Mobilidade elétrica no Brasil: o desafio ainda são os postos de recarga
Preço alto e poucos locais para recarga da bateria são as maiores barreiras para adoção de veículos elétricos no país
A mobilidade elétrica tem tomado espaço na rotina do brasileiro. Segundo estudo da consultoria McKinsey, em 2040, o Brasil deverá ter 11 milhões de automóveis movidos à bateria elétrica. O volume vai representar 55% das vendas de novos veículos, 20% de todo parque instalado e uma receita anual de US$ 65 bilhões.
O estudo também realizou uma pesquisa com mais de três mil pessoas que revelou que o brasileiro é mais sensível do que outras nacionalidades às questões sustentáveis e à mobilidade elétrica. No entanto, o preço e a falta de previsibilidade na recarga da bateria durante viagens são barreiras maiores em comparação com consumidores de outros países.
“Atualmente temos acompanhado, com muita satisfação, o aumento da participação dos elétricos nas ruas do Brasil. Esse crescimento faz com que haja melhora de todo o ecossistema da eletrificação, o que inclui a criação de postos de recarga e sistemas residenciais de carregamento, por exemplo”, afirma Ricardo Guggisberg, presidente do Instituto Brasileiro de Mobilidade Sustentável e da MES Eventos, que realiza o C-MOVE, nos dias 7 e 8 de março, em Brasília.
O evento acontece desde 2018 e reúne técnicos de diversas áreas, especialistas regulatórios, toda a cadeia industrial relacionada à eletrificação e energias renováveis, entidades de pesquisa e desenvolvimento e o poder público.
Em 2023, além de Brasília, o C-MOVE terá edições em Balneário Camboriú (SC), nos dias 13 e 14 de abril, e em São Paulo (SP), simultaneamente ao VE Latino-Americano, nos dias 5 e 6 de outubro.
Nesta quarta-feira, 08 de março, acontece o Dia da Mobilidade Elétrica. A partir das 15h, uma carreata de carros elétricos percorre Brasília, terminando no Shopping Mercado Mané Vírgula (que faz parte do complexo do estádio Mané Garrincha).
DESAFIOS E POTENCIAL DE MERCADO
Para Guggisberg, um dos principais desafios para o crescimento da mobilidade elétrica no país é a criação de uma rede de eletropostos em cidades e rodovias que aumente autonomia dos veículos elétricos, o que tornaria sua aquisição e uso mais vantajosas.
Outro desafio é a duração das baterias. “Isso pode afetar a disponibilidade da frota, gerando a necessidade de adaptações operacionais nas empresas em relação a gestão das linhas e manutenção dos veículos”, aponta Valmir Colodrão, CEO da Praxio, empresa brasileira de tecnologia para gestão do transporte rodoviário.
No caso da Praxio, há um debate sobre como unir a mobilidade elétrica ao transporte de massa. “Entendemos que a mobilidade elétrica é um tema de extrema importância para o setor de transporte por ônibus cujas discussões ultrapassam a operação em si, chegando à esfera ecológica e econômica, sobretudo quando falamos em ESG, que propõe um desenvolvimento sustentável e ganhos para todos”, diz Colodrão.
em 2040, o Brasil deverá ter 11 milhões de automóveis movidos à eletricidade.
O potencial do Brasil está na mira das empresas. A Volvo tornou sua frota 100% eletrificada desde 2020 já pensando nesse novo futuro. O principal desafio, de acordo com o diretor de finanças da Volvo Cars LatAm, Marcelo Godoy, ainda é a infraestrutura.
“Apesar de estar se popularizando, essa tecnologia ainda está nas mãos de uma pequena parcela da população e, por isso, ainda não tem o destaque necessário. A Volvo tem investido em infraestrutura de eletrificação para garantir que proprietários de veículos elétricos estejam seguros para aderir e rodar no modo 100% elétrico”, afirma.
Somando todos os veículos recarregáveis vendidos no Brasil, a Volvo tem 35% do mercado e ficou no topo de vendas em 2022, totalizando 5,2 mil carros híbridos vendidos. Segundo Godoy, já são mais de mil eletropostos AC (carga lenta) e 7 DC (carga rápida) instalados em todo o país.
A empresa tem planos para expansão dos carregadores rápidos, que possibilitam viagens de longa duração com carros 100% elétricos. Nessa primeira fase de instalação de postos serão investidos mais de R$ 10 milhões.