Lideranças brasileiras sentem algum tipo de insegurança ao tomar decisões

Falta de clareza estratégica e cenário econômico incerto são as principais razões, segundo pesquisa da Sputnik

Crédito: DNY59/ iStock

Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

A palavra incerteza está representando o ano de 2023 também para as lideranças das empresas, seja pela polarização política, pelas novas dinâmicas de trabalho, guerras, emergência climática, saúde mental, questões sociais e muito mais. Isso reflete no modo como esses executivos realizam suas principais atividades.

Na primeira edição da pesquisa "Panorama de Sentimento das Lideranças", realizada pela escola corporativa Sputnik, quase a totalidade (95,1%) das lideranças entrevistadas admitiram sentir algum tipo de insegurança na tomada de decisão; apenas 4,9% disseram não sentir nenhuma.

mais da metade dos entrevistados afirma que está tentando melhorar em questões envolvendo relacionamento e capacitação.

O principal motivo apontado é a falta de clareza estratégica (48,1%), à frente, inclusive, do cenário econômico incerto (22,5%), que é algo que foge ao controle dos executivos. Foram ouvidos 285 líderes de organizações em diferentes regiões do Brasil.

“Clareza estratégica, em outras palavras, é alinhamento. Isso é imprescindível para os negócios, especialmente no cenário atual de incerteza”, diz Mari Achutti, CEO e fundadora da Sputnik. Ela explica que só há alinhamento quando a comunicação é eficiente, fluida e assertiva nas empresas, em todos os níveis hierárquicos e no negócio como um todo.

“Chegou o momento de olharmos com força e intenção para algo intrinsecamente humano, que é a comunicação. Como a executamos de forma orgânica, sem uma estrutura e sem pensar com cuidado, muitas vezes não tiramos o melhor dela”, analisa.

EM BUSCA DE APERFEIÇOAMENTO

Pelo menos um terço (34,4%) dos participantes da pesquisa diz sentir insegurança no momento de conduzir, desenvolver e engajar os times.

Mas eles não estão parados: mais da metade (53,2%) afirma que está tentando melhorar em questões envolvendo relacionamento e capacitação – por exemplo, promovendo engajamento e desenvolvimento do time (34,4%) ou buscando se desenvolver melhor como liderança (18,9%).

a comunicação é apontada como o principal gargalo do trabalho remoto para 52,7% dos líderes que participaram da pesquisa.

De fato, os gestores percebem que seu papel já não é o mesmo de anos atrás. A recente pandemia de Covid-19 também trouxe mudanças grandes ao ambiente de trabalho.

“O remoto, sim, deixa as organizações inseguras, na medida em que ainda estamos decifrando esse novo modelo de trabalho, que precisou ser implementado da noite para o dia. Mas somos seres adaptáveis. Não há motivo para seguirmos nessa nuvem de insegurança, pois já temos ferramentas e dinâmicas relacionais para enfrentar esse desafio”, afirma Mari Achutti.

Para a executiva, antes mesmo da crise sanitária havia um movimento de migração do presencial para o híbrido em diversas startups no Brasil. Algumas já operavam com 100% dos funcionários em home office ou em coworkings espalhados pelo mundo.

A pandemia imprimiu urgência a essa transformação e ninguém saiu ileso. Em alguma medida, todos tiveram que migrar tarefas, interações e entregas para uma tela.

“Junto com tudo isso, temos um cenário global que nos coloca em estado de alerta, assim como tantas outras transformações que enfrentamos, diluídas nas últimas duas décadas, igualmente impactantes”, aponta Mari.

Ainda assim, a comunicação é apontada como o principal gargalo do trabalho remoto para 52,7% dos líderes que participaram da pesquisa.

COMO COMBATER AS INSEGURANÇAS

Na visão da CEO da Sputnik, as lideranças têm encarado sua função com mais abertura, empatia e humanidade. “Muitos já perceberam que é importante se reinventar e desenvolver habilidades mais humanas. Do ponto de vista da gestão, cabe entender que o mundo mudou e a forma de se desenvolver, também.”

Vale, então, apostar em exercícios e dinâmicas que estimulem a comunicação, além de abrir espaços de troca, entender como cada profissional trabalha e aprende melhor e descobrir o que a pessoa gosta de estudar para se desenvolver.

“É preciso apostar em um processo de aprendizagem contínua. A educação virou uma grande protagonista no mundo corporativo. Por isso, é essencial que as empresas olhem cada vez mais para as necessidades dos profissionais e invistam em ações que despertem a autodireção na aprendizagem e no desenvolvimento individual”, aconselha Mari.

Para ela, o estudo traz três importantes lições:

1. As trocas potencializam a aprendizagem. Apenas em comunidade é possível compartilhar as incertezas e multiplicar os saberes.

2. O ato de aprender só acontece quando há intenção. Por isso, falamos sobre inovar e repensar formatos educacionais top-down.

3. Aprendizagem é estratégica e impulsiona resultados.


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