Nova pesquisa revela que as redes sociais estão destruindo o cérebro das crianças; entenda como
Estudo aponta efeitos diretos das redes sociais na atenção infantil; veja como

Uma onda de alterações cerebrais relacionadas ao uso intenso das redes sociais em telas tem afetado crianças em smartphones e laptops escolares.
Pesquisas recentes indicam que as mídias sociais exercem influência direta sobre a atenção e o comportamento infantil, aumentando o risco de sintomas ligados ao déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Um estudo conduzido pelo Instituto Karolinska, na Suécia, e pela Universidade de Saúde e Ciência do Oregon identificou que o tempo gasto em redes sociais se correlaciona com o aumento de sinais de desatenção.
O uso constante dessas plataformas pode comprometer a capacidade de concentração das crianças e afetar o desenvolvimento cognitivo a longo prazo.
Ao mesmo tempo, países como a Austrália já adotam medidas mais rígidas para reduzir esses riscos, especialmente entre menores de 16 anos.
A medida do país iniciou-se nesta quarta-feira (10). A legislação, aprovada no fim de 2024, determina que as plataformas removam contas já existentes e impeçam a criação de novos perfis.
O governo afirma que a medida busca reduzir a exposição de crianças e adolescentes a conteúdos potencialmente nocivos ao bem-estar.
Leia mais: 7 países que proibiram o uso de redes sociais por menores de idade
Regras rígidas para identificação dos usuários
A norma atinge aplicativos como Instagram, Facebook, Threads, TikTok, Snapchat, YouTube, X, Reddit, Kick e Twitch. As empresas devem adotar sistemas robustos de verificação de idade e impedir tentativas de burlar o processo por meio de documentos falsos, deepfakes, ferramentas de IA ou VPNs.
Serviços como YouTube Kids, Google Classroom, WhatsApp, Roblox e Discord ficam de fora por não terem a interação social como função principal.
Leia mais: Instagram adota classificação indicativa para adolescentes; veja o que muda.
Como o estudo identificou o déficit?
Os pesquisadores analisaram cerca de 8.324 crianças de nove e dez anos nos Estados Unidos ao longo de quatro anos. Os participantes relataram o tempo gasto em redes sociais, televisão e videogames. Os responsáveis avaliaram sinais de desatenção e hiperatividade.
O estudo identificou uma conexão clara entre o tempo nas redes sociais e o aumento de sintomas ligados ao déficit de atenção.
Os pesquisadores observaram que as redes sociais oferecem distrações constantes por meio de mensagens e notificações. Mesmo a antecipação de novos alerta já funciona como uma interrupção mental que reduz a capacidade de foco.
Leia mais: Brasil cria marco inédito de proteção digital infantil.
Esse padrão não aparece no uso de televisão ou videogames, que não apresentaram associação direta com sintomas de TDAH.
Durante os quatro anos de acompanhamento, o tempo médio diário das crianças nas redes sociais passou de 30 minutos para 2,5 horas. No mesmo período, os sinais de desatenção também aumentaram.
As crianças que já apresentavam sintomas de TDAH no início do estudo não passaram a usar mais as redes sociais, o que indica que o uso excessivo tende a provocar desatenção, e não o contrário.
O estudo não identificou relação entre redes sociais e hiperatividade.
Você pode se interessar também:
Diagnósticos de TDAH nos EUA
Os Estados Unidos registram aumento contínuo nos diagnósticos de TDAH. Em 2024, uma em cada nove crianças recebeu o diagnóstico. Em 2022, o país contabilizava mais de sete milhões de casos, ante pouco mais de seis milhões em 2016.
Os pesquisadores sugerem que o crescimento do consumo de redes sociais pode contribuir parcialmente para essa tendência, e afirmam que as evidências podem ajudar famílias e formuladores de políticas a definir práticas digitais mais seguras.