JP Morgan Chase inaugura sede luxuosa em NY com vista para… monitores
Imagem de traders alinhados em fileiras vira símbolo das críticas às exigências de retorno ao esquema de trabalho presencial

A nova sede global do JPMorgan Chase, um projeto de US$ 3 bilhões localizado no coração da ilha de Manhattan, em Nova York, finalmente foi inaugurada na semana de 20 de outubro, após seis anos de construção.
Mas, em vez de o destaque ir para o food hall com curadoria do chef Danny Meyer, para as torneiras importadas que servem o pint perfeito de Guinness ou para a iluminação ajustada aos ritmos circadianos, a atenção online se voltou para outro detalhe do arranha-céu no número 270 da Park Avenue.
“Parabéns, JPMorgan, pela inauguração da nova sede!”, publicou na semana passada no X o bilionário Michael Dell, acompanhado de uma foto que parece mostrar um dos andares onde ficam os funcionários da área de negociação do banco.
A imagem exibe fileiras e mais fileiras de monitores, em estações com quatro telas cada, repetidas até onde a vista alcança. Menos de uma semana depois, a postagem já acumulava mais de 17 milhões de visualizações – talvez não pelos melhores motivos.

Nos comentários, muitos chamaram a imagem de “distópica”. Outros aproveitaram a oportunidade para criticar as ordens de retorno ao esquema presencial de trabalho.
"O trabalho remoto mata a cultura e o calor humano que só as interações reais no escritório podem criar”, ironizou um usuário do X, seguido pela frase “a cultura e o calor humano” logo acima da imagem tomada por telas.
“São analistas criados soltos ou em regime de confinamento?”, brincou outro.
Alguns defenderam a configuração, argumentando que esse é simplesmente o padrão atual de qualquer trading floor (quem imaginaria sentir saudade de cubículos em 2025?).
“Imagine mandar um ‘sem novidades por aqui’ da fileira E, assento 15, na nova sede do JPMorgan”, escreveu um internauta.
“Para eficiência, pedem que todo mundo sem atualizações repita ‘sem novidades por aqui’ ao mesmo tempo”, respondeu outro. “Às 9h05 todo dia, dá para ouvir isso ecoar pelo prédio como um mantra macabro.”

Mais cedo este ano, o JPMorgan Chase reforçou sua diretriz de retorno ao presencial, exigindo que os funcionários trabalhem no escritório cinco dias por semana. “Agora entendo por que todo mundo no JP quer trabalhar de casa”, criticou outro usuário do X.
O CEO do banco, Jamie Dimon, tem sido um dos mais fervorosos defensores do fim do trabalho remoto e da volta integral aos escritórios. Seus funcionários, no entanto, parecem discordar.
Um grande número deles assinou petições por mais flexibilidade, e esforços de sindicalização foram iniciados em resposta à política. A Fast Company procurou o JPMorgan para comentar, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Por enquanto, porém, é na Park Avenue que se encontra a força de trabalho de 10 mil pessoas do banco na cidade de Nova York.
O arranha-céu de 60 andares aposta em uma visão do futuro do trabalho baseada na colaboração presencial. Aberto 24 horas por dia, o prédio reúne uma série de comodidades, incluindo academia de ginástica, opções de alimentação a qualquer hora e até um pub.
Parece incrível. Quase como se ninguém precisasse sair de lá.



