Por que há tanta gente que não gosta da marca Uber

Estudo revela que passageiros se sentem traídos: andar de Uber era acessível e conveniente. Agora é só conveniente

Crédito: Tingey Injury Law Firm/ Unsplash

Redação Fast Company 3 minutos de leitura

Uma grande análise de sentimento do público, realizada com o auxílio de inteligência artificial, mostrou que a Uber está entre as marcas menos queridas pelos consumidores.

O estudo, realizado em 2021 pela agência de branding MBLM, analisou o uso de mais de 1,4 bilhão de palavras-chave em vários canais de mídia social para medir a conexão emocional dos consumidores com marcas conhecidas de 19 setores.

Desde abril, a agência vem divulgando gradualmente trechos de suas descobertas. Na semana passada, foram divulgados os resultados para empresas do setor de tecnologia e telecomunicações, incluindo a Uber.

Das 435 marcas analisadas, a Uber ficou em 421º lugar (à frente da linha de maquiagem de Kylie Jenner, Kylie Cosmetics). Entre as 26 empresas do grupo de tecnologia/ telecomunicações, a Uber ocupou o 23º lugar. 

O estudo classifica a conexão emocional dos consumidores com as marcas, usando uma pontuação que vai de 1 a 100 e que combina a intensidade, a prevalência e o caráter da relação entre consumidores e marcas, segundo a MBLM. Pontuação mais alta significa um “relacionamento emocional com a marca” mais intenso. A Uber marcou 18,7 de 100.

Mas por que a relação dos consumidores com o aplicativo anda tão balançada?

FIM DOS SUBSÍDIOS?

Há muitas razões. Embora o histórico de escândalos e de falta de privacidade da empresa provavelmente não ajude, o principal motivo é que todo o negócio foi construído segundo a lógica de fazer com que o consumidor mordesse a isca para, depois, tirar proveito disso.

O serviço é uma melhoria em relação aos táxis, com a promessa de tornar a vida um pouco mais conveniente e sem complicações para os passageiros. E, durante muitos anos, o serviço era relativamente barato.

o plano era deixar as pessoas tão viciadas na conveniência que, no futuro, aceitariam pagar mais por ela.

Isso porque, durante a maior parte da história da Uber, a empresa e seus patrocinadores de capital de risco subsidiaram o custo real de oferecer as corridas.  Só que o plano final, é claro, era deixar as pessoas tão viciadas nessa conveniência que, no futuro, elas aceitariam pagar preços mais altos por ela. 

Acontece que os subsídios são uma das grandes razões pelas quais a Uber tem tido dificuldade para alcançar a lucratividade. De fato, a empresa perdeu enormes quantias de dinheiro desde sua fundação em 2009, incluindo mais de US$ 30 bilhões desde que começou a tornar suas finanças públicas, em 2016.

A Uber também enfrentou grandes dificuldades durante a pandemia, pois a demanda por seu principal serviço de corrida despencou, forçando-a a depender muito mais do serviço de entrega Uber Eats para obter receita. De lá para cá, o negócio de passageiros se recuperou: no primeiro trimestre de 2022, a empresa surpreendeu os analistas com receita de US$ 6,9 bilhões.

Mas a conta dos subsídios chegou. É por isso que o custo das corridas do Uber vem subindo desde antes da pandemia. Os dados da Rakuten dizem que o preço médio da corrida aumentou 92% entre 2018 e 2021. A Bloomberg estima que os preços das corridas de Uber e Lyft aumentaram 45% de 2019 a 2022.

PREÇO DAS AÇÕES EM QUEDA

O estudo do MBLM descobriu que a principal palavra-chave que os consumidores usavam em relação à Uber era “conveniência”. Isso é compreensivelmente o que muitos motoristas podem dizer sobre a marca.

o preço médio da corrida de Uber aumentou 92% entre 2018 e 2021.

A conveniência e a praticidade são as mesmas, mas, em tempos de salários estagnados, aluguéis altos e inflação, as pessoas estão sendo solicitadas a pagar mais por uma corrida até o aeroporto. Naturalmente, isso destrói qualquer carinho pela marca. De certa forma, os clientes foram traídos pela empresa e por seus apoiadores de capital de risco.

Neste momento, os investidores também não nutrem os melhores sentimentos pela Uber. As ações da empresa chegaram a fechar a US$ 21,50, uma queda de mais de 50% em relação ao início do ano.

No setor de tecnologia e comunicação, a Apple ficou em primeiro lugar, com uma pontuação de familiaridade de 65,3, seguida por Sony e Android. A Apple ficou em terceiro no ranking geral, enquanto Sony ficou em quarto no geral e Android, em décimo lugar.

A marca Disney obteve o nível mais alto de familiaridade para os consumidores, dentre todas as empresas estudadas. A Tesla ficou em segundo lugar.

Com base em texto de Mark Sullivan.


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