Pesquisa revela as 38 melhores empresas para profissionais LGBTI+ no Brasil

Instituto Mais Diversidade, Human Rights Campaign Foundation o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ avaliaram práticas de inclusão em empresas

Crédito: Rawpixel/ Envato Elements

Redação Fast Company Brasil 5 minutos de leitura

O Instituto Mais Diversidade, em parceria com a  Human Rights Campaign Foundation (HRC) e o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, divulgaram a primeira edição da pesquisa “Melhores Lugares para Trabalhar para  Pessoas LGBTI+ ” no Brasil. Participaram do levantamento 60 empresas nacionais e multinacionais, das quais 38 foram reconhecidas.

Desde 2002, a HRC aplica o Índice de Igualdade de Melhores Lugares para Trabalhar (CEI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos. Em 2016, expandiu sua atuação global para apoiar a inclusão de pessoas LGBTI+ na América Latina. No México, atuou com o índice Equidad MX; no Chile, com o Equidad CL; e em 2021 chegou à Argentina e Brasil, com o Equidad AR e Equidade BR.

Essa primeira edição traz uma análise abrangente sobre a adoção de políticas inclusivas relacionadas a colaboradores LGBTI+ por empresas dos mais diversos setores e tamanhos. No total, mais de 100 organizações aderiram ao estudo e 60 completaram o questionário. Dessas, 38 receberam a nota máxima de 100 pontos. Outras 22 obtiveram notas entre  0 e 90.

“A participação nesta primeira edição da pesquisa reflete o compromisso com a inclusão no meio empresarial."

“O ranking reconhece os avanços das empresas na pauta LGBTI+ e ajuda a difundir as boas práticas, políticas e processos que criam um ambiente de segurança psicológica para todas as pessoas dentro de uma organização e na sociedade”, afirma João Torres, presidente do Instituto Mais Diversidade.

“A participação significativa que tivemos nesta primeira edição da pesquisa reflete o compromisso com a inclusão no meio empresarial brasileiro, mas é apenas um ponto de partida para todo o progresso desejado para a comunidade LGBTI+”, complementa. 

Foram avaliadas as práticas em cinco pilares fundamentais para a inclusão LGBTI+: políticas e documentos institucionais de não-discriminação; governança em diversidade e inclusão; educação para a diversidade LGBTI+; compromissos públicos e monitoramento da inclusão LGBTI+.

Para Keisha Williams, diretora do Programa de Igualdade no Trabalho da HRC, a pesquisa é um testemunho inspirador do compromisso com a igualdade e inclusão no local de trabalho por parte de empresas, aliados e da comunidade brasileira. “Esperamos continuar a construir esse sucesso e garantir que os ambientes de trabalho sejam um lugar seguro e afirmativo para todos e todas colaboradores(as)”,  afirma a executiva.

Abaixo, as 38 organizações que obtiveram a classificação de 100% no Índice de Melhores Lugares para  Pessoas LGTI+ Trabalharem:

  • 3M
  • Accenture
  • Adidas
  • Alcoa
  • Atento
  • Bain & Company
  • Basf
  • Becton Dickinson
  • C6 Bank
  • Carrefour
  • Chubb
  • CI&T
  • Corteva Agriscience
  • Cummins
  • Demarest Advogados
  • Flex
  • GE
  • Gerdau
  • J.P. Morgan
  • Kearney
  • Lexmark
  • Localiza
  • Mondelez
  • NielsenIQ
  • Novo Nordisk
  • Oracle
  • Philip Morris
  • Pricewaterhousecoopers
  • Renaissance São Paulo Hotel
  • SAP
  • Symrise Aromas e Fragrâncias
  • TE Connectivity
  • Thomson Reuters
  • TozziniFreire Advogados
  • Trench Rossi Watanabe
  • Veirano Advogados
  • Via
  • Yara Brasil Fertilizantes

O QUE AS EMPRESAS ESTÃO FAZENDO

As empresas participantes são, na maioria, organizações de grande porte, sendo que 80% delas têm sede no estado de São Paulo, seguido de 12% no Rio de Janeiro. Cerca de 72% contam com políticas de diversidade e inclusão (D&I) formalizadas, escritas, divulgadas e aplicadas no Brasil. Entre as empresas certificadas, a proporção chega a 89%.

Dessas, 81% levam em consideração a diversidade sexual (ou LGBTI+) e de gênero como um tema estratégico ou pilar estratégico do trabalho da organização.

Apenas 25% do total das empresas participantes contam com políticas de transição de gênero em vigor para seus (suas) colaboradores (as) trans. Entre as certificadas, esse percentual é de 32% e 16% estão em processo.

A pesquisa é um testemunho inspirador do compromisso com a igualdade e inclusão no local de trabalho.

Quase 100% das participantes tiveram, no ano de 2021, programas de educação, conscientização e treinamento sobre diversidade e inclusão que abrangiam as questões LGBTI+ e 82% realizaram programas de educação exclusivos sobre essas questões. Entre as empresas reconhecidas, o percentual foi de 87%.

Um pilar importante pilar para a avaliação foi a realização de compromissos públicos com a comunidade LGBTI+. Entre as empresas, 82% afirmaram ter realizado algum compromisso público. Já 72% das participantes e 82% das reconhecidas são signatárias do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+.

A pesquisa também identificou as melhores práticas realizadas pelas empresas:

- Documentos em português em organizações multinacionais;

- Número mais significativo de pessoas pretas e mulheres nos Comitês/Grupos de diversidade;

- Muitas empresas signatárias do Fórum de Empresas LGBTI+, que possui 10 compromissos públicos que são assinados pelo presidente da organização em exercício no país;

- Parcerias com organizações não governamentais focadas na temática LGBTI+, com maior impacto associado a projetos envolvendo pessoas trans;

- Muitas empresas têm realizado posicionamentos públicos contra retrocessos estabelecidos no país, a exemplo da PL no 504/2020 proposta pela deputada estadual Marta Costa (PSD) e Frederico d’Avila (PL), que tinha como a proposta proibir publicidades relacionadas à temática LGBTI+ de modo geral.

CONCLUSÕES DO ESTUDO

Para o estudo, o tema da educação e sensibilização é o que mais se destaca e está avançado no país. Há também bons sinais na adoção de políticas e práticas, compromissos públicos e uma boa governança do tema no país. 

Ainda há o desafio para a implementação de pesquisas e o monitoramento de dados relacionados ao tema, inclusive para as empresas certificadas (com maior foco em pesquisas quantitativas).

Outro desafio importante apresentado no estudo é o avanço das ações relacionadas à diversidade LGBTI+ para a cadeia de fornecedores da organização, que pode ser um tema a ser priorizado pelas empresas que estão mais avançadas na jornada.

Por fim, ainda são poucas as organizações que possuem uma política de Transição de Gênero, contribuindo efetivamente neste tópico. 


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