Para menores: Google investe em novo laboratório só para adolescentes

O programa Code Next está levando a metodologia STEM para comunidades sub-representadas

Crédito: Jim Stephenson/ Kurani Architects

Nate Berg 3 minutos de leitura

Um novo espaço de tecnologia foi inaugurado em Oakland, na Califórnia. Com mesas para programação, hardware para robótica e uma parede cheia de impressoras 3D, o lugar parece uma startup ou a filial de uma empresa de tecnologia do Vale do Silício que se mudou para perto de onde seus funcionários moram. Pelo menos a princípio, até você perceber que a maioria das pessoas lá são adolescentes.

Este é o mais novo espaço do programa Code Next, um laboratório destinado a jovens em idade escolar que se baseia na metodologia STEM (ensino baseado em quatro disciplinas específicas: ciências, tecnologia, engenharia e matemática). Ele oferece aulas gratuitas de ciência da computação para alunos do 7º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, ministradas por tecnólogos voluntários do Google.

Crédito: Jim Stephenson/ Kurani Architects

O laboratório de Oakland é um dos quatro espalhados pelos EUA, localizados em bairros com alta concentração de moradores negros, latinos e nativos – grupos sub-representados na indústria de tecnologia.

De acordo com o Google, esses três grupos representam 10,5% dos graduados em ciência da computação nos EUA entre 2011 e 2018. A falta de acesso é vista como o principal problema.

“O programa atende os alunos em suas próprias comunidades”, explcia Kyle Ali, gerente do programa Code Next. “Queremos oferecer a eles as habilidades e o capital social necessários para seguir carreiras na área de tecnologia.”

Crédito: Jim Stephenson/ Kurani Architects

Para isso, o Google se uniu a Danish Kurani, cujo escritório de arquitetura de mesmo nome é especializado em espaços educacionais modernos.

Em um ponto comercial vazio ao lado de uma biblioteca pública, o escritório de Kurani projetou um laboratório bem iluminado e acolhedor, usando principalmente materiais reciclados ou naturais.

O lugar conta com sala de fabricação, estúdio de design, espaço para programação e áreas comuns para fazer refeições e socializar.

Kurani destaca que a flexibilidade é central para o projeto. Por isso, criou salas que podem acomodar pequenos grupos ou serem abertas para grandes eventos comunitários.

Crédito: Jim Stephenson/ Kurani Architects

“O problema das escolas é que, geralmente, todas as salas de aula são iguais, seja para matemática ou inglês”, diz Kurani. “Deveríamos projetar esses espaços com base nos diferentes modos de aprendizagem”, acrescenta.

No Code Next, por exemplo, não há uma sala de aula dedicada exclusivamente à robótica, mas existem espaços onde os alunos podem discutir possíveis projetos. Eles podem ter aula de robótica básica e engenharia mecânica em um lugar e depois ir para outro para aprender mais sobre prototipagem.

Crédito: Jim Stephenson/ Kurani Architects

No centro do laboratório fica a sala de fabricação. Com uma parede de impressoras 3D, ela foi desenhada para atrair os adolescentes e estimular sua curiosidade. “No laboratório, todos os espaços convergem para essa área de fabricação”, conta Kurani. 

As mesas foram projetadas com extremidades magnéticas, para que possam ser colocadas lado a lado ou separadas com base no tema da aula. Diversos equipamentos ficam espalhados pelo laboratório, sempre expostos e de fácil acesso.

Crédito: Jim Stephenson/ Kurani Architects

O objetivo do Google era criar laboratórios que pudessem servir como um terceiro espaço para os adolescentes – nem casa, nem escola –, mas com um pouco da liberdade que os jovens desejam.

Kurani explica que escolheu cores suaves e materiais naturais para desfazer qualquer impressão de que era algo fora do alcance dos adolescentes.

“Para muitos deles, é a primeira vez [que entram em um laboratório]. Não queríamos que tivesse um aspecto excessivamente tecnológico que pudesse intimidá-los desnecessariamente.”

Crédito: Jim Stephenson/ Kurani Architects

Mesmo assim, o laboratório é cheio de tecnologia. Projetado durante a pandemia, é equipado com câmeras que permitem o ensino à distância e telas gigantes para instrução, revisão de programação ou até para jogar videogame no tempo livre.

Segundo o Google, 92% dos alunos que se formam no programa Code Next entram para a faculdade e 88% escolhem cursos relacionados à tecnologia.

Ali diz que a empresa está buscando novos lugares para levar o programa e analisando diferentes maneiras de trazer mais jovens de grupos sub-representados para as áreas de tecnologia, ciência e engenharia.

“Sabemos que existe uma demanda por esse tipo de trabalho nas comunidades, por isso estamos sempre explorando novas possibilidades.”


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais