Para brasileiros, horário de trabalho flexível é o benefício mais atraente

Pesquisa revela percepção de executivos e trabalhadores sobre programas corporativos para bem-estar

Créditos: Martin Adams/ Unsplash/ pngegg

Redação Fast Company Brasil 4 minutos de leitura

O mundo corporativo está passando por uma crise no bem-estar dos colaboradores. Pesquisa recente da Deloitte revelou que cerca de um terço da geração Z e um quarto dos millennials não se sentiriam confortáveis em falar abertamente com seu chefe sobre estresse, ansiedade ou outros desafios de saúde mental.

Pior: 62% dos GenZs e 51% dos millennials afirmaram ter sofrido assédio ou microagressões no trabalho nos últimos 12 meses. Mas isso não significa que as empresas não estejam preocupadas em reverter esse quadro.

As empresas não podem mais separar o desempenho dos negócios do bem-estar da equipe ambos estão conectados.

"A promoção do bem-estar é um exercício constante e em crescimento nas empresas atualmente, visto que os colaboradores já não estão mais ignorando nem separando a importância do trabalho para a qualidade de vida", diz Renato Basso, vice-presidente de pessoas da plataforma de bem-estar corporativo Gympass.

Pesquisas recentes da Gympass apontam a necessidade de mudança na estratégia corporativa na busca por bem-estar. A ideia é aplicar o conceito de bem-estar integral, no qual as empresas se preocupam com todas as dimensões e etapas do dia a dia do funcionário, proporcionando flexibilidade e suporte na sua jornada para que ele inclua cada vez mais bem-estar no seu dia a dia.

"O conceito de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, por exemplo, está ultrapassado, pois implica que trabalho e vida são coisas completamente separadas, que podem ser equilibradas. Especialmente depois dos últimos dois anos, sabemos que isso não é verdade", diz Basso.

O ROI DO BEM-ESTAR

As organizações não podem mais separar o desempenho dos negócios do bem-estar de suas equipes porque as duas coisas estão diretamente conectadas, de acordo com o relatório ROI do Bem-Estar, da Gympass.

Fonte: Pesquisa ROI do Bem-Estar/ Gympass

Segundo o estudo, 90% dos entrevistados do C-Level de empresas brasileiras acreditam que os programas de bem-estar são uma medida que traz economia. Do lado dos trabalhadores, 85% tenderiam a ficar no cargo atual se a empresa cuidasse mais de seu bem-estar.

Outro ponto levantado pela pesquisa é que 97% das empresas brasileiras que mensuram o ROI dos seus programas de bem-estar veem resultados positivos. O mesmo número de líderes de RH diz que esses programas são muito importantes para a satisfação dos colaboradores.

"Investir na saúde, na qualidade de vida e no bem-estar integral dos colaboradores não é apenas um diferencial competitivo, mas, cada vez mais, absolutamente essencial para o crescimento dos negócios", afirma Basso.

Os programas de bem-estar mais ofertados como parte do pacote geral de benefícios pelas empresas são apoio à saúde mental (63%) e horário de trabalho flexível (57%).

Já os benefícios mais valorizados pelos brasileiros são horário de trabalho flexível (64%), apoio à saúde mental (61%), auxílio com cuidados infantis (42%) e ações de diversidade, equidade e inclusão (52%).

A pesquisa é baseada em um levantamento com mais de dois mil líderes de recursos humanos que estão investindo no bem-estar da força de trabalho em nove países, incluindo Brasil, Estados Unidos e Reino Unido.

No mercado brasileiro, a maioria das empresas é de pequeno porte, com poucos colaboradores, mas elas respondem por uma fatia considerável dos empregos no país. Cerca de 22% das microempresas – aquelas com menos de 20 funcionários – oferecem algum tipo de programa de bem-estar.

OS DESAFIOS DOS PROGRAMAS DE BEM-ESTAR

Segundo Basso, talvez o principal desafio das empresas seja engajar as pessoas no pacote de benefícios. "Não adianta ter uma vasta oferta de soluções de saúde física, mental, nutricional, educação financeira se a força de trabalho não conhece e não utiliza esses benefícios", diz.

Fonte: Pesquisa ROI do Bem-Estar/ Gympass

Para ele, é importante criar um ambiente favorável pelo exemplo da alta liderança. Também é imprescindível a construção e implementação de políticas e processos que incentivem a mudança de atitude em relação a saúde e bem-estar.

Medidas nesse sentido incluem, por exemplo, políticas relacionadas à flexibilidade de horários, que podem empoderar o indivíduo a encontrar a jornada de bem-estar que mais se adeque a sua realidade.

A comunicação sobre essas ações e estratégias é essencial para o sucesso de programas de bem-estar, com participação dos times de recursos humanos e comunicação, além da alta liderança.

"Promover competições internas desafiando as pessoas a se exercitarem todos os dias, oferecer prêmios para os mais assíduos, realizar palestras de conscientização sobre os impactos da saúde física na saúde mental e vice-versa são algumas das soluções práticas para promover o engajamento", sugere Basso.


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