Jonathan Haidt vai lançar versão infantil do livro “A Geração Ansiosa”
Obra será voltada para público entre 8 e 12 anos; proposta é criar diálogo entre pais e filhos sobre o uso de tecnologia

Jonathan Haidt vai lançar uma versão infantil do best seller "A Geração Ansiosa". O livro que provocou debate global sobre os impactos do uso precoce de smartphones e redes sociais no desenvolvimento de jovens será adaptado para o público de oito a 12 anos de idade.
Com o título "The Amazing Generation: How to Choose Fun and Freedom in a Screen-Filled World" (A Geração Incrível: como escolher diversão e liberdade num mundo tomado por telas, em tradução livre), a obra propõe ser um guia prático para ajudar crianças e adolescentes a se desconectar das telas e “evitar os erros cometidos pela geração anterior”.
O livro será publicado nos Estados Unidos no dia 30 de dezembro. Segundo o autor, a Cia das Letras adquiriu os direitos para publicação no Brasil, mas ainda não há data oficial para o lançamento no país.
O psicólogo norte-americano se juntou à jornalista Catherine Price (autora de "Celular: como dar um tempo", publicado pela editora Fontanar) para escrever a obra..
Segundo Haidt, o livro foi pensado para ajudar crianças a entender os impactos do uso precoce de redes sociais. “A ideia é que, enquanto os pais leem o livro principal, as crianças leem a versão infantil. Assim, há uma comunicação muito melhor e um entendimento compartilhado”, afirmou o autor em entrevista à Fast Company Brasil.
Voltado especialmente para estudantes do 5º ao 8º ano, mas relevante para qualquer jovem que já tem ou está prestes a ter um smartphone, o livro traz fatos surpreendentes, histórias em quadrinhos, desafios interativos, "segredos" que líderes do setor de tecnologia preferem não divulgar e relatos de jovens adultos que se arrependem de ter entrado cedo demais no mundo digital.
CONTRA A QUEDA COGNITIVA
A pesquisa de Jonathan Haidt levou a discussões e ações reais no mundo adulto. Lançado no começo de 2024, "A Geração Ansiosa" foi uma das bases para a lei estadual de São Paulo que baniu o uso de celulares em escolas, sancionada em dezembro do ano passado. A lei, por sua vez, influenciou o governo federal a levar a regra para todas as escolas do país.

A preocupação com o impacto das telas na infância tem mobilizado governos, escolas e especialistas em diversos países. Estudos recentes mostram que o tempo excessivo em frente às telas está associado a maiores índices de ansiedade, depressão e dificuldades cognitivas entre jovens.
A proposta de Haidt e Price dialoga diretamente com esse cenário, buscando oferecer uma alternativa educativa e preventiva.
Haidt quer que o impacto agora seja diretamente com as crianças, para que elas consigam entender porque ficar sem telas pode ser algo positivo. “No livro, os mais velhos se arrependem do que aconteceu. Eles se arrependem de ter recebido as redes sociais tão cedo e de terem ficado viciados”, conta Haidt.