Justiça investiga acidentes com piloto automático dos carros da Tesla

A montadora enfrenta críticas após o relato de dezenas de acidentes

Crédito: Bram Van Oost/ Unsplash

Chris Morris 3 minutos de leitura

Após dezenas de acidentes que, supostamente, envolveram o piloto automático e o sistema de condução totalmente autônoma da Tesla, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) abriu uma investigação contra a montadora.

Em um documento financeiro divulgado na semana passada, a empresa informou que o DoJ solicitou documentos relacionados aos recursos. A fabricante de carros elétricos observou que não tinha conhecimento de nenhuma investigação do governo que concluísse irregularidades, mas alertou que qualquer ação federal poderia ter “um impacto material adverso em nossos negócios, resultados operacionais, perspectivas, fluxos de caixa e posição financeira”.

A empresa não informou detalhes sobre quais documentos os funcionários do DoJ solicitaram e não respondeu quando procurada pela Fast Company.

a condução totalmente autônoma oferece mais recursos e permite que o carro lide com muito mais operações de direção.

A Tesla dissolveu sua equipe de assessoria de imprensa em 2020 e o CEO, Elon Musk, indicou em 2021 que não tinha planos de trazê-la de volta, dizendo em um tuíte: “Outras empresas gastam dinheiro com publicidade e manipulação da opinião pública, a Tesla se concentra no produto”.

O piloto automático da Tesla possui recursos autônomos básicos, mas é um sistema prático de assistência à direção, destinado a ser usado apenas com um motorista totalmente atento e com as mãos no volante. Já a condução totalmente autônoma (FSD) oferece mais recursos e permite que o carro lide com muito mais operações de direção.

CONTRADIÇÕES INTERNAS

A empresa afirma que o FSD permanece em versão beta e divulga em seu site que nenhum dos dois recursos representam a verdadeira tecnologia de condução autônoma. Mas Musk diz, regularmente, que o veículo totalmente autônomo está próximo.

Em janeiro do ano passado, ele tuitou: “A condução totalmente autônoma funcionará em um nível de segurança bem acima do motorista médio ainda este ano, disso estou confiante. Mas não posso falar pelos reguladores.” 

No mês passado, ele disse no Twitter que “concorda” que aqueles que já usaram o FSD por mais de dez mil milhas (o equivalente a pouco mais de 16 mil quilômetros) deveriam ter a opção de desligar o alerta que lembra o motorista de manter as mãos no volante, acrescentando que uma atualização seria feita este mês.

A investigação foi aberta após 35 acidentes que, supostamente, envolviam o piloto automático ou recurso de condução autônoma.

Isso chamou a atenção da Administração de Segurança do Tráfego nas Rodovias (NHTSA), que já havia aberto uma investigação em 2021 contra a empresa. A iniciativa foi tomada após 35 acidentes que, supostamente, envolviam o piloto automático ou recurso de condução autônoma.

As autoridades estão preocupadas que estes recursos possam fazer com que os motoristas prestem menos atenção nas condições da estrada, o que os impediria de agir e evitar um acidente. A investigação da NHTSA foi aberta depois que 11 carros da Tesla colidiram com veículos de emergência, resultando em 17 feridos e uma morte.

A montadora vem enfrentando diversos problemas com as autoridades nos últimos meses. No final de janeiro, em um julgamento envolvendo tuítes de agosto de 2018 nos quais alegava que havia conseguido financiamento para fechar o capital da empresa, Musk reiterou seu posicionamento.

Além disso, o National Labor Relations Board (Conselho Nacional de Relações Trabalhistas) registrou uma queixa contra a Tesla no mês passado, alegando que a empresa violou as leis trabalhistas ao instruir os funcionários a não discutir seus salários com outros colegas ou reclamar com a gerência sobre as condições de trabalho. Uma nova audiência sobre o caso deve acontecer em março.


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais