma taxa adicional.

Vários países europeus, como Espanha, Grécia e Alemanha, já começaram a cobrar taxas para turistas que entram no país. Agora, Veneza se tornou a primeira cidade do mundo a implementar a cobrança.

Embora os turistas possam encarar isso como uma despesa adicional, o objetivo é combater o chamado “overturismo”, ou turismo em excesso, ao mesmo tempo que impulsiona a economia local.

No entanto, nem todos os moradores consideram a medida algo positivo. Em Veneza, manifestantes entraram em confronto com a polícia durante um protesto contra a cobrança da taxa – no valor de € 5 (cerca de R$ 28). Enquanto funcionários verificavam os bilhetes fora da estação ferroviária de Santa Lúcia, alguns manifestantes protestavam no local.

Giovanni Andrea Martini, morador que participou do protesto, disse ao jornal britânico “The Guardian” que “Veneza está se transformando em um museu, um parque temático”.

Turistas lotam ruas de Veneza (Crédito: rglinsky/ iStock)

Muitos compartilham do mesmo sentimento, argumentando que cobrar uma taxa não vai resolver o problema do overturismo e que negar às pessoas o direito de visitar a cidade histórica sem custo é injusto.

Enquanto isso, outros nas redes sociais defendem que a medida ajudará a cidade e que o preço é relativamente baixo para desfrutar de Veneza.

O prefeito da cidade, Luigi Brugnaro, explicou o objetivo do programa em uma declaração no X/ Twitter. “Com coragem e grande humildade, estamos introduzindo este sistema porque queremos dar um futuro a Veneza e deixar este patrimônio da humanidade para as gerações futuras”, escreveu ele.

Esse tipo de medida deve se tornar cada vez mais comum, especialmente em lugares onde o turismo aumenta no verão.

Brugnaro também observa que, embora a cidade seja a primeira do mundo a implementar a medida, o turismo excessivo é um problema enfrentado por muitas outras. “Com esta medida, queremos melhorar a qualidade de vida em Veneza, queremos torná-la mais segura, limpa e com mais serviços, para garantir tranquilidade aos cidadãos e visitantes”, disse ele.

Embora nem todos concordem com a nova taxa, é importante observar que as taxas para turistas não são exatamente novas. Cobranças semelhantes muitas vezes estão embutidas nos custos dos hotéis, como “impostos de ocupação hoteleira”.

Para alguns destinos populares onde os habitantes locais têm sentido o impacto dos desastres naturais, a medida pode ser benéfica de várias maneiras. Por exemplo, no verão passado, incêndios florestais devastaram a ilha de Maui, no Havaí, e causaram enormes prejuízos para a comunidade. Agora, um projeto de lei de uma taxa para turistas visa compensar o impacto do desastre.

Incêndio destruiu parte da ilha de Maui, no Havaí (Crédito: Prefeitura de Lahaina)

Esse tipo de medida deve se tornar cada vez mais comum, especialmente em lugares onde o turismo aumenta no verão. E isso ocorre em um momento no qual os preços das viagens em geral estão subindo: o Parque Nacional Galápagos, por exemplo, que atualmente cobra US$ 100 de entrada, dobrará o valor da taxa a partir de 1º de agosto.

Resta saber se o aumento dos custos de viagem conseguirá conter o overturismo.


SOBRE A AUTORA

Sarah Bregel é uma escritora, editora e mãe solteira que mora em Baltimore, Maryland. Ela contribuiu para a nymag, The Washington Post... saiba mais