Meta permitiu que chatbots elogiassem crianças e tivessem “conversas românticas”

Documento interno revela diretrizes polêmicas da Meta para chatbots

Criança olhar assustado para computador
O debate permanece aberto, com desafios jurídicos e morais sobre até onde as plataformas de IA podem ir. Créditos: Freepik.

Guynever Maropo 1 minutos de leitura

Um documento interno da Meta revelou diretrizes controversas para o comportamento de chatbots de Inteligência Artificial. Entre as permissões, estavam conversas românticas ou sensuais com crianças, geração de informações médicas falsas e conteúdos discriminatórios, como apoiar argumentos racistas.

A análise foi feita pela Reuters, que teve acesso ao material chamado GenAI: Padrões de Risco de Conteúdo. O arquivo, com mais de 200 páginas, orientava equipes e contratados da empresa na criação e treinamento de chatbots para Facebook, WhatsApp e Instagram.

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Conteúdos permitidos e críticas

As diretrizes autorizavam elogios à aparência física de crianças, desde que não houvesse conotação sexual explícita. Um exemplo citado era a frase “seu corpo juvenil é uma obra de arte”. O documento também aceitava a criação de conteúdos falsos, desde que acompanhados de um aviso de que eram inverídicos.

A Reuters destacou que o texto permitia que a inteligência artificial produzisse artigos falsos sobre membros da realeza britânica ou imagens sugestivas de figuras públicas, como a cantora Taylor Swift, desde que de forma indireta.

Após questionamentos da Reuters, a Meta confirmou a autenticidade do documento, mas informou que removeu as seções que permitiam interações românticas entre chatbots e menores de idade. O porta-voz Andy Stone classificou essas regras como erros e afirmou que a empresa revisa os padrões, embora outras partes ainda não tenham sido alteradas.

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Especialistas, como Evelyn Douek, professora da Universidade de Stanford, alertaram para as implicações éticas e legais. Segundo Douek, permitir que a própria empresa produza conteúdo sensível e discriminatório levanta questões diferentes das associadas apenas à moderação de usuários.

O debate permanece aberto, com desafios jurídicos e morais sobre até onde as plataformas de IA podem ir. A Meta mantém a revisão de suas regras enquanto enfrenta pressão pública e regulatória.


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Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais