Oito em cada 10 brasileiros acreditam que empregos serão substituídos por IA
Levantamento da Hibou mostra o grande desafio de equilíbrio entre o humano e o tecnológico
A inteligência artificial passa por uma fase explosiva de experimentação e aplicação, atraindo a atenção de especialistas e empresas. O que significa que a IA como conhecemos está em um processo de renovação e desenvolvimento constantes, trazendo mudanças significativas para a população. E acompanhar tudo isso com cuidado e validação é muito importante.
Assim, um território ainda desconhecido levanta diversos questionamentos e preocupações. Cerca de 87% dos brasileiros já ouviram falar sobre inteligência artificial e 54% afirmam que ferramentas com IA impactam diretamente sua rotina no dia a dia, segundo levantamento realizado pela Hibou, empresa de pesquisa e insights de mercado e consumo.
Além do conhecimento e do uso da IA, 78% acreditam que ela, junto com os bots, vai substituir pessoas e vagas de emprego. Menos da metade (45%) dos entrevistados acredita que operadores humanos são essenciais para uma programação de recursos que usam inteligência artificial.
“Por desconhecimento, muitos acreditam que as vagas de emprego serão escassas, pois haverá substituição de mão-de-obra humana por máquinas, o que não procede”, explica Ligia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou.
“É claro que as máquinas dão agilidade a processos automatizados e são mais rápidas na execução de tarefas impossíveis para um ser humano fazer no mesmo tempo. Porém, a máquina ainda não altera rotas, não desenvolve novas estratégias ou comandos se não houver uma cabeça pensante fazendo um monitoramento e acompanhando as mudanças e atualizações”, analisa.
Segundo Ligia, algumas posições de trabalho tendem a ser reduzidas, mas novas surgirão, inclusive para operar a própria inteligência artificial e os chatbots de maneira correta e eficiente. “Entender onde a inteligência atua ajuda as pessoas a enxergarem novos caminhos e, quem sabe, essa percepção seja mais ajustada à realidade na próxima rodada.”
O BOOM DO CHATGPT
O ChatGPT, capaz de gerar respostas coerentes e naturais a perguntas ou declarações feitas por usuários, foi um dos exemplos mais populares de uso de IA em tempos recentes.
A novidade já foi testada por 6% dos brasileiros que buscaram conhecer na prática sua utilidade. Entre as pessoas que já o utilizaram, 85% pretendem manter o uso do ChatGPT, sendo que 51% usarão apenas se aparecer alguma necessidade; 27%, se for o uso for gratuito; e 7% mesmo que se torne uma ferramenta paga.
O interesse no uso do ChatGPT foi motivado principalmente pela curiosidade (54%) e para testar se a ferramenta mantinha uma conversa (19%). Entre outros interesses, também para tirar dúvidas (48%); fazer buscas (33%) ou corrigir um código de computador (8%).
A ferramenta, que promete desenvolver textos, também foi usada com essa finalidade, seja para traduzir (21%); melhorar ou corrigir um conteúdo textual (19%); escrever textos maiores (13%) ou para redigir carta ou e-mail (5%).
Já quando o assunto é o uso da ferramenta por empresas, 52% dos brasileiros aprovam essa prática, desde que as respostas sejam de fácil entendimento; 43% querem ser entendidos em suas demandas; e 39% desejam ser ouvidos em suas reclamações.
Para melhorar o atendimento, 33% querem ser reconhecidos e que seu histórico junto à marca agilize a comunicação. Além disso, 42% acreditam que as marcas podem usar a ferramenta ajudando e/ ou ensinando a usar melhor os produtos ou como um manual de uso (31%).
“As marcas podem se beneficiar com o ChatGPT no relacionamento com os consumidores, mas o uso requer cuidados com a linguagem e o entendimento. Os brasileiros gostam e aderem às novas tecnologias, mas é essencial que a marca treine seu modelo para que essa interação faça sentido na relação com o cliente”, afirma Ligia.
Mesmo com o uso intenso de inteligência artificial e bots para facilitar e agilizar o atendimento e diversas entregas, há ainda uma busca pelo equilíbrio entre o humano e a máquina.
o uso do ChatGPT pelas marcas requer cuidados com a linguagem e o entendimento.
Para metade dos entrevistados, algumas vezes o chatbot entrega o que foi solicitado, mas, em outros momentos, é necessário falar com uma pessoa ou ser atendido por outro canal. “A pesquisa aponta para a necessidade de o mercado de observar que, cada vez mais, a tecnologia tem sido aliada de diferentes maneiras, mas um operador humano é essencial”, aponta a sócia da Hibou.
Além disso, é importante ter transparência com os consumidores. Eles querem saber que estão conversando com uma máquina. Também querem a segurança de saber que terão acesso a uma pessoa real caso suas dúvidas ou solicitações não sejam atendidas.
Para as empresas, fica o desafio de contratar ferramentas que possam automatizar, porém ter profissionais capacitados e treinados para fazer a máquina funcionar da melhor forma para a sua marca, mantendo-se fiel ao seu propósito e treinando seu modelo.