Pesquisa revela fator crucial para a felicidade e o bem-estar no trabalho

Estudo global aponta que transparência, previsibilidade e relações saudáveis entre colegas são pilares do engajamento no ambiente profissional

reunião alegre de colegas de trabalho
Crédito: Dimensions/ Getty Images

Minda Zetlin 3 minutos de leitura

Quando líderes tentam melhorar o bem-estar da equipe, normalmente pensam em trabalho remoto, horários flexíveis e benefícios de bem-estar, como academias. Mas a confiança pode ser o benefício mais valioso de todos.

Para garantir que os funcionários estejam felizes no trabalho e engajados em suas funções, a chave é fazer com que eles confiem na liderança, na organização e uns nos outros. Essa é a conclusão de uma meta-análise de 2024 que analisou estudos com mais de um milhão de participantes.

A meta-análise, conduzida por uma equipe internacional de pesquisadores liderados por Minxiang Zhao e Yixuan Li, do departamento de psicologia da Universidade Renmin, na China, examinou 132 estudos sobre confiança em diferentes países, somando ao todo mais de um milhão de participantes.

Os pesquisadores focaram em dois tipos de confiança, a interpessoal e a institucional – exatamente os dois tipos que aparecem no ambiente de trabalho. Eles concluíram que ambas se correlacionam com o bem-estar social, psicológico e, em menor escala, físico.

Se a confiança é tão importante, como ampliá-la? Diferentemente de outras iniciativas, não é possível decretar confiança nem exigir que funcionários confiem na liderança, na empresa ou entre si. Mas é possível criar uma cultura organizacional onde a confiança floresça. Aqui estão algumas formas de fazer isso.

1. Ser transparente

Se o chefe quer que os funcionários confiem no líder e na empresa, tratar todos de forma justa é essencial. Mas quase tão importante quanto isso é manter as pessoas informadas. É necessário encontrar um equilíbrio delicado entre compartilhar informações estratégicas e evitar o excesso de sigilo.

Sua mente está cheia de abas abertas? O preço disso é mais alto do que parece

Metade dos trabalhadores em uma pesquisa recente afirmou que a falta de informações sobre o que estava acontecendo em suas empresas era sua maior fonte de estresse. Vale lembrar disso antes de decidir ocultar más notícias.

2. Ser previsível

Anos atrás, um CEO conhecido por recuperar empresas em apuros disse que seus funcionários jamais deveriam ter que adivinhar como ele responderia a uma pergunta. Ele comunicava à equipe suas principais prioridades para que sempre pudessem prever o que ele diria – e nunca se desviava delas.

pessoa com cabeça  de estátua segura um laptop
Crédito: Olena Koliesnik/ iStock

Líderes como Elon Musk podem fascinar por suas mudanças bruscas de opinião. Mas confiamos mais em figuras como Warren Buffett, que repetem as mesmas convicções ano após ano. Quanto mais os funcionários puderem prever o que o líder vai fazer e dizer, mais fácil será confiar nele.

3. Dar um voto de confiança

Será difícil para o time confiar em um líder se, por exemplo, souberem que ele utiliza softwares para monitorar cada tecla digitada.

É verdade que confiar em funcionários pode gerar problemas no curto prazo, caso a confiança seja depositada na pessoa errada. Mas, no longo prazo, pesquisas mostram que organizações que confiam mais tendem a ter melhor desempenho, até mesmo em setores naturalmente desconfiados, como o varejo.

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Embora não seja difícil perceber rapidamente o custo da desonestidade quando ela acontece, nem sempre percebemos que nossa própria desconfiança também gera um custo elevado.

Se um funcionário tem sua bolsa revistada toda vez que sai do trabalho, não sentirá pela empresa o mesmo nível de confiança ou apreço que poderia sentir. E é natural que tente encontrar maneiras de driblar a vigilância.

4. Ajudar o time a confiar uns nos outros

Criar um clima de competição que coloca colegas uns contra os outros – especialmente por recompensas importantes, como bonificações – pode gerar ressentimento e desconfiança. Aqui, novamente, o ganho de curto prazo não compensa a perda de longo prazo.

Funcionários que confiam em seus colegas têm mais probabilidade de colaborar de forma eficaz. Também tendem a ser mais felizes e a permanecer mais tempo no emprego: boas relações no trabalho são, frequentemente, o maior fator que impede alguém de deixar a empresa.

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A liderança pode fortalecer essas relações ao incentivar a colaboração em projetos importantes e permitir que todos compartilhem igualmente o crédito. Também pode formar equipes entre diferentes áreas para que funcionários conheçam colegas fora de seu círculo mais próximo.

Além disso, qualquer oportunidade para socialização – encontros fora do expediente, ações comunitárias, eventos de integração – ajuda a construir vínculos e confiança.

Este texto foi publicado na Inc., da mesma empresa que publica a Fast Company. Leia o artigo original.


SOBRE A AUTORA

Minda Zetlin é editora associada da Inc. (publicação da mesma empresa que edita a Fast Company) e escreve sobre produtividade e carreira. saiba mais