Participação da indústria criativa no PIB aumenta com a pandemia
Número de profissionais criativos cresceu 11,7% e participação do setor subiu 0,3 pontos percentuais
Sem a possibilidade do contato físico, a pandemia forçou a indústria criativa a se reinventar, sendo que só agora conseguimos ver os reais impactos da crise nesse setor.
A nova edição do estudo Mapeamento da Indústria Criativa, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), mostra que há um misto de reflexos positivos e negativos. Os insights foram divididos em quatro grandes áreas criativas:
- Cultura - expressões culturais, artes cênicas, música, patrimônio e artes
- Tecnologia - TIC, biotecnologia, pesquisa e desenvolvimento
- Consumo -publicidade e marketing, design, arquitetura e moda
- Mídia - editorial e audiovisual
Apesar da crise, o número de profissionais criativos cresceu 11,7% em relação à última edição, lançada em 2019, totalizando 935 mil formalmente empregados.
Consumo e Tecnologia representam mais de 85% dos vínculos empregatícios, com taxas de crescimento de 20% e 12,8%, respectivamente – reflexo da expansão da tecnologia na pandemia e da necessidade de transformação digital em empresas de todos os segmentos para aumento de eficiência.
Esse desempenho positivo não foi registrado em Cultura e Mídia, que sofreram quedas de 7,2% e 10,7%. Para Leonardo Edde, vice-presidente da Firjan, a retração em Mídia é consequência das inovações tecnológicas que alteraram a forma como os agentes produzem, disseminam e consomem o conteúdo.
Outro fator que colaborou foram as alterações nas relações de trabalho, que não geram necessariamente contratações, mas modelos mais flexíveis, motivados pelas limitações físicas causadas pela pandemia.
Cultura já vinha enfrentando dificuldades em razão de desafios institucionais ligados a novas legislações, como a alteração na Lei Rouanet, que estabeleceu a redução de 50% no limite para captação de recursos e a diminuição de cachês.
“As produções criativas nos ajudaram a encarar os dias difíceis de pandemia e a manter a saúde mental no isolamento. O problema é que nós apenas consumimos, mas não geramos mais dessa riqueza em razão do isolamento e de outras barreiras físicas impostas pela pandemia. Ou seja: aumentou o consumo e caiu a produção cultural”, afirma Edde.
VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
O rendimento médio do trabalhador criativo vem caindo nos últimos anos. Entre 2017 e 2020, a queda foi da ordem de 10%, movimento verificado no mercado de trabalho brasileiro como um todo.
Ainda assim, os profissionais criativos são muito valorizados e registraram média salarial de R$ 6.926 em 2020, valor cerca de 2,4 vezes maior que a média salarial da economia brasileira. O segmento de pesquisa e desenvolvimento (P&D) é o que oferece os maiores salários: R$ 12.221, em média.
Tecnologia e Consumo também foram responsáveis por puxar a participação da indústria criativa no PIB entre 2017 e 2020, totalizando R$ 217,4 bilhões e passando de 2,61% para 2,91% no período. “O estudo mostra que mudanças estruturais vêm acontecendo no audiovisual. Há uma forte tendência de digitalização do setor e nossa escola vem para atender essa necessidade. A ideia é formar mais profissionais com todo tipo de qualificação, em especial neste momento em que as produções foram retomadas e estão a pleno vapor”, afirma Edde.
O estudo mapeou ainda as 10 profissões criativas em alta no Brasil. Elas são fruto de modificações estruturais nas relações de trabalho, não somente dentro dos setores criativos como na economia em geral, explica a gerente de ambientes de inovação da Casa Firjan, Julia Zardo.
1 . Analista de Negócios
2 . Analista de Pesquisa de Mercado
3 . Programadores/Desenvolvedores
4 . Biomédico
5 . Visual Merchandising
6 . Gerentes de Tecnologia da Informação
7 . Designer Gráfico
8 . Pesquisadores em geral
9 . Gerente de Marketing
10 . Engenheiros da área P&D
“Vivemos uma nova era onde as engrenagens da economia criativa são cada vez menos tangíveis. O profissional criativo, portanto, é essencial para navegar neste novo cenário, mapeando tendências, otimizando a experiência dos consumidores e promovendo uma maior sinergia entre inovação, desenvolvimento, produção, distribuição e consumo”, analisa Edde.